O que é Taiwan e por que a ilha é estratégica para potências mundiais
Partido contrário à unificação da ilha com a China venceu a eleição presidencial neste sábado (13). Taiwan é o epicentro da mais recente crise entre Estados Unidos e China; entenda.
Por g1
Imagem aérea da cidade de Taipei, capital em Taiwan — Foto: Tyrone Siu/ Reuters
O partido governista de Taiwan, que é contrário à unificação da ilha com a China, venceu a eleição presidencial neste sábado (13).
Lai Ching-te será o novo presidente, e esse resultado tem uma grande importância não só para a pequena Taiwan, localizada a apenas 180 quilômetros da costa da China.
É que a ilha é o epicentro de uma tensa crise entre os Estados Unidos e a China. É um dos territórios mais indefinidos do atual cenário geopolítico mundial – e um dos mais estratégicos para potências mundiais.
Para a China, Taiwan é uma província rebelde que segue fazendo parte de seu território. Já para o governo de Taiwan, a ilha é um estado independente, gerido por uma Constituição própria, e por décadas foi considerada o próprio governo chinês, no exílio.
Isso porque os atuais governantes de Taiwan foram os inimigos derrotados pelos comunistas que governam atualmente a China (entenda mais abaixo).
Nessas eleições, o governo chinês tinha como favorito o candidato do principal partido da oposição, Kuomintang (KMT), Hou Yu-ih, que admitiu a derrota para Lai Ching-te.
Horas antes do começo da votação, a China fez ameaças abertas aos políticos a favor da independência de Taiwan: o governo chinês afirmou que vai tomar todas as ações para “esmagar” qualquer plano de independência e que isso não é compatível com a paz.
Lai Ching-te, presidente eleito de Taiwan — Foto: Ann Wang/Reuters
Entenda o conflito
Ex-colônia holandesa e controlada pelo Japão até a Segunda Guerra Mundial, Taiwan foi tomada pela China em 1945, diante da derrota dos japoneses na guerra.
Em dezembro de 1949, Chiang Kai-shek, derrotado, se refugiou em Taiwan com suas tropas e apoiadores. Lá, o líder nacionalista formou um governo próprio, chamado de China Nacionalista, que ele afirmava ser o verdadeiro governo chinês, e não a República Popular da China, comunista, que havia vencido e governa o país até hoje.
Ao longo das últimas décadas, no entanto, ambas as partes “estacionaram” suas causas: nem Pequim tentou invadir a ilha, nem Taipei seguiu adiante em seus planos de se tornar independente.
Mas essa estratégia mudou recentemente, desde que o atual presidente chinês, Xi Jinping, em busca da reeleição, voltou a endurecer o discurso contra Taiwan e retomou exercícios militares ao redor da ilha no último ano.
A postura coincidiu com a chegada ao poder, nos Estados Unidos, do democrata Joe Biden, que constantemente se manifesta a favor da independência de Taiwan, um assunto que seu antecessor, Donald Trump, quase não tocava.
Neste sábado (13), porém, após o resultado das eleições presidenciais, Joe Biden disse que os EUA não apoiam a independência da ilha.
Isso porque o governo chinês, além de aumentar os exercícios e provocações militares perto da ilha, também faz forte pressão para isolá-la do mundo: Pequim condiciona suas operações e relações com qualquer parceiro comercial à exclusão de qualquer tipo de vínculo com Taiwan, principalmente o reconhecimento da ilha como independente.