Bolsonaro e o planador Por Valter Nogueira
Por Valter Nogueira
O ex-presidente Jair Bolsonaro tem tudo a ver com um planador – aeronave sem motor, mais densa que o ar, com uma configuração aerodinâmica semelhante à de um avião, e que se mantém voando graças às correntes ascendentes na atmosfera. Por essa razão, precisa ser rebocado para alçar voo.
A certa altitude, o planador se solta do avião que o levou aos aires para, assim, navegar/plainar à mercê dos ventos. Um bom piloto sabe entender os sinais dos ventos, percebe a hora certa de descer, de iniciar a aterrissagem, sob pena de ser vítima de acidente fatal.
Bolsonaro não foi um e não seria nunca um bom piloto – lhe falta preparo! Ele não soube se sustentar no céu, pensou que o vento que soprava a seu favor era eterno; hoje, despenca em queda livre.
Na realidade, Bolsonaro nunca teve votos para vencer uma eleição de presidente da República – foi um deputado federal medíocre. A vitória em 2018 se deu por um complexo emaranhado de fatores, entre estes, a adesão, à época, da elite brasileira cansada do governo petista.
A propósito, no período pré-eleitoral do pleito de 2018, o então provável candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, aparecia como o preferido do eleitorado brasileiro, à frente de Bolsonaro em todas as pesquisas de opinião pública.
Aconteceu que Lula foi tornado inelegível, preso. Enfim, não pode disputar a eleição, deixando o caminho livre para o segundo colocado.
Bolsonaro, eleito, poderia – se tivesse cérebro – compreendido que o povo o conferiu uma chance de ouro. Mas, não! De forma contrária, se apresentou mostrando as garras, atitude típica daqueles que tentam impressionar/intimidar os outros com gritos e ameaças; tudo emoldurado com rompantes de psicopatia.
Bolsonaro passou quatro anos latindo e não mordeu ninguém – tipo cachorro vira lata. Foi lobo quando estava no poder; cordeirinho ao descer do trono. Fora do poder, a covardia do “mito” aflorou. Chegou a dizer que não estava bem quando atacou as urnas eletrônicas; que estava sob efeito de remédios.
Conselho
Há quem diga que quando uma pessoa tem um ídolo, é recomendável o admirar à distância. É que, ao chegar perto, poderá ver defeitos que, de longe, seria quase impossível percebê-los.
Resumo da ópera
Os mitos perdem o encanto quando se aproximam da realidade.