A COPROLALIA, DOENÇA DOS PALAVRÕES Por Rui Leitao
A COPROLALIA, DOENÇA DOS PALAVRÕES Por Rui Leitao
Quando criança, acompanhando meu pai numa ida ao aeroporto para aguardar a chegada de um governador do meu estado, tive um a surpresa que me deixou intrigado por muito tempo. Fiquei espantado ao ver aquela autoridade proferir um palavrão em público. Achei algo inadequado e desrespeitoso.
Depois, na vida adulta, compreendi que aquela era uma atitude normal. Afinal de contas, as autoridades são humanas e se comportam igual a todos nós. Menos quando isso se torna algo compulsivo, a permanente mania de falar palavras ofensivas ou socialmente inaceitáveis, em qualquer local ou em qualquer ocasião, até em solenidades oficiais. De vez em quando usar expressões fortes em momentos de grandes explosões emocionais ou de energia represada, pode ser considerado uma manifestação aceitável. Porém, proferir, em cada cinco palavras, três palavrões, passa a ser classificado como um comportamento doente ou de má educação.
E essa doença tem nome: coprolalia. É a tendência a proferir palavras obscenas ou fazer comentários socialmente depreciativos. O termo vocabular deriva do idioma grego “κόπρος”, que significa “objetos fecais” e “λαλία”, tagarela, conversa sem sentido. São palavras ou frases tidas como tabus sociais, xingamentos descontextualizados, repetindo palavras características de sua mente. Daí porque costumamos dizer que tais pessoas têm a “boca suja” porque contêm uma linguagem grosseira, despudorada, desbocada.
Não me acusem de puritano. Mas o exercício de determinados cargos relevantes exige o respeito a normas morais e éticas, o que chamamos de decoro, a forma correta de se portar, agir com dignidade e compostura. Tivemos um presidente da República que é repetitivo em proferir discursos utilizando um linguajar chulo, autoritário e desrespeitoso. Sem atributos intelectuais, apela para o baixo calão, num comportamento absolutamente incompatível como exercício da chefia de Estado ou de liderança política nacional. O mais incrível é que tem muita gente, inclusive muitos que vivem falsamente pregando moralidade e bons costumes, aplaudindo essa verborragia indecente que produz diariamente.
Numa reunião ministerial, tornada pública para todo o país, o que se via eram seus ministros o imitando e jorrando palavrões na emissão das opiniões e pareceres sobre assuntos que mereceriam ser encarados como importantes. A coprolalia não tem cura. O mais preocupante é que essa doença parece ser contagiosa.
www,reporteriedoferreira.com.br Rui Leitão- Advogado, jornalista, poeta, escritor