Os efeitos das inúmeras indefinições do bloco oposicionista ao prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), que busca a reeleição, é fator que contribue para o baixo redimento político na seara antagônica.
Na pré-campanha, e até mesmo quando a campanha foi realmente às ruas, cargas nocivas regadas às disputas internas nas legendas da oposição abalaram os alicerces dos seus candidatos.
Pondo uma visão no passado recente, o PL ficou desidratado na capital paraibana, quando o então pré-candidato à prefeitura pessoense, Nilvan Ferreira, foi guilhotinado da agremiação, forçando-o a deixar a legenda e buscar a disputa pelo Executivo em outra plaga, qual seja Santa Rita. O comunicador migrou para o Republicanos, levando toda sua densidade eleitoral para a cidade dos canaviais.
Não se sabe, realmente, quem de fato foi o mentor de tal estratégia harakiri. Mas certamente o presidente estadual da legenda, deputado federal Wellington Roberto; o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto efetivaram um compromisso com o ex-ministro da Saúde bolsonarista, Marcelo Queiroga, pouco conhecido na capital paraibana e sem qualquer DNA político.
Resultado: sua candidatura à prefeitura de João Pessoa é um copo de H2O. Inodoro, insípido e incolor. Sem sal e desprovido de sangue, em palidez anêmica e profunda.
Já o deputado federal Ruy Carneiro (Podemos), mesmo não sofrendo turbulências significativas advindas da sua agremiação partidária, ousou, convidando a perita criminal Amanda CSI (MDB) para ser sua vice.
É importante, aliás, mais que importante, a participação do sexo feminino no processo eleitoral, mas a aposta do parlamentar não foi assertiva por um simples motivo: a escolhida não tem cabedal político para animar o eleitorado.
A prova maior se deu nas eleições de 2022, quando Amanda CSI lançou sua candidatura para deputada federal. Resultado: não foi eleita. Passou longe, obtendo simplórios 12.085 votos. E sim: ela é qualificada em sua profissão e nas redes sociais. Possui milhares de seguidores, o que não quer dizer que códigos binários digitais se transformem em sufrágios.
Agora vem o Partido dos Trabalhadores completamente dividido. E o embate começou antes mesmo da pré-campanha. Duas alas se formaram. Uma estando à frente ex-governador Ricardo Coutinho, que defendeu e conseguiu, via Executiva Nacional da sigla, colocar o ex-prefeito e atual deputado estadual Luciano Cartaxo como postulante.
E outro agravante; emplacou uma chapa puro sangue, pondo sua esposa, Amanda Rodrigues, como vice. Ignorou o grupo político do ex-gestor a figura robusta da deputada estadual Cida Ramos, que recebeu a anuência do presidente estadual do PT, Jackson Macêdo, e figuras de proa como o ex-deputado federal Frei Anastácio, que hoje está como secretário da Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido do Governo da Paraíba.
É sabido, em tal lógica, que Ricardo Coutinho não quer a menor aproximação com o governador João Azevêdo (PSB), que, por sua vez, apóia Cícero Lucena. Resultado: o embate interno – nas vésperas das eleições – pois em terra a outrora combativa miitância petista. Ativa em outros tempos, cochila hoje em berço esplêndido.
Outro adendo: o presidente Lula, embora apareça no guia eleitoral “Cartaxiano” solicitando votos, seu apelo é meramente burocrático.
Lula está comprometido politicamente com o governador João Azevêdo (PSB), aliado de Lucena. Nesse prisma, o mandatário do país não nutre gosto absuluto em escolher um lado no campo de batalha. Ele flutua como um Zeppelin cuidadoso para não deixar descontete as partes envolvidas. Então, os que pensaram que o chefe do Executivo brasileiro iria transferir votos para Cartaxo, erraram de forma robusta.
A mesma “síndrome” ocorre com Marcelo Queiroga. Esperava ele ter o controle de sufrágios da direita e extrema direita, patrocinada pelas falas e trejeitos afetados de Bolsonaro. Mas não foi isso que aconteceu.
Agora vamos para o final da análise. Esses fatos mencionados estão inseridos em contexto maior, que a coluna vai abordar de forma subsequente. Mas já adianto, baseado na pesquisa do Instituto Quaest, que Cícero Lucena segue firme na liderança, havendo, inclusive, a possibilidade do jogo não ir para o segundo turno.
E se houver, é ele o favorito na disputa. Mas não se deve subestimar os adversários. Afinal, o jogo eleitoral não foi findado. Aposentar as sandálias da humildade, pondo-as no armário do esquecimento é um erro que não deve ser cometido.
www.reporteriedoferreira.com.br Por Eliabe Castor