A TENTATIVA DE DEMONIZAR A POLÍTICA Por Rui Leitao
A TENTATIVA DE DEMONIZAR A POLÍTICA
É um projeto globalizado da extrema direita. No Brasil tem se intensificado desde a eleição do presidente da República em 2018. Objetiva fazer com que o eleitor se transforme em integrante de torcida organizada, fugindo do debate sério dos verdadeiros temas de interesse da sociedade. Promovendo a alienação para que a elite continue usufruindo de privilégios e conquistando vantagens em detrimento dos que estão nas bases da pirâmide social. Tentando, a qualquer custo, convencer de que a política é impura e assim fazer desacreditar a democracia.
Os discursos de lideranças que se apresentam como messiânicas são proclamados no radicalismo, destilando o veneno da intolerância. Ao invés da discussão de ideias, planos de governos e projetos que atendam os graves problemas que nos atingem, preferem produzir manifestações agressivas considerando adversários como inimigos políticos, impondo a exclusão da voz dos oponentes. Em delírios fundamentalistas pregam o falso moralismo para conquistar a adesão dos incautos. Os sítios virtuais da internet são transformados em espaços para a difusão de pautas conservadoras, retrógradas e reacionárias, com o intuito de cercear o pleno acesso à cidadania para a maioria da população.
O negacionismo histórico é um eixo do projeto de poder da extrema direita. Um povo sem memória fica impossibilitado de reparar seus erros do passado. Mas é exatamente isso que pretendem. Os vocacionados para o autoritarismo costumam usar a lógica do esquecimento para o retorno das estruturas de violência e opressão. Nos últimos seis anos a extrema direita saiu do armário no Brasil, empunhando, sem qualquer acanhamento, as bandeiras do fascismo. Defendem atos golpistas e reverenciam a memória de torturadores como se fosse a coisa mais natural do mundo. O Congresso nacional está cheio desses tresloucados agentes políticos.
Recusam qualquer agenda de direitos. Fazem das casas legislativas e palanques eleitorais palcos para a hipervalorização de lideranças políticas em desfavor do fortalecimento das instituições democráticas. O culto ao personalismo contribui para que se estimule o processo degenerativo da democracia brasileira. Desprovidos de inteligência e formação cultural, empobrecem a vida política nacional, protagonizando espetáculos deprimentes e bizarros.
Se já estávamos assustados e preocupados com o que testemunhamos nesses seis últimos anos, eis que surge algo muito pior. A eleição para prefeito da cidade de São Paulo deste ano está pondo em evidência alguém que trabalha no sentido de alimentar a crescente deterioração do ambiente político brasileiro. O ex-coach age nos debates como um delinquente. Estrategicamente marcando sua postura por ofensas e provocações, sem apresentar propostas de governo, busca unicamente atrair a atenção do eleitorado mais á direita, disputando espaço, inclusive, com o ex-presidente.
Mesmo respondendo a mais de 100 ações na justiça, seu ingresso no embate eleitoral deste ano mexeu com o jogo. O que demonstra que estamos indo de mal a pior. Lamentavelmente. Comporta-se como aluno de primeiro grau que tem prazer em perturbar a tranquilidade no ambiente em que se faz presente. Sua psicopatia é caracterizada pelo egocentrismo e a ânsia em desrespeitar e violar o direito dos outros, usando da violência verbal para desestabilizar emocionalmente seus adversários. Não sabe fazer outra coisa. Temos agora um novo líder da extrema direita, muito mais perigoso do que o ex-presidente. O que nos leva a considerar que não havíamos ainda chegado ao fundo do poço. Envolto em escândalos, ele é a nova cara do fascismo brasileiro. Resta-nos a esperança de que essa doença da irresponsabilidade política não tenha contaminado tanta gente que possa ameaçar efetivamente a nossa democracia. Não é normal o que está acontecendo com a visão política de muitos brasileiros.
www.reporteriedoferreira.com.br Por Rui Leitão-advogado, jornalista, poeta, escritor