Diário de Heleno reforça plano de golpe de Estado
Reportagem da revista Veja revela um diário apreendido na casa do general Augusto Heleno com um roteiro detalhado dos procedimentos autoritários que deveriam ser tomados após um golpe de Estado, planejado pelos integrantes do governo Bolsonaro. Heleno é ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo passado.
O diário foi apreendido durante a Operação Tempus Veritatis, no início de fevereiro. A reportagem da Veja destaca que, entre os itens anotados, estava a prisão de delegados da Polícia Federal que “cumprissem ordens manifestamente ilegais”.
O “interessante”, pra não dizer pretensão autoritária, é que, na visão de Heleno, era ele quem definiria o que era “legal” ou “ilegal” – assim é muito fácil!
De acordo com as anotações, para não parecer atitude pessoal, própria de ditador visionário, a ideia era dar tal incumbência à Advocacia-Geral da União (AGU) – ideia descabida.
A AGU, por lei, é um órgão responsável pela representação, fiscalização e controle jurídicos da União, assim como pelo zelo do patrimônio público e a defesa de integrantes do governo federal em caso de acusações no âmbito de suas funções, algo sem qualquer relação com a atividade de controlar a legalidade ou ilegalidade de decisões tomadas pelo poder Judiciário.
A reportagem revela, também, que Heleno mantinha em seu poder dois documentos com nomes muito sugestivos relacionados à trama golpista que não se concretizou – graças a ação coerente e legalista do Exército Brasileiro. “Chegou a hora de salvar o Brasil” e “General Heleno” era os textos que apontavam uma imaginária fraude nas eleições de 2022 que seriam a desculpa para uma ruptura institucional.
General Freire Gomes
Outro fato, este mais recente, reforça a existência de uma “trama golpista” durante o governo Bolsonaro (PL), promovida pelo próprio ex-presidente, seus ministros e parte de integrantes das Forças Armadas. Trata-se do depoimento do ex-comandante do Exército no governo passado, general Marco Antônio Freire Gomes, sobre as reuniões para elaborar a chamada “minuta do golpe”.
As informações de Freire Gomes vão ao encontro (confirmam) do que disse o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Informações reveladas até o momento apontam que Freire Gomes teria dito à PF que presenciou os encontros sobre a formulação do documento golpista para cancelar as eleições de 2022 – pleito em que foi eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As informações sobre as reuniões continuam sob sigilo.
Arremate
Vale destacar que o general Freire Gomes não fala em “ouvi dizer” ou “alguém me falou sobre o assunto”. Não, definitivamente não! Ele afirma que presenciou os encontros em que foi tratado a formatação do documento golpista.