Rodrigo Maia, Marielle Franco e Alexandre de Moraes, nomes que aparecem nas possíveis espionagens da Abin
Reprodução/Agência Brasil/Montagem iG
Rodrigo Maia, Marielle Franco e Alexandre de Moraes, nomes que aparecem nas possíveis espionagens da Abin

A  Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou ilegalmente autoridades políticas entre 2019 e 2021, de acordo com investigações da Polícia Federal (PF). Nessa quinta-feira (25), uma operação de busca e apreensão da PF foi dirigida contra  Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor-geral da Abin à época das possíveis espionagens ilegais.

O esquema mirou opositores políticos de Jair Bolsonaro (PL), então presidente da República. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)  Alexandre de Moraes foi relator da decisão, divulgada nessa quinta, que expôs o esquema de espionagem na agência.

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Alguns nomes espionados foram revelados na decisão de Moraes, indicando que as ações ilegais ocorreram através da ferramenta  First Mile, equipamento obtido pela Abin para “monitoramento de dispositivos móveis, sem a necessidade de interferência e/ou ciência das operadoras de telefonia”.

A decisão de Moraes afirma que, segundo a PF, foram encontrados diálogos entre ex-servidores da Abin sobre “ações de inteligência” para ataques às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral.

“As supostas ‘ações de inteligência’ foram realizadas sob a gestão e responsabilidade de Alexandre Ramagem, conforme se depreende da interlocução entre Paulo Maurício e Paulo Magno [ex-gestores da Abin] tratando do ataque às urnas eletrônicas, elemento essencial da atuação das já conhecidas ‘milícias digitais'”, escreve.

Embora a lista possa ser muito maior, visto que o diretor-geral da PF, Andrei Passos, estima  30 mil pessoas espionadas cujos dados foram guardados em Israel – onde o software First Mile armazena seus arquivos –, alguns nomes monitorados foram divulgados; a maioria segue sob sigilo. Veja a lista abaixo.

Espionados

Promotora do Caso Marielle, Simone Sibilio.  Na decisão dessa quinta-feira, Moraes afirma que “ficou patente a instrumentalização da ABIN, para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava Anderson Gomes”.

Camilo Santana (PT), governador do Ceará à época e atual ministro da Educação. Paulo Magno, que geria o sistema First Mile, foi flagrado “pilotando um drone” próximo à residência de Santana.

Alexandre de Moraes, ministro do STF. Documentos encontrados tentam associar o ministro e outros parlamentares à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Gilmar Mendes, ministro do STF. “Houve a tentativa de vinculação” do ministro ao PCC.

Rodrigo Maia, então presidente da Câmara dos Deputados. Através da ferramenta First Mile, a Abin monitorou conversas de Maia.

Joice Hasselmann, à época deputada federal pelo Partido Social Liberal (PSL). Hasselmann, ex-aliada de Bolsonaro, teria sido espionada pela Abin após romper com o ex-presidente.

Possíveis beneficiados

Jair Renan Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro: a Abin foi utilizada para dar informações ao filho do então presidente sobre a investigação da PF sobre tráfico de influência. “Noutros termos, o presente evento corrobora a instrumentalização da ABIN para proveito pessoal. Neste caso o intento era fazer prova em benefício ao investigado Renan Bolsonaro”, diz a decisão de Moraes.

Flávio Bolsonaro (PL-RJ): A Abin preparou um relatório para auxiliar a defesa do senador no caso das Rachadinhas. “[…] relatórios para subsidiar a defesa do Senador Flávio Bolsonaro em caso que ficou conhecido como “Rachadinhas”, com o que o órgão central de inteligência teria sido empregado para finalidades alheias às institucionais”. O senador nega as acusações.