O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um ofício solicitando a lista de parlamentares cujos aparelhos de celular foram rastreados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro, período da qual foi presidida pelo atualmente deputado Delegado Ramagem, do PL-RJ. A decisão de solicitar os nomes se deu após a Globo News divulgar a apreensão, por parte da Polícia Federal, de um computador funcional da Abin na casa do vereador Carlos Bolsonaro (RJ), suspeito de ser o coordenador de um aparato paralelo de inteligência durante o governo de seu pai para espionar opositores. O aparelho estava com um de seus assessores, casado com uma funcionária da agência.

Carlos Bolsonaro é o segundo membro do círculo direto de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro a responder no inquérito da Abin paralela. Na semana anterior, uma operação de busca e apreensão da PF na casa do deputado Ramagem resultou na apreensão de um celular e um notebook, também pertencentes à agência. Desde a operação na casa de Ramagem, que parlamentares da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência pressionam por esclarecimentos sobre quais foram os alvos de rastreamento por parte do governo anterior. A principal preocupação diz respeito à aquisição da ferramenta First Mile, programa de rastreamento israelense de aparelhos celulares.

Ontem, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete e na residência do vereador fluminense Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e filiado ao Republicanos. Carlos é um dos alvos da Operação Vigilância Aproximada, que apura a montagem de um esquema de espionagem ilegal por parte da Abin com o propósito de beneficiar filhos e aliados de Bolsonaro. Assessores de Carlos também estão entre os investigados. As ações foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que na semana passada já havia determinado a realização de buscas e apreensões em endereços do deputado Alexandre Ramagem, que foi diretor-geral da Abin na gestão de Jair Bolsonaro e é acusado de ter montado uma espécie de “Abin paralela” durante a sua gestão. Entre os alvos da espionagem foram citados o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSD-RJ), a ex-deputada Joice Hasselmann (SP), o atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT-CE) e o próprio Moraes, bem como o ministro Gilmar Mendes, também do Supremo.

A PF apontou, ainda, que o órgão foi usado indevidamente para favorecer pelo menos dois filhos do ex-presidente: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jair Renan. A espionagem, segundo as investigações, dava-se por meio do software espião israelense de geolocalização FirstMile. Por meio dele, a Abin acompanhava os passos dos seus alvos, sem a devida autorização judicial.