Em contraste com ministro Queiroga, Barra Torres expõe na CPI divergências com Bolsonaro
O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, expôs nesta terça-feira (11), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, divergências com o presidente Jair Bolsonaro em relação a métodos de enfrentamento da pandemia do coronavírus.
Barra Torres é o quarto depoente da comissão de inquérito. Ele foi convocado a prestar esclarecimentos principalmente sobre a autorização de vacinas contra a Covid-19.
Durante a audiência, o chefe da Anvisa foi questionado sobre diversos comportamentos recentes do presidente da República — com quem disse ter “amizade” — relativos à pandemia, como aglomerações que provoca em eventos públicos e críticas à vacinação.
Barra Torres evitou envolver Bolsonaro nas respostas, mas evidenciou posição contrária às atitudes do presidente.
Ele chegou a demonstrar arrependimento por ter aparecido ao lado do presidente em uma manifestação pró-governo no início da pandemia, em março de 2020.
Questionado se compartilha do posicionamento do presidente contrário às medidas de distanciamento social e à utilização de máscara, Barra Torres ressaltou a “amizade” que mantém com Bolsonaro, mas disse que a conduta do presidente difere da dele.
“As manifestações que faço têm sido todas no sentido do que a ciência determina. Na última ‘live’ de que participei com o presidente, inclusive, permaneci o tempo todo de máscara, o que causou até uma certa estranheza por parte de alguns integrantes da imprensa. Então, são formas diferentes, de pessoas diferentes”, afirmou.
A atitude contrasta com o posicionamento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que, em depoimento à comissão na semana passada, evitou discordar do presidente em diversos temas – por esse motivo, senadores defendem que o ministro seja novamente convocado a falar à CPI.
Barra Torres está na Anvisa por indicação de Bolsonaro. O mandato dele na agência vai até o final de 2024.
Questionado pelo senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) sobre como reagiria diante da possibilidade de Bolsonaro ficar descontente com suas declarações à CPI, Barra Torres disse que não mudará de posição.
“Minha reação é continuar vivendo como sempre fiz. Não modifico absolutamente nada. Acho que as amizades existem para atravessar qualquer tipo de problema — se é que está havendo um tipo de problema. Da minha parte, não há o que ser mudado. Estamos trabalhando numa linha que parece ser adequada, e é nela que nós vamos continuar. Vou manter a minha conduta”, disse Barra Torres.
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