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A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) promoveu, nesta sexta-feira (23), o debate: Mulher com deficiência e feminismo – a luta por reconhecimento. A discussão foi proposta pela deputada Cida Ramos e contou com a participação mulheres que possuem algum tipo de deficiência, que discutiram os desafios profissionais, sociais e afetivos que enfrentam.

A roda de diálogo aconteceu de forma virtual e reuniu professoras, políticas, ativistas, donas de casa, entre outras. A deputada Cida Ramos destacou que o movimento feminista precisa se aproximar das mulheres com deficiência, pois trata-se de um caminho de mão dupla, que precisa se estreitar para que possam ser ecoadas as vozes que vêm de todos os municípios. A deputada avaliou que as mulheres com deficiência querem estar nas discussões, querem participar dos debates e ter voz nos movimentos feministas.

“Estamos fazendo história, estamos ocupando um espaço fundamental na história das pessoas com deficiência, que é o espaço da política, o espaço de discutir políticas públicas, pois a política é algo que interessa,  que diz respeito e que deve ser ocupada pelas mulheres e homens com deficiência e meu papel é o de trazer mais mulheres com deficiência para a política”, argumentou a deputada.

Cida acrescentou ainda que as verdadeiras limitações se encontram, na verdade, no poder público, na ausência de planejamento de uma cidade, de um estado e de um país, que acolha os deficientes. “O lugar da mulher, especialmente da mulher com deficiência, é onde ela quiser estar. A nossa deficiência não determina quem somos. Nós queremos uma João Pessoa e todos os municípios do estado acessíveis e inclusivos”, concluiu a deputada.

Em sua fala, a advogada Mércia Morais, membro da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB e coordenadora do Movimento de Mulheres com Deficiência da Paraíba (MUDE), defendeu a proteção às mulheres com deficiência, especialmente em relação ao assédio e violência. “Quando se é criança com deficiência, somos apenas crianças. A deficiência não aparece. Mas, quando crescemos, além das dificuldades enfrentadas por sermos mulheres, ainda precisamos lutar contra o preconceito a pessoas com deficiência”, disse.

Mércia revelou que, além dos desafios e limitações trazidos pela deficiência, ainda foi vítima de assédios e, através de seu trabalho, identificou essa realidade em outras mulheres e reforçou a importância de denunciar casos de violência. “Eu sofri muito assédio e, conversando com outras mulheres com deficiência, percebi que é uma realidade de todas. Alguns homens nos encaram como escravas. E, com essa situação prisioneira, muitas mulheres com deficiência sofrem, mas não conseguem denunciar”, revelou a advogada.

A presidenta do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência da Paraíba, Suzy Belarmino, destacou que o feminismo ainda não se apoderou das questões das mulheres com deficiência, ao mesmo tempo em que as mulheres com deficiência, por manterem o foco em suas lutas, não se aproximam do feminismo. Desta forma, na avaliação de Suzi, é necessário que as duas agendas de luta se unam para traçar políticas públicas em comum a ambas. “Precisamos de mais mulheres com deficiência no movimento feminista e que o movimento feminista chegue até nós também”, sugeriu a presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência da Paraíba.

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