O DIA DE HOJE HÁ 50 ANOS: Por Gilvan de Brito
O DIA DE HOJE HÁ 50 ANOS: Por Gilvan de Brito
“Tanto riso/ Oh, quanta alegria/ Mais de mil palhaços no salão/ Arlequim está chorando/ Pelo amor da Colombina/ No meio da multidão.”
Então acordo-me, sentado numa das fileiras da quadra de esportes do Esporte Clube Cabo Branco, lotada de foliões, cada um com uma fantasia mais colorida. O cheiro de lança-perfume está no ar, juntamente com o som da música Máscara-Negra, cantada por milhares de pessoas, circulando no dancing improvisado da quadra.
“Foi bom te ver outra vez/ Tá fazendo um ano/ Foi no Carnaval que passou/ Eu sou aquele Pìerrrot, que te abraçou, que te beijou/ Meu amor.”
O som aprimorado da Orquestra Tabajara, com Severino Araújo à frente, de costa para o público, dançando sem parar, regendo e ás vezes tocando clarineta, contagia a todos. A voz da cantora, firme, forte tirando os acordes com precisão, olho para o centro do dancing, identifico várias pessoas da sociedade local.
“A mesma máscara-negra/ que esconde o teu rosto/ Eu quero matar a saudade/ Vou beijar-te agora \não me leve a mal/ Pois é Carnaval/ Vou beijar-te agora \não me leve a mal/ Pois é Carnaval.”
Chamo a mulher e desço para o dancing, misturando-me aos foliões e circulando com aquele bloco alegre, que todos os anos encontra-se naquele mesmo local, comemorando os dias de Momo. Sinto um fio de gelo percorrendo às minhas costas. Olho e vejo um amigo espargindo sua lança perfume. Retribuo com um jato do líquido da minha lança perfume Rodouro, gelado no seu peito, rimos e seguimos em frente. Então a orquestra de Severino Araújo, a um sinal feito no ar, dá um breque e muda parta outra Marcha Rancho, desta vez a música “Turbilhão”, de Moacir Franco. Os foliões aplaudem e começam a cantar a nova música:
“A gente brinca escondendo a dor/ E a fantasia do meu ideal/ É você, meu amor/ Sopraram cinzas no meu coração/ Tocou silêncio em todos clarins/ Caiu a máscara da ilusão dos Pierrots e Arlequins/ Vê colombinas azuis a sorrir laiá./ Vê serpentinas na luz reluzir/ Vê os confetes do pranto no olhar/ Desses palhaços dançando no ar/ Vê multidão colorida a gritar lará/ Vê turbilhão dessa vida passar/ Vê os delírios dos gritos de amor/ Nessa orgia de som e de dor”.
Então acordo-me, triste e saudoso dos velhos tempos que não voltarão jamais,, quando éramos felizes e não sabíamos. Quem conheceu, sabe”!
www.reporteriedoferreira.com.br Por Gilvan de Brito, Jornalista,advogado e escritor