A TRISTE ROTINA DA COVID: Escrito Por Gilvan de Brito
A TRISTE ROTINA DA COVID: Escrito Por Gilvan de Brito
Acordo a que horas não sei, porque o quarto não tem luz (por costume). E então fico pensando: será manhã, tarde ou noite? Não dá para saber. Vou tentando acostumar o olhar no lusco-fusco do ambiente para tentar conhecer as horas: são sete horas, vejo no decodificador da TV. Aí então vem mais uma indagação: da manhã ou da noite? E o pensamento continua a mil por hora, perguntando-me coisas que não posso responder. Só uma coisa é certa: preciso me levantar par matar a charada daquele dia. Será mesmos dia ou já começou a noite? Continuo sem saber de nada.
Então sinto que estou na cama, e isso é bom, porque eu começo a dormir na rede e depois da hora do mijo, lá pelas 4 da madrugada, eu passo para a cama. Mas as vezes acontece o contrário, começo pela cama. Então fico na mesma: manhã ou noite. E então vem o som do liquidificador em movimento e o gosto da abacatada obrigatória da hora do café toma conta do sabor na abobada palatina. Ah, então devemos estar pela manhã, hora, do meu abacate que tomo um copázio desde criança e o que acredito, me faz ter vida longa.
Com essa conclusão a meio caminho, levanto-me, corro para o computador, como faço todos os dias, para iniciar o expediente matinal (são doze a quinze horas por dia em três turnos). Já estou diante do computador ligando a máquina, quando chega a abacatada para por as ideias no lugar. Vou tomando a vitamina enquanto leio as manchetes da Folha de São Paulo para tomar conta do dia, no Brasil e no mundo. Paraíba, nem pensar. Paraíba só pelo Face para saber quem está vivo e quem morreu, ou para escrever essas garatujas que eu posto quase que diariamente. Então a primeira manchete: mortos pela Covid, mil e tarará. E então vem logo à mente: cadê o ministro da Saúde? General cuida da estupidez da guerra, mas quando a guerra tem um inimigo oculto, é hora do comando da inteligência civil.
“Segunda manchete: Justiça condena 19 militares por fraudes em licitações que envolveram festa em motel”, parecendo um retorno à ditadura, só que desta vez eles não podem esconder quando se vive numa democracia. Terceira manchete: “Proposta de reforma tributária do governo tem cheiro de naftalina!” Então, dá para ver que “Tudo como dantes, no quartel de Abrantes, como diziam os portugueses ante o esperado ataque de Napoleão. Numa hora de terra arrasada, pois, como esta que nos acomete, precisamos d e um governante capaz de pensar num pós-pandemia. Basta de manchetes, vou mesmo dar continuidade às minhas memórias, que estou escrevendo.
www.reporteriedoferreira.com.br Por Gilvan de Brito- Jornalista-advogado e escritor.