A JUSTIÇA NO COMBATE AO GOLPISMO Por Rui Leitao
A JUSTIÇA NO COMBATE AO GOLPISMO Por Rui Leitao
Na próxima terça-feira terá início, no Supremo Tribunal Federal (STF), o que já vem sendo chamado de “julgamento do século”. O ex-presidente Jair Bolsonaro e sete ex-integrantes de seu governo, acusados pela Procuradoria-Geral da República de planejar um golpe de Estado entre 2022 e 2023, responderão à Ação Penal 2668.
Entre os réus estão quatro oficiais-generais, inclusive o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, e três generais do Exército — Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto. Eles são acusados de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, participação em organização criminosa armada e dano ao patrimônio público.
O julgamento não tem precedentes na história constitucional brasileira. Diferentemente de momentos anteriores, em que crimes dessa natureza foram tratados com anistias ou discursos de pacificação, há sinais de que o desfecho, agora, será outro.
O caso ganhou repercussão internacional. A revista britânica The Economist dedicou sua capa a Bolsonaro, retratado com as cores do Brasil e um chapéu semelhante ao do “viking do Capitólio”. A publicação comparou o episódio brasileiro com a tentativa de Trump de reverter sua derrota em 2020, ressaltando que, enquanto a Suprema Corte dos EUA garantiu imunidade ao ex-presidente, no Brasil Bolsonaro enfrenta acusações formais.
Para a revista, o país se tornou “um caso de teste de como as nações se recuperam de uma febre populista” e o STF foi classificado como “guardião da democracia brasileira”. No editorial, a conclusão é direta: “Pelo menos temporariamente, o papel do adulto democrático do hemisfério ocidental mudou para o sul.”
Estamos diante de um julgamento histórico. Mais do que punir culpados, ele reafirmará que, no Brasil, a democracia não é negociável.
www.reporteriedoferreira.com.br /Rui Leitão- advogado, jornalista, poeta, escritor



