O importante Festaruanda Por Sérgio Botelho
O importante Festaruanda
Sérgio Botelho
– Neste sábado, 7, fomos ao 19º Festaruanda (governo estadual, Energisa, Itaú, Canal Brasil, organizado pelo professor Lúcio Vilar com apoio da UFPB) que acontece no Cinépolis do Manaíra Shopping. Apresentado de forma espontânea, mas segura, pelo jornalista Jãmarri Nogueira, pudemos assistir a dois curtas e um longa bem representativos do bom nível do evento, como já vem acontecendo desde a sua primeira versão.
O primeiro curta, “A Voz de Guadakan”, em estilo documental, é dirigido por Joel Pizzini, que explora o universo criativo de Gleycielli Nonato, a primeira escritora indígena de Mato Grosso do Sul. Ambientado às margens do Rio Taquari, o filme apresenta Gleycielli e sua mãe, Maria Agripina, na luta para preservar a memória milenar da Nação Guató. Um belo resgate das ancestralidades brasileiras.
O segundo curta apresentado, motivo maior de nossa ida ao Cinépolis, foi Ladeira Abaixo, rodado em Cuité, na Paraíba, terra do diretor Ismael Moura. A produção conta com a participação de atores como Titina Medeiros, Solana Bandeira e Fernando Teixeira.
“Ladeira Abaixo” acaba sendo uma narrativa existencial que explora tensões entre liberdade e destino, autenticidade e inautenticidade, queda e redenção. Ao retratar personagens presos em lutas pessoais e dilemas morais, o filme sugere que mesmo em uma descida aparentemente inevitável, há espaço para confrontar o desespero e buscar sentido na travessia.
Enfim, o longa “Manas”, drama brasileiro de 2024, dirigido por Marianna Brennand, que aborda de forma sensível e impactante a realidade de abusos sexuais sofridos por meninas em comunidades ribeirinhas da Ilha de Marajó, no Pará. O filme acompanha Marcielle, conhecida como Tielle, jovem de 13 anos que, ao amadurecer, confronta a violência que permeia sua família e a comunidade.
O filme é uma crítica contundente às estruturas patriarcais que perpetuam a violência contra meninas e mulheres em contextos socioeconômicos vulneráveis, como comunidades ribeirinhas no Brasil. Uma obra profundamente feminista que denuncia a violência de gênero, enaltece a resistência, a sororidade e a chance de transformação social.
O Festaruanda, mais que uma mostra de cinema, virou plataforma de memória e futuro para o audiovisual brasileiro.
Na imagem, cena com as atrizes Titina Medeiros e Solana Bandeira, em Ladeira Abaixo.
www.reporteriedoferreira.com.br Por Sérgio Botelho- Jornalista, poeta, escritor