OS ABOMINÁVEIS BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE: Escrito Por Gilvan de Brito
OS ABOMINÁVEIS BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE: Escrito Por Gilvan de Brito
Não tem jeito de me acostumar com esse fidalgo tratamento, entre repórteres, na TV, durante a apuração dos fatos sobre o Covid 19, a todo momento. Depois da generosidade na troca de diálogos, vem o noticiário: “ Em Nova Iorque, são 20 mil mortos; no país já faleceram cem mil. Os corpos estão sendo sepultados em valas comuns por falta de covas nos cemitérios”. Enquanto isso a imagem da tela vai mostrando um trator empilhando caixões e outro ampliando uma vala para o sepultamento comum.
Noutras imagens pessoas contaminadas, nas Uti`s, dos hospitais, e a informação de que os médicos estão escolhendo aqueles que vão morrer primeiro, naquele dia, com preferência para os mais idosos para abrirem vagas destinadas aos mais jovens. E ainda, pessoas pranteando seus familiares. É de cortar coração. São cenas horrorosas, mas indispensáveis, porque é assim que se faz reportagens, mostrando a realidade dos fatos em tempo real.
Quem não quiser sofrer que desligue a TV. Para mim, como jornalista, tudo bem, é assim que se trabalha; só não gosto do bom dia, boa tarde e boa noite sem ter nada de bom para mostrar logo em seguida. Mas, o pior de tudo, é a indisciplina do povo, mostrada seguidamente, que não segue a orientação da Organização Mundial de Saúde, a OMS, e do ministério da Saúde que imploram pelo retraimento das pessoas, nas suas casas, para não retransmitirem o vírus.
E merece registro, também, a impertinência e a insolência do comportamento do presidente da República, abraçando, coçando o nariz e apertando as mãos das pessoas, nas ruas de Brasília, uma cidade que se encontra entre as mais contaminadas do país. Isso tudo levou o ministro da Saúde, Mandeta, a desabafar, com ódio: “Assim não dá, o povo já não sabe mais em quem confiar: se no Ministro, que pede a quarentena, ou o Presidente, que orienta pela saída das pessoas, de suas casas. Numa hora destas acredito que o povo brasileiro – lúcido – já imaginou quem tem razão. É só ouvir os “Panelaços”.