Análise: Opinião/RedeMais e os fatores novos no tabuleiro de João Pessoa
As sementes administrativas lançadas pelo prefeito Cícero Lucena (PP) começam a gerar frutos positivos. Para a gestão e para o pré-candidato à reeleição. Os números da pesquisa do Instituto Opinião, contratada pela Rede Mais, materializaram o que estava, até então, no campo das impressões.
A aprovação de gestão do prefeito foi a 58,7% na pergunta direta “aprova ou reprova” e Lucena alcançou 33,3% no cenário estimulado mais provável. Uma sensível recuperação ao fim do ano para quem começou 2023 debaixo de desgastes, tentativas frustradas e polêmicas conceituais. Recuar em todas elas foi a saída honrosa e, agora se vê, também assertiva.
Contribuiu para essa ‘recuperação’ a decisão de se lançar aos bairros com contato direto e entrega de serviços, principalmente pavimentação de ruas. Na soma, a renovação da estratégica aliança com o governador João Azevêdo, a parceria que deu a viabilidade do regresso de Cícero à vida pública. O fantasma da candidatura própria do PSB foi exorcizado e superada a dissidência que teria potencial para fragilizar o projeto de reeleição.
Afora a reação do prefeito, os dados da Opinião/Rede Mais trouxeram um elemento tão novo quanto instigante ao debate eleitoral da capital. A disputa equilibrada pela segunda colocação e a projeção de quem brigará com o prefeito pela vaga no segundo turno desafiam Ruy Carneiro (Pode) e Nilvan Ferreira (PL), que já estiveram melhor, e Luciano Cartaxo (PT), este em franca ascensão na luta interna do PT com Cida Ramos e para fora na faixa do eleitorado oposicionista.
O desempenho de Ruy precisa ser reavaliado pela sua estratégia política. Ele sofreu pequena desidratação em consequência da reação do prefeito. Assíduo em eventos e no cotidiano da cidade, Carneiro tem a favor o bônus de uma baixa rejeição e espaço para crescimento. O mesmo não se pode dizer de Nilvan, cuja rejeição está na casa dos 25% e sua perfomance prejudicada pela confusão no PL e no bolsonarismo com Marcelo Queiroga (PL), a falta da vitrine da TV e de um partido expressivo.
Nenhum dos três, todavia, pode ser subestimado. O que vai fazer a diferença entre um e outro é a capacidade de aglutinação, de costuras de coligação partidária e a sensibilidade para captar o sentimento do eleitor de oposição. Uma briga que Cícero deverá assistir à distância e aproveitar para tentar avançar, enquanto os adversários se distraem entre si numa rinha à parte.