PINTO DO ACORDEON – O SANFONEIRO RAIZ; Rui Leitao

Publicado no jornal A UNIÃO edição de hoje

PINTO DO ACORDEON – O SANFONEIRO RAIZ

Francisco Pereira de Lima, paraibano nascido em 18 de novembro de 1948, na cidade de Conceição, adotou em vida o nome artístico de Pinto do Acordeon. Era um artista completo, instrumentista, compositor, cantor e exímio contador de causos. Desde a infância se interessou pela música, quando já morava em Patos, cidade que o adotou como filho. No entanto, seu primeiro instrumento não foi o acordeon, mas sim a tuba, ao tempo em que fazia parte da banda de música municipal. Mas, também, tocou pandeiro, antes de se tornar o grande sanfoneiro que o Brasil conheceu. Segundo ele próprio relata: “Eu tocava uma sanfona emprestada durante a noite, enquanto o dono da sanfona que estava hospedado na casa do meu pai estava a dormir”.

Passou a ser conhecido a partir das apresentações integrando a trupe de Luiz Gonzaga. Daí em diante iniciou sua brilhante carreira artística, tornando-se um ícone da música regional. Gravou seu primeiro LP solo em 1976, quando lançou a canção “Arte Culinária”, em parceria com Lindolfo Barbosa, e que fez grande sucesso com o Trio Nordestino. Em seguida, gravou outros LPs: “As Filhas da Viúva”, em 1980, “O Rei do Forró Sou Eu”, em 1994, além dos CDs: 20 anos de estrada, De língua, Forró Cocota, Me botando pra roer, Projeto divino, Eco nordeste, Vem viver essa paixão, Deixa o dia clarear; Sertanejo, entre outros. Ao longo de sua carreira compôs 280 obras e gravou 486 músicas de vários compositores, dentre eles Genival Lacerda, Trio Nordestino, Os 3 do Nordeste, Fagner, Dominguinhos e Elba Ramalho. A canção “Neném Mulher”, uma das trilhas da novela “Tiêta”, da Rede Globo de Televisão, fez enorme sucesso nacional, em 1989.
Em 2008, se apresentou no grande Festival de Montreux, na Suíça, junto com outros artistas brasileiros, entre os quais Gilberto Gil, Elba, Milton Nascimento, Chico César, Flávio José e outros. A história de sua vida artística está narrada no documentário “O Brasil da Sanfona”, produzido pelo cineasta Sergio Rozemblit, com depoimentos de mais de 50 sanfoneiros. Foi também biografado pelo pesquisador do forró, desembargador Onaldo Rocha de Queiroga, no livro “Por Amor ao Forró – Pinto do Acordeon”. Durante o ano de 2010 apresentou na Rádio Tabanajara FM, o programa “Humor e Forró, com Pinto e Piancó”. Atuou, também na política como vereador eleito em João Pessoa, para o mandato de 1993 e 1997. Em setembro de 2019, a Secretaria de Estado da Cultura lhe concedeu o título de “Mestre das Artes Canhoto da Paraíba”.

Declarava que sempre se espelhou em Luis Gonzaga, de quem ouviu a afirmação: “Se não tiver a voz de vaqueiro, não tem voz apropriada para cantar forró”. E contava como viu pela primeira vez o famoso Rei do Baião. ”Quando ele foi tocar em Conceição, a primeira vez, ele estava se apresentando em um Grupo Escolar, e a gente moleque tudo em cima do telhado das casas, para assistir ele, não se tinha dinheiro para pagar. Foi quando Gonzaga disse lá do palco, – Olhe molecada vocês tudinho aí, amanhã vai ter um show de graça em praça pública, vou tocar no meio da rua para vocês que não tem condições de pagar”.
Morreu em 21 de julho de 2020, aos 72 anos, no Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo, vitimado por um câncer de bexiga, problemas renais e diabetes. Nos últimos anos de vida teve que amputar uma das pernas, mas nunca perdeu seu espírito alegre, sempre bem humorado e compondo as canções que formaram a sua admirável obra artística. Na homenagem póstuma que lhe prestou, seu biógrafo Onaldo de Queiroga, afirmou: “Pinto não se foi. Ele estará sempre presente nas lembranças de suas canções, seus causos, sua alegria, seu humor contagiante, sua sanfona, sua voz forte de um sertanejo, nas letras abordando temas diversos e na amizade que se eterniza. Um artista diferenciado e um dos mais autênticos herdeiros musicais do Rei do Baião. Um amigo na essência da palavra. Como ele costumava dizer : o artista nunca morre e na sua cova nascerá um pé de flor. Deus esteja com você”.

www.reporteriedoferreira.com.br   Rui Leitão- advogado, jornalista, poeta, escritor




Indivíduos encapuzados e armados executam ” Pinto ” no interior de sua casa em Bayeux.

Daniel Soares da Silva, de 24 anos, cognominado de  “Pinto”, foi executado com vários tiros  dentro de casa, na noite desta quarta-feira (6), na comunidade da rua do Cano, no bairro da Imaculada, em Bayeux ,Região Metropolitana de João Pessoa.

No local do crime reina silêncio, testemunhas se esquivam em falar temendo represália,  a polícia continua investigando. Há informações de que a vítima teve a casa invadida por pelo menos dois indivíduos encapuzados e armados, ” Pinto ”  ainda tentou correr mas foi morto com vários tiros dentro do banheiro da residência.

No entanto, a polícia não conseguiu apurar até o momento se Daniel tinha algum envolvimento com eventuais delitos ou se já tinha passagem pela polícia.

www.reportriedoferreira.com.br