PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. De Parahyba a João Pessoa

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Foto- Teatro Santa Rosa
PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. De Parahyba a João Pessoa
Sérgio Botelho – No dia 1º de setembro de 1930, uma segunda-feira, perante assistência a lotar completamente o Teatro Santa Roza, os deputados estaduais paraibanos aprovaram projeto de lei mudando, de Parahyba para João Pessoa, o nome da capital do estado. No palco, os parlamentares, todos de pé. “Grupos de moças lindíssimas (sic) se colocaram ao lado dos deputados que entraram a ser aplaudidos pela assistência”, conforme descreveu matéria de A União, na edição da terça-feira, 02 de setembro de 1930.
Aprovação unânime. Antes disso, em 31 de agosto, um domingo, após manchetes diárias de A União, desde que o presidente João Pessoa fora assassinado, em 26 de julho daquele ano, uma autêntica procissão conduziu um retrato do governante assassinado entre a Escola Normal, na Praça João Pessoa, até o Clube Astrea, na Duque de Caxias. Na ocasião, “o povo de cabeça descoberta, no mais absoluto respeito, caminhava pelas ruas da cidade cantando o Bendito do Civismo que é o Hino da Pátria.
Era como se ali fosse a imagem de um santo levado em procissão nos braços dos fiéis”, narrava a emocionada reportagem de A União da terça-feira, 2. Para o dia 4 de setembro, ficou reservada a sanção governamental ao projeto aprovado, legalizando em definitivo a mudança do nome da capital. Estava no exercício do cargo o que fora vice de João Pessoa, Álvaro Pereira de Carvalho (1885-1952), que só duraria no posto até 4 de outubro daquele ano, quando abandonou a política e foi morar em Santos (SP), substituído por José Américo de Almeida, designado pelo movimento vitorioso.
“Nenhuma homenagem de maior significação cívica poderia ser prestada ao grande mártir da democracia, ao eminente estadista vítima do ódio dos políticos desalmados do que dar à capital do seu Estado o nome do maior vulto dos nossos dias”, rezava a matéria de A União, a anunciar a sanção. Na hora, perante assistência que lotava o Palácio, “uma senhorinha entregou ao presidente Álvaro de Carvalho uma caneta de ouro adquirida pelo povo para que s. exc. assinasse a lei de mudança do nome da capital”, relatou A União, do dia 5. Foi assim.
Teatro Santa Roza, onde aconteceu a sessão da Assembleia Legislativa que mudou o nome da capital.
Por Sérgio Botelho- Jornalista, poeta, escritor.



PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Jardim Tambauzinho; Sérgio Botelho

 

Pode ser uma imagem de aeronave e a texto

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Jardim Tambauzinho mSérgio Botelho
– Encontrei nesses dias significativa notícia de jornal a servir de testemunha sobre nossa evolução urbana. Na edição de 21 de outubro de 1952, de A União, sob o título “A Cidade Sobe”, uma nota festejou o crescimento da urbe pessoense na direção do Leste “em busca da brisa solta e das paisagens mais amplas da orla litorânea”, segundo o texto, sob a responsabilidade do próprio jornal.
A notícia tratava do loteamento do “futuro Jardim Tambauzinho”, conduzido pelo governo paraibano, a quem o sítio pertencia, por meio do Banco do Estado, tendo sido “grande o interesse despertado junto aos proprietários em adquirir um terreno naquele setor da urbe, para edificação de uma casa residencial, num ponto que mais tarde será considerado o melhor de toda a cidade”, considerava o texto, realçando também o fato de já terem sido vendidos 700 dos 1.200 terrenos do loteamento. Apesar de firmada entre as décadas de 1920 e 1930, apenas com a sua pavimentação, naquele início da década de 1950, é que a Epitácio Pessoa passou a significar, mais efetivamente, a ampliação da capital paraibana no rumo do mar (lembrem-se que a cidade foi inaugurada cerca de 350 anos antes disso).
Na área em que hoje se encontra Tambauzinho, conhecida como Imbiribeira, funcionava o Campo de Aviação, justamente, como sugere a denominação, onde baixavam aeronaves com destino a João Pessoa. Também na década de 1950 é que foi construído, na região, o I Grupamento de Engenharia, no terreno onde funcionara a Escola Agropecuária da Imbiribeira.
Naquele momento, em ponto mais à frente, na Epitácio, o Montepio do Estado e a Caixa Econômica estavam construindo o Jardim Miramar, o destacado bairro que hoje representa uma das áreas mais nobres, do ponto de vista arquitetônico e de valor em dinheiro por m², então, um pretenso, depois consolidado, conjunto habitacional. Em marcha batida, a cidade se expandia rumo às praias. Hoje, Tambauzinho e Miramar são, apesar da importância de ambos, apenas partes da imensidão que representa o Leste pessoense e suas muito vastas adjacências.
Na foto, o Campo de Aviação da Imbiribeira, parcela da hoje Tambauzinho.
www.reporteriedoferreira.com.br Por Sérgio Botelho, jornalista, poeta, escritor.



PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS; Tribunal de Justiça

  1. PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Tribunal de Justiça: um edifício envolto em singulares brisas históricas Por
Sérgio Botelho
– O belíssimo e icônico prédio da foto, que atualmente passa por restaurações providenciadas pelo governo do Estado, é onde funciona o outrora errante Tribunal de Justiça da Paraíba. (A União deste domingo, 25, registra visita do governador João Azevedo às obras, junto a detalhada matéria sobre lances históricos da instituição). Está localizado na Praça João Pessoa, ainda Praça Comendador Felizardo no instante em que aconteceu a entrega da construção, em 1919.
Contudo, sua destinação inicial não foi o de servir como Palácio da Justiça, mas sim cumprir a função de Escola Normal. E foi o que aconteceu por 20 anos. A praça tinha então como adornos externos além da nova sede da Escola Normal, o prédio do Palácio do Governo, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (depois demolida no governo João Pessoa), o prédio do Lyceu (hoje, Faculdade de Direito), e na altura da Praça 1817 os fundos da vetusta Igreja de Nossa Senhora das Mercês dos Pretos e Pardos, um dia extinta da paisagem em favor da mobilidade urbana pessoense, segundo argumentos bastante contestados à época.
Não existia ainda, naquele tempo, o antigo prédio do jornal A União, somente construído em 1933, para depois ser derrubado em 1970, cedendo o lugar ao modernoso prédio onde funciona a Assembleia Legislativa da Paraíba, debaixo também, assim como fora o caso das Mercês, de muito questionamento até hoje. Então, em 1939, com a transferência da Escola Normal para os espaços que se iam edificando a partir do novo prédio do Lyceu, na Avenida Getúlio Vargas, inaugurado em 1937, instalou-se ali o Tribunal da Justiça da Paraíba, que havia sido criado com o advento da República, no governo Venâncio Neiva. A título de curiosidade, até agora citamos três instituições importantes da República, na Paraíba, no caso Tribunal de Justiça, Escola Normal e Assembleia Legislativa, que têm em comum a sina de terem perambulado por ruas e prédios da capital, até se acomodarem em definitivo nos prédios onde presentemente cumprem seus objetivos.
O Tribunal, em certos períodos, operou a Justiça até em casas alugadas de particulares. Uma saga. Segundo breve descrição do ipatrimônio, sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP), o prédio do TJ é composto de dois pavimentos, com uma área em torno de 892 m². A construção passou por três reformas, o que acarretou a perda de algumas de suas características arquitetônicas, no ambiente interno, de estilo neoclássico. Em 23 de maio de 1965 foi construído, no ambiente interno do Tribunal, o Museu e Cripta de Epitácio Pessoa, para onde acabaram transferidos os corpos do ex-presidente da República, paraibano de Umbuzeiro, Epitácio Pessoa, e de sua esposa carioca, Mary Sayão Pessoa. Por todo o descrito, um edifício envolto em singulares brisas históricas.
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  1. Por
Sérgio Botelho- Jornalista, poeta e escritor.



PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Lyceu Paraibano Por Sérgio Botêlho

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Lyceu Paraibano
Por Sérgio Botêlho –
Das instituições públicas oriundas ainda da época do Império, na capital paraibana, uma das que permanecem é o Lyceu Paraibano. Começou em 1836 (aliás, para quem não sabia, um ano antes que o Colégio Pedro II, no Rio) como Lyceu Provincial da Parahyba, no prédio que abrigava a Assembleia Legislativa Provincial e a Tesouraria da Fazenda, na atual Praça Rio Branco.
Na sequência, já com 120 alunos, ocupou alguma dependência do Palácio do Governo, e a partir de 1839 instalou-se no prédio que foi construído pelos jesuítas para servir de convento da ordem (atual Faculdade de Direito, na Praça João Pessoa). Após 100 anos, veio parar na Avenida Getúlio Vargas, e lá permanece até hoje como Lyceu Paraibano.
O principal objetivo do educandário posto a funcionar em Parahyba do Norte era o de preparar a juventude para o ensino superior, especialmente na Faculdade de Direito de Olinda ou na Faculdade de Medicina da Bahia. Intelectuais e padres compunham o corpo docente.
Pelos bancos do Lyceu passaram figuras de proa da elite paraibana que se tornariam personalidades influentes tanto no Império quanto na República. Registre-se que em 1884, após crises envolvendo concepções de ensino e mesmo efetividade do alunado, o Lyceu foi extinto. Em seu lugar foi posta a Escola Normal, o que somente durou um ano, pois em 1885 o Lyceu foi restaurado.
Após a Revolução de 1930, e as renovadas preocupações oficiais para com o fortalecimento do ensino cívico e escolar, surgiria o projeto de construção do prédio atual, na avenida Getúlio Vargas. Efetivamente, o novo Lyceu foi inaugurado em 1937, no governo Argemiro de Figueiredo, ex-aluno do colégio, e hoje tem a companhia de dois outros prédios, o do Instituto de Educação da Paraíba e o da Escola de Aplicação. A obra é a mais emblemática do arquiteto Clodoaldo Gouveia, a quem já nos referimos quando do texto sobre o prédio da Secretaria da Fazenda, na Gama e Melo. Apenas no sentido de complementar a informação sobre o autor de ambas as construções,
Clodoaldo Gouveia vem a ser o avô materno do também arquiteto e escritor Germano Romero, que hoje edita o prestigiado site Ambiente de Leitura Carlos Romero, criado por seu pai, justamente o escritor, jornalista e advogado Carlos Romero.
wwww.reporteriedoferreira.com.br Por Sérgio Botelho- Jornalista, poeta e escritor.