Lula sobe o tom contra Israel após novo ataque: “Sabotando processo de paz”
Foto: Reprodução/Redes Sociais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste domingo (14) o governo de Israel por novo ataque à Faixa de Gaza. Em manifestação nas redes sociais, Lula pediu que líderes políticos mundiais não se calem diante do “massacre interminável”.
“O governo de Israel segue sabotando o processo de paz e o cessar-fogo no Oriente Médio. O mais recente bombardeio promovido na Faixa de Gaza vitimando centenas de inocentes é inadmissível. Agora com mais de 90 vítimas fatais e quase 300 feridos em tendas que abrigavam crianças, idosos, mulheres”, lamentou o presidente, se referindo a ataque ocorrido neste sábado em zona de designação humanitária Al-Mawasi, em Khan Younis.
Para Lula, é “estarrecedor” que o povo palestino continue sendo punido coletivamente, até mesmo em zonas humanitárias delimitadas que deveriam ser protegidas.
“Nós, líderes políticos do mundo democrático, não podemos nos calar diante desse massacre interminável. O cessar-fogo e a paz na região precisam ser prioridades na agenda internacional. Todos os nossos esforços devem estar centrados na garantia da libertação dos reféns israelenses e no fim dos ataques à Faixa de Gaza.”
Violações
Em maio deste ano, o presidente Lula removeu de Israel o embaixador Frederico Meyer, que ocupava o principal posto da representação brasileira em Tel Aviv. Meyer foi transferido para o cargo de representante do Brasil na Conferência do Desarmamento, em Genebra, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Nenhum diplomata foi indicado para ocupar a embaixada em Tel Aviv.
Desde o ano passado, Lula vem criticando as ações de Israel na Faixa de Gaza, que considera um genocídio contra o povo palestino. Para o governo brasileiro, as ações em Gaza violam sistematicamente os direitos humanos.
O governo israelense nega todas as acusações e diz que tem tomado ações para proteger os civis. O conflito na região se acirrou depois do ataque do Hamas a Israel em outubro do ano passado. Após a ação, Israel iniciou bombardeios na Faixa de Gaza que continuam até hoje e já mataram milhares de pessoas.
Agência Brasil
Espanha, Irlanda e Noruega reconhecerão a Palestina como Estado
Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram nesta quarta-feira (22) a decisão de reconhecer a Palestina como Estado a partir de 28 de maio
Thomas COEXEspanha, Irlanda e Noruega anunciaram nesta quarta-feira (22) a decisão de reconhecer a Palestina como Estado a partir de 28 de maio, e esperam que outros países sigam o passo, diante do “perigo” que a solução de dois Estados enfrenta devido à guerra em Gaza.
O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, foi o primeiro a anunciar a decisão, em Oslo, onde foram negociados os acordos, atualmente ignorados, que obrigavam israelenses e palestinos a aceitar uma coexistência pacífica entre dois Estados independentes.
Ao anunciar que o país reconhecerá o Estado palestino em 28 de maio, Støre fez um “forte apelo” para que outros países sigam o mesmo caminho.
Depois de chamar o dia de “histórico e importante”, o primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris, fez o anúncio poucos minutos depois, no que foi seguido pelo chefe de Governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Parlamento em Madri.
“É uma declaração inequívoca de apoio a uma solução de dois Estados como o único caminho crível para a paz e a segurança, para Israel e a Palestina, e para os seus povos”, afirmou o primeiro-ministro irlandês em Dublin.
O reconhecimento dos dois Estados é “a pedra angular sobre a qual a paz deve ser construída”, acrescentou.
“Hoje, afirmamos que reconhecemos o Estado de Israel, reconhecemos o seu direito de existir em paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas. Reconhecer o Estado da Palestina envia a mensagem de que existe uma alternativa viável ao niilismo do Hamas”, completou.
Em Madri, o primeiro-ministro Sánchez também falou sobre a decisão.
“O primeiro-ministro (israelense Benjamin) Netanyahu não tem um projeto de paz para a Palestina”, afirmou o socialista Sánchez, uma das vozes mais críticas dentro da União Europeia (UE) contra a operação militar iniciada por Israel após o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro.
“Lutar contra o grupo terrorista Hamas é legítimo e necessário (…) mas Netanyahu está gerando tanta dor e tanta destruição, e tanto ressentimento em Gaza e no resto da Palestina, que a solução de dois Estados está em perigo”, afirmou Sánchez.
Formalmente, a medida será adotada com um decreto que deve ser aprovado na próxima terça-feira, durante uma reunião do Conselho de Ministros espanhol.
Segundo uma contagem da Autoridade Palestina, 142 dos 193 Estados-membros da ONU expressaram apoio ao reconhecimento de um Estado palestino.
A iniciativa de Madri, Dublin e Oslo pode ser acompanhada por outros países europeus.
Em março, os governantes da Eslovênia e de Malta assinaram em Bruxelas um comunicado conjunto com Madri e Dublin, no qual expressavam o desejo de adotar a mesma medida.
O governo esloveno anunciou um decreto neste sentido em 9 de maio, com a intenção de enviá-lo ao Parlamento para aprovação até 13 de junho.
“Passos precipitados”
O governo de Israel reagiu rapidamente e convocou seus embaixadores na Noruega e na Irlanda para consultas.
“Hoje, eu envio uma mensagem forte à Irlanda e à Noruega: Israel não permanecerá calado diante disso”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, em um comunicado.
“Os passos precipitados dos dois países terão mais consequências graves”, acrescentou o chanceler israelense, que prometeu adotar uma medida similar caso a Espanha aderisse à iniciativa.
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), considerada internacionalmente a único representante legítima do povo palestino, considerou o reconhecimento do Estado Palestino por três países europeus como um “momento histórico, em que mundo livre triunfa pela verdade e pela justiça”.
Uma fonte do Hamas celebrou os anúncios de Espanha, Irlanda e Noruega e afirmou que estes foram possíveis graças à “corajosa resistência” do povo palestino.
“Vemos como um passo importante para afirmar o nosso direito à terra e ao estabelecimento de um Estado palestino com Jerusalém como capital”, afirmou o Hamas em um comunicado, em que faz um apelo aos “países de todo o mundo para que reconheçam (os seus) direitos nacionais legítimos”.
Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e iniciou uma ofensiva em larga escala contra a Faixa de Gaza em represália ao ataque de 7 de outubro, que matou mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.
Das 252 pessoas sequestradas durante o ataque, 124 permanecem em Gaza, mas o Exército israelense acredita que 37 foram mortas.
Desde 7 de outubro, mais de 35.000 palestinos, a maioria civis, morreram na Faixa de Gaza em bombardeios e operações militares israelenses, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza.