Pediatra em João Pessoa: sobrinha revela que tio abusou dela e de suas irmãs e que estupro a fez deixar o balé e com medo de ter filhos
Gabriela Cunha Lima contou, em entrevista à TV Cabo Branco (afiliada Globo), mais detalhes sobre o abuso sexual o qual ela relatou ter sofrido por parte do tio, o médico Fernando Paredes Cunha Lima.
Gabriela Cunha Lima contou, em entrevista à TV Cabo Branco (afiliada Globo), mais detalhes sobre o abuso sexual o qual ela relatou ter sofrido por parte do tio, o médico Fernando Paredes Cunha Lima. Nesta quarta-feira (7), Gabriela revelou que duas irmãs dela também contaram terem sido abusadas. Ela contou, ainda, que o estupro a fez deixar o balé, já que era perto da casa do tio, e lhe fez ter medo de ter filhos para que eles não sofressem abusos também.
O depoimento veio à tona após uma família denunciar Fernando Paredes acusando-o de estuprar uma menina de nove anos durante um atendimento em seu consultório em João Pessoa, no mês de julho passado. A Polícia Civil investiga a denúncia.
Após a denúncia dessa família, Gabriela Cunha Lima, sobrinha do médico, conversou com a imprensa e contou que também foi vítima do tio.
“Ele me chamou para o quarto dele”
À TV Cabo Branco, Gabriela contou que foi levada pelo tio até o quarto dele. “Isso aconteceu quando eu era criança, quando eu tinha de 8 para 9 anos, na casa de praia dele. Era um lugar que a gente costumava frequentar. Eu morava em Natal, com minha família, e nos verões era comum a gente vir para João Pessoa. Ele me chamou para o quarto dele. E a casa continuava com pessoas. Tinham os funcionários, os filhos e a esposa em casa. Ele me chamou no quarto dele, baixou as calças, pediu para eu fazer atos sexuais com a mão, depois baixou a minha calça e colocou os dedos”, narra a sobrinha.
Segundo Gabriela, o tio “pediu para eu não contar isso a ninguém. E, assim eu fiz, e eu não contei a ninguém, com exceção da minha prima que estava lá, que é da mesma idade que eu, e eu disse assim: se tio Fernando te chamar, não vá porque ele fez isso comigo. Mas ele disse que eu não poderia dizer a ninguém”, relatou ela, emocionada.
“Me senti suja”
Questionada pela repórter Karine Tenório como se sentiu após o abuso sexual, Gabriela respondeu: “eu me senti suja. E eu não entendi, naquele momento, que não fui eu, que a culpa não era minha, que não tinha sido eu que tinha provocado. Então eu me senti suja porque eu achei que eu tivesse provocado aquilo. Até eu entender que não fui eu, que qualquer pessoa que tivesse naquela situação ele iria fazer aquilo porque o maligno é ele, o monstro é ele, e isso não sou eu que desperto isso nele, que é a índole dele, não tem nada a ver comigo. Mas eu só vim saber disso quando eu contei para a minha família.”
Contar para a amiga e para a mãe
Gabriela contou, primeiramente, para uma amiga. “Dois anos depois, uma amiga minha mais velha, quando eu contei a ela, ela disse: ‘ou você conta a sua mãe agora ou quem vai contar sou eu. Você vai contar porque o errado é ele, você vai contar porque sua mãe vai brigar com você. Você vai contar porque esse homem tem que estar preso.”
“Por isso que eu desisti de fazer balé”
De acordo com Gabriela, ela deixou de fazer balé porque a casa do tio era em frente ao Espaço Cultural. “Eu lembro que mainha disse assim: ‘Gabi, você tem certeza do que você está dizendo?’ Eu disse: ‘tenho e eu dou os detalhes.’ Aí eu disse: ‘era por isso que eu não queria mais ir para lá e foi por isso que eu desisti de fazer balé no Espaço Cultural’.”
As irmãs também revelaram: “acredite porque eu também já passei por isso“
Gabriela relembrou que, enquanto revelava tudo para a mãe,a irmã dela bateu na porta. “E foi nesse momento também que minha irmã bateu na porta e minha mãe disse: ‘Carla, eu tô conversando com sua irmã algo sério.’ Aí Carla disse: ‘eu sei e acredite porque eu também já passei por isso.’”, descreveu Gabriela à TV Cabo Branco
Outra irmã também foi abusada, segundo relatou Gabriela Cunha Lima. “E aí eu tenho outra irmã mais velha, que morava na época em Natal, porque quando a gente se mudou para João Pessoa, ela já fazia universidade lá, e aí minha mãe ligou para ela para saber e ela disse: ‘comigo também’.
Gabriela conta que o assunto não foi levado à polícia, na época. “Ficou em família”, disse.
Questionada sobre como o abuso sexual afetou sua vida, ela desabafou: “eu não tive coragem de ter filhos porque, se a gente não pode confiar em um irmão [do pai dela], que é pediatra, a gente vai confiar em quem? Muita gente pergunta se é certeza, diz assim: ‘não… sonhou, está levantando falso testemunho.”
Ela pediu que as pessoas acolham e protejam as crianças as escutem quando elas demonstrarem receio de alguém. “Eu só acho assim: acolham. Se uma criança diz que não gosta daquela pessoa, não deixa a criança com aquela pessoa. Se uma criança diz que aquela pessoa fez algo que doeu nela, acredite. Toda regra tem exceção, mas a maioria dos casos é verdade. Só respeite o que elas dizem, só respeite a vontade delas. Proteja.”
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