Justiça da Bolívia anula pedido de prisão do ex-presidente Evo Morales

A justiça da  Bolívia anulou o processo que pedia a prisão do ex-presidente Evo Morales por supostos crimes de terrorismo e “rebeldia” contra o estado e a ordem constitucional. A decisão foi tomada pelo presidente do TDJ (Tribunal Departamental de Justiça) de La Paz, Jorge Quino.

A ordem de detenção foi suspensa porque “seus direitos foram desrespeitados, basicamente o direito à defesa, pois o ex-presidente não foi devidamente convocado”, disse Quino, presidente do Tribunal Departamental de Justiça de La Paz, à emissora Unitel .

Evo Morales está exilado na Argentina e era esperado em uma audiência em La Paz amanhã (27); no entanto, os advogados do ex-presidente alegam não terem recebido nenhuma notificação. O erro dos procuradores, então, foi levado em consideração para a decisão do juíz Román Castro de anular o processo.

A decisão acontece uma semana depois de Luis Lucho Arce , do partido de Morales — Movimento para o Socialismo — vencer as eleições presidenciais na Bolívia, com 55,10% dos votos válidos, superando o centrista Carlos Mesa (28,83%).

Fim do exílio

Na Argentina desde dezembro de 2019, após perder apoio das forças armadas bolivianas, Evo culpa os Estados Unidos e o Secretário-Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, por sua saída do poder.

Após a posse de Luis Arce , o ex-presidente admite voltar ao país em breve, mas nega que terá qualquer participação no governo de seu afilhado político. Segundo ele, se dedicará à atividade sindical e à piscicultura.

“[Estarei] na zona do Trópico de Cochabamba, junto com os movimentos sociais e o MAS. Vamos cuidar, defender nosso processo, vamos acompanhar Lucho, claro, somos militantes. Vamos cuidar de nossos princípios ideológicos, também dos programas sociais para o bem de todo o povo boliviano”, disse Evo, em entrevista à AFP .

Morales, no entanto, garante estar disposto a se reconciliar com os bolivianos. “Não podemos estar em confronto entre bolivianos, somos uma família. Claro, temos diferenças ideológicas, programáticas, de classe. Quero conversar com alguns grupos, com esses grupos de choque da direita. Tenho vontade de falar”, completa.

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