Ninguém consegue fugir do julgamento da História. Nem aqueles que se veem, por algum período, livres da condenação pelos tribunais, ficarão libertos da justa punição por erros cometidos, conforme o arbítrio do tempo. A rotina da impunidade será revista no futuro, inexoravelmente, porque a sentença da História, pode tardar, mas um dia acontecerá.
Os interesses de ocasião não prevalecem no tribunal da História. Nele não se admitem negociatas. Seus vereditos são implacáveis. Enganam-se os poderosos de plantão, quando se imaginam eternamente impunes pelos crimes cometidos. As iniquidades praticadas pelos plutocratas e cleptocratas, não serão anistiadas no futuro. Verdades secretas, convenientes para determinados momentos, tornam-se evidentes com o passar do tempo e fundamentam o julgamento da História.
O tempo é um juiz imparcial. Basta só ter paciência para vê-lo agir. Ele coloca tudo em seu devido lugar, dando razão a quem as tem. Ele não recebe influência das paixões. Não endeusa, nem mitifica. Não aceita demonizações, nem santificações. Pune e absolve respeitando as verdades históricas.
Entretanto, é preciso que ajudemos esse juiz a abreviar seu julgamento. Sejamos contribuintes nesse processo, desmascarando os que se amparam na falsidade e na proteção do poder corrupto. Façamos com que caiam as máscaras dos enganadores. Apressemos a revelação das evidências que desmoralizam os que insistem em vilipendiar a consciência coletiva, objetivando construir ilusões.
A paciência permite que não percamos a esperança, mas não recomenda omissão. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. O juiz tempo pode definir sua sentença com muito maior brevidade se tiver a nossa colaboração.
Quem são os 12 jurados que vão decidir destino de Trump em julgamento
Ex-presidente dos EUA Donald Trump
Em apenas três dias, um tribunal descartou centenas de moradores de Manhattan para formar o júri no primeiro julgamento criminal de um ex-presidente na história dos Estados Unidos. Apenas 12 pessoas foram selecionadas — sete homens e cinco mulheres.
Encontrar um grupo de jurados imparciais no caso contra Donald Trump – um dos políticos mais polarizadores dos EUA – não foi tarefa fácil.
Trump é acusado de falsificar registros financeiros empresariais para encobrir um pagamento clandestino feito à ex-atriz pornô Stormy Daniels, pouco antes das eleições de 2016. Ele nega as acusações.
“Aqueles que são claramente tendenciosos estão fora”, disse Jeremy Saland, ex-procurador de Manhattan.
Para proteger suas identidades, o juiz de Nova York, Juan Merchan, limitou a quantidade de informações que os repórteres podem compartilhar sobre os 12 escolhidos.
Mas pelo que sabemos, trata-se de um grupo com bom nível de educação. As cinco mulheres e sete homens incluem um litigante civil do Upper East Side, um banqueiro de investimentos com MBA, um engenheiro de segurança do West Village e e um gestor de patrimônio aposentado.
Ter jurados altamente qualificados é valioso no julgamento, diz Saland, que não está ligado ao caso. “Você precisa de alguém que seja capaz e inteligente o suficiente para analisar o que aconteceu e aplicar a lei.”
Mas os jurados deverão enfrentar intensa pressão externa no julgamento que terá impacto na candidatura de Trump à presidência.
“Não é um caso criminal comum ou comum”, disse Saland. “Isso vai pesar muito em suas mentes.”
Confira a seguir as 12 pessoas que decidirão o destino jurídico do ex-presidente.
Jurado 1 – Trabalha com vendas
O jurado número um vem da Irlanda. Presidente do júri, encarregado de acompanhar as deliberações, hoje trabalha com vendas e é casado. Nas horas vagas, ele gosta de tudo que se pratica “ao ar livre” e recebe notícias do New York Times, do Daily Mail e da Fox News.
Jurado 2 – Banqueiro de investimento
O jurado número dois é um banqueiro de investimentos com MBA que mora com a esposa no bairro de Hell’s Kitchen. Para se divertir, ele gosta de ouvir música e ir a shows.
Ele leu partes do livro de Trump, The Art of the Deal.
“Embora não tenha opiniões firmes ou crenças fortes, acompanho as notícias”, disse ele, acrescentando que lê “basicamente tudo” devido ao seu trabalho nos mercados de capitais.
Jurado 3 – Advogado
O jurado número três mora em Chelsea. Ele trabalha com direito societário e gosta de caminhar e correr. Para obter notícias, como muitas outras pessoas, ele lê o New York Times e o Wall Street Journal.
Jurado 4 – Engenheiro de segurança
O jurado número quatro mora no West Village há 15 anos. Ele é engenheiro de segurança e gosta de trabalhar madeira e metal e gosta de ouvir podcasts de comédia em seu tempo livre.
Ele já fez parte do júri de um processo criminal, mas não se lembra se houve veredicto.
Quando questionado pelos promotores, no final do processo de seleção do júri, se ele teria alguma preocupação em retornar um veredicto de culpado, ele disse: “Não”. Ele também disse que não tinha sentimentos fortes em relação ao ex-presidente.
Jurada 5 – Professora
A jurada número 5 nasceu e foi criada no Harlem. Hoje é professora e uma pessoa “criativa de coração”, que adora teatro, escrever e viajar.
Ela disse que tem amigos com opiniões fortes sobre Trump, mas acrescentou que não é uma pessoa política e não se importa muito com as notícias.
“O presidente Trump fala o que pensa e prefiro isso do que alguém que está no cargo e não sabe o que está pensando”, disse ela durante o processo de seleção do júri.
Jurada 6 – Engenheira de software
A jurada número seis se formou recentemente na faculdade e mora em Chelsea. Ela trabalha como engenheira de software e gosta de passar tempo com amigos e familiares e ir a restaurantes. Ela lê o New York Times e também recebe notícias do Google e do TikTok.
Jurado 7 – Advogado civil
O jurado número sete mora no Upper East Side. Ele trabalha como advogado civil, mas disse ao tribunal que não sabe muito sobre direito criminal. Ele é casado e tem filhos e gosta de passar tempo com eles ao ar livre.
Ele lê o New York Times, o Washington Post e o New York Post. Ele também ouve o podcast Car Talk.
Ele disse ao tribunal que tem “opiniões políticas” sobre o período de Trump no cargo, gostando de algumas de suas políticas e não gostando de outras.
Jurado 8 – Gestor de patrimônio aposentado
O jurado número oito é um gestor de patrimônio aposentado. Ele mora no Upper East Side há décadas e tem MBA. Ele pratica ioga “todas as manhãs” e lê a BBC, o New York Times e a CNN. Ele tem um filho e uma filha.
Jurada 9 – Fonoaudióloga
A jurado número nove mora no Upper East Side e trabalha como fonoaudióloga. Ela tem mestrado e gosta de ir a restaurantes e assistir TV para se divertir. Ela disse que não acompanhava as notícias muito de perto, mas gosta de podcasts de reality shows.
“Acredito firmemente que posso ser justa e imparcial”, disse ela durante o processo de seleção.
Jurado 10 – Trabalhador do setor de comércio eletrônico
O jurado número 10 vem de Ohio. Ele trabalha com comércio eletrônico e ouve podcasts de psicologia comportamental. Ele adora animais. Ele não acompanha muito as notícias, mas lê o New York Times.
Jurada 11 – Gerente de desenvolvimento de produto
Nascida na Califórnia, a jurada número 11 é gerente de desenvolvimento de produtos e seus hobbies incluem explorar a cidade e comer.
Ela disse ao tribunal que não gosta do “personagem” de Trump.
“Eu realmente não concordo com algumas de suas políticas, mas isso não significa que não possa ser imparcial”, disse ela. “Não gosto de alguns dos meus colegas de trabalho, mas não tento sabotar o seu trabalho”, acrescentou ela, provocando risos no tribunal.
Jurada 12 – Fisioterapeuta
A jurada número 12 mora no Upper East Side e é fisioterapeuta. Ela é casada e gosta de correr, jogar tênis e ver música ao vivo, além de podcasts esportivos. Ela lê o New York Times, o USA Today e a CNN.
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Alexandre de Moraes suspende julgamento de Bolsonaro; veja como foi
Votação foi suspensa até a próxima terça-feira (27), quando ministros devem julgar abuso de poder político pelo ex-presidente
Por
Bruno Andrade
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, suspendeu, nesta quinta-feira (22), o julgamento que pede a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto, candidatos à Presidência da República nas Eleições de 2022. Moraes encerrou a sessão após a leitura do parecer de Paulo Gonet, do Ministério Público Eleitoral (MPE), que foi favorável à inelegibilidade de Bolsonaro.
O julgamento continuará a partir da próxima terça-feira (27), em uma sessão que deve começar às 19hs com a leitura do voto do relator do caso, ministro Benedito Gonçalves.
Como foi a sessão
O ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral da Justiça Eleitoral e relator da ação, iniciou a sessão com a leitura do relatório, que demorou duas horas até ser concluído, e traçou alguns fatos para fazer a cronologia dos eventos até o julgamento:
1) Em 2021 houve processo no TSE para analisar lives de Jair Bolsonaro que, em tese, poderiam caracterizar disseminações de falas falsas sobre o sistema eleitoral;
2) 29/07/21 – Bolsonaro dividiu a transmissão com Eduardo Gomes da Silva e Anderson Torres;
3) 04/08/21 – Bolsonaro, junto ao deputado Felipe Barros, divulgou inquérito da Polícia Federal na Jovem Pan, sobre alteração de votos em 2018. Isso foi utilizado em 2022 com os embaixadores;
4) 12/08/21 – Após rejeição da PEC do voto impresso, Bolsonaro acusou sistema de ser “hackeado” para desviar 12 milhões de votos para outro candidato, mas afirma não ter provas.
Benedito Gonçalves focou no andamentos de diligências realizadas em março de 2023, que contou com a participação de membros do governo Bolsonaro e funcionários da Jovem Pan, em que trataram das lives cujas informações difundidas questionavam a invulnerabilidade do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas no Brasil.
“As provas nos autos mostram que não houve quebra da integridade do processo eleitoral que pudesse justificar as alegadas dúvidas sobre a confiabilidade das urnas, destacando que os depoimentos prestados por Anderson Torres e pelos peritos da Polícia Federal comprovaram que, a despeito das afirmações feitas por Jair Bolsonaro na live realizada em julho de 2021 e na reunião com os embaixadores, nenhum dos elementos constantes dos relatórios da Polícia Federal mencionados pelo ex-presidente permitiam a conclusão da existência de fraude nas Eleições 2018”, disse o ministro.
Acusação
Walber de Moura Agra, advogado do Partido Democrático Trabalhista (PDT), responsável pela acusação, disse que o evento em que Bolsonaro falou contra o sistema eleitoral brasileiro para os embaixadores não se tratava apenas de uma reunião, mas de uma coleção de ações que ocorreram e minaram a democracia. O advogado leu um trecho de Ensaio Sobre a Cegueira, do escritor português José Saramago, para mostrar como a reunião, por si só, é a prova cabal de que Bolsonaro promoveu ali, de início, a tentativa de golpe militar.
O advogado afirmou, também, que Bolsonaro elencou uma sucessão de mentiras na data da reunião, e transformou o Brasil em pária internacional ao não apresentar prova substancial que condenasse de fato o sistema eleitoral nacional. “Bolsonaro manchou a reputação e deixou os embaixadores com medo de um golpe de estado; seria cômico se não fosse trágico”, disse. “A minuta não é texto apócrifo; o senhor Anderson Torres mencionou que o documento circulava pela Esplanada”, argumentou. “A tentativa de golpe é uma consequência do acervo probatório e a minuta serve como requisito para ferir o regime democrático”, falou Walber Agra sobre a minuta encontrada na casa do ex-ministro da Justiça.
Defesa
Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, advogado do ex-presidente e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse, em defesa de Bolsonaro, que “não deve existir política à margem do Direito”. Carvalho Neto argumentou que as falas de Bolsonaro foram “ácidas e sinceras” mas não representam golpismo. “Talvez com verve imprópria, sim, mas substancialmente uma proposta de melhoria na sistemática desse sistema eletrônico de votação”, defendeu.
“É fantasiosa a narrativa que acabei de ouvir”, disse o ex-ministro, em relação às falas do advogado de acusação, Walber Agra. “O documento é inútil; esse documento nunca foi publicado”, argumenotu, ao apontar para as questões sobre a minuta de golpe.
Procurador Geral do Ministério Público pediu inelegibilidade de Bolsonaro
O Procurador Geral do Ministério Público Eleitoral (MPE), Paulo Gonet, disse que reiteradamente o ex-presidente fez o mesmo discurso de combate à apuração digital com veiculação na televisão e em redes sociais, e pontuou que se tratava de:
1 – um agente público desacreditando instituições democráticas;
2 – desvio de finalidade em relação ao cargo;
3 – vantagem eleitoral extraída da reunião;
4 – gravidade da conduta para afetar a eleição futura;
5 – utilização indevida de meio de comunicação público.
“O chefe de Estado convidou formalmente representantes diplomáticos e diversas autoridades brasileiras no Palácio da Alvorada e ouviram sobre a falta de acurácia do sistema eleitoral nacional e que isso alteraria o curso das próximas eleições”, disse Gonet. “Isso ganhou dimensão nos meios de comunicação e redes sociais, ou seja, isso chegou aos cidadãos brasileiros”, argumentou.
“Não há como acolher o argumento de que o presidente da República estaria exercendo o direito de liberdade de expressão, movido pelo propósito de debater melhorias no sistema eleitoral; um discurso dessa ordem não compõe o domínio normativo da liberdade de expressão”, complementou o Procurador.