Briga judicial impede Prefeitura de João Pessoa tomar posse do Hotel Tambaú

Uma briga judicial no Superior Tribunal de Justiça (STJ) entre o Grupo Amar, do suplente de senador André Amaral, e o ‘A Gaspar’, do Rio Grande do Norte, impede a Prefeitura de João Pessoa dar prosseguimento ao decreto de desapropriação do Hotel Tambaú, um dos principais cartões postais da Capital que está inoperante há anos.

A empresa potiguar argumenta, junto à Justiça, que houve ilegalidade no leilão que declarou o Amar Hotelaria proprietário do Hotel Tambaú. A empresa paraibana, no entanto, contrapõe. Diz que venceu o leilão e que há realizou o pagamento que lhe garante a propriedade do equipamento de turismo.

O decreto de desapropriação foi publicano em 2021, logo no início da gestão Cícero Lucena (PP). “Infelizmente, nós fizemos a desapropriação, mas tem uma disputa na justiça. Nós estamos, inclusive, estudando alternativas para que possamos vencer essa disputa na justiça para entregar aquele cartão postal a quem mora em João Pessoa, a quem nos visita”, disse Lucena.

A declaração de Lucena acontece depois da cobrança feita pelo presidente da Câmara Municipal, Dinho Dowsley (PSD), para que a gestão pessoense se tornasse proprietária do equipamento.

“Parabenizo os vereadores que com responsabilidade cobram ação que a prefeitura fez em 2021, mas que tem um problema na Justiça que não nos permitiu ainda tomar posse. Estamos adotando as medidas que não podemos deixar a especulação imobiliária atrapalhar o desenvolvimento econômico da nossa cidade”, afirmou.

Segundo Cícero, a perspectiva é atrair empresas que possam devolver o Hotel Tambaú ao turismo. “Nós já fizemos a desapropriação em 2021 e agora estamos aguardando uma decisão da Justiça. Mas, a iniciativa da Câmara Municipal foi importante porque demonstra que a Câmara sabe da importância daquele equipamento para o desenvolvimento turístico. Estaremos buscando sensibilizar para que a gente possa trabalhar o Hotel Tambaú como mais um equipamento nesse momento tão importante da nossa cidade”, citou Cícero.

Desapropriação do Hotel 

O presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Dinho Dowsley (PSD), apresentou um projeto para desapropriação do Hotel Tambaú em sessão desta terça-feira (1°). Na ocasião, ele exibiu imagens que mostravam o abandono do Hotel Tambaú, fechado desde 2006. Recentemente, o estabelecimento foi leiloado e é alvo de disputa judicial.

“O equipamento está servindo para bandidagem e uso de drogas lá dentro. À noite, não tem nenhuma segurança. Está abandonado. É um equipamento que era da cidade, foi entregue à iniciativa privada e a gente precisa dele para a cidade de João Pessoa. Não precisa ser um hotel, já temos muitos. Meu pedido ao prefeito Cícero Lucena é a desapropriação e entrega desse equipamento à população, com praças, quem sabe um aquário, preservando nossa cidade com toda a fauna, flora e beleza das praias. Apresentei hoje um Projeto de Indicação para a desapropriação”, anunciou o presidente.

Na justificativa do Projeto de Indicação, Dinho afirma que a iniciativa “é uma oportunidade de implementar uma política pública de maneira simplificada sobre a utilização daquela área que já foi tão relevante para João Pessoa, baseando-se nos princípios da melhoria da qualidade de vida e de tornar a cidade um lugar mais agradável para o convívio humano”.

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PARAHYBA DO NORTE. Antigo areal do Baixo Tambaú ; Sérgio Botelho

Compartilhado do autor do texto: Sergio Botelho
PARAHYBA DO NORTE. Antigo areal do Baixo Tambaú
Sérgio Botelho – Até o final da década de 1960, a singela e sempre bela praia de Tambaú exibia, para satisfação dos pessoenses, um imenso areal entre a avenida Nego e o antigo Elite Bar, no final da avenida Ruy Carneiro, região batizada de Baixo Tambaú. Naquela parte da antiga Praia de Santo Antônio, o referido areal enchia a paisagem, separando a rua por onde os automóveis trafegam e a linha onde as ondas quebram, compondo uma área geralmente muito curtida pela população pessoense.
Ali conviviam banhistas, coqueiros, pescadores, jangadas e barcos da icônica e histórica colônia de pescadores da principal e mais famosa praia pessoense. De construção mesmo só havia as caiçaras, coberturas formadas por estacas e palha de coqueiros erguidas pelos que viviam do mar. Nelas, os profissionais da pesca se defendiam do sol, consertavam as embarcações, descansavam da lida e, não raramente, dormiam quando as saídas e chegadas do alto mar aconteciam pela madrugada.
No entanto, para infortúnio da beleza natural e do bem-estar de pescadores e banhistas, o Estado paraibano achou de desbancar o areal, ocupando-o com um imenso prédio destinado a um hotel. Segundo os idealizadores acreditavam, a iniciativa finalmente impulsionaria o turismo pessoense. Como o Brasil atravessava uma época ditatorial, onde o poder da União e dos governos estaduais era praticamente absoluto, as vozes dissonantes da sociedade foram abafadas, e o projeto se impôs, até seus recentes desaguisados, à espera de um desfecho.
Dê no que der, o Hotel Tambaú é, na verdade, um projeto mal engendrado e, portanto, dissonante de tudo o que se pregava e ainda se prega em termos de turismo sustentável, como princípio para a garantia de que ele (o desenvolvimento do turismo) seja efetivo e duradouro. O resultado é que a praia de Tambaú restou desprovida de parte da sua natureza original, talvez para sempre.
(Imagens da beira-mar de Tambaú antes, embora com sinais de início da construção, e depois de edificado o hotel, em fotos feitas pela SUPLAN-Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento da Paraíba)
wwwq.reporteriedoferreira.com.br Por Sérgio Botelho, jornalista, poeta , escritor.