BRASÍLIA É DIFERENTE DE TUDO: Escrito Por Gilvan de Brito 

BRASÍLIA É DIFERENTE DE TUDO: Escrito Por Gilvan de Brito

 

A primeira vez que estive em Brasília foi três meses após a inauguração, em junho de 1960. Era um rapazinho que resolveu prolongar uma viagem de pau de arara ao Rio de Janeiro e Belo Horizonte, dando vasão às aventuras que sempre me tocaram. Em Brasília o que mais se observava era poeira vermelha, estradas de barro e construções que não acabavam mais. Tudo estava por fazer, só havia prédios das instituições e sedes dos três poderes. Emprego só para peão de obra. Não deu, voltei para João Pessoa. Depois que entrei no jornalismo fui várias vezes à Brasília realizar cobertura de eventos políticos para o Correio da Paraíba e a cada uma delas encontrava a cidade muito mais convidativa. Fui-me acostumando e quando surgiu uma oportunidade para trabalhar na Capital Federal fui correndo assumir o cargo de Secretário Parlamentar, da Câmara dos Deputados, que foi interrompido durante dois anos quando voltei para assumir a diretoria de comunicação da Assembleia Legislativa. Terminado o período fui de novo para Brasília onde ocupei, pela segunda vez, o mesmo cargo na Câmara dos Deputados.

 

Depois surgiu uma oportunidade e fui nomeado pelo ministro Andrade Vieira, da Indústria, Comércio e Turismo, para a coordenação geral de planejamento de turismo, no governo Itamar Franco. Ainda trabalhei no ministério, no governo Fernando Henrique, mas depois, fui atraído pela Câmara dos Deputados, onde me aposentei. Foram 12 anos em Brasília, uma cidade que me ensinou a gostar de um lugar diferente daquele em que nasci e me criei: João Pessoa. Brasília é uma cidade moderna, de boa locomoção; o trânsito flui com naturalidade e racionalidade. As moradias são excelentes, nas super-quadras das asas norte e sul. Cada uma com vida própria, serviços e facilidades para a aquisição de tudo que se precisa. Facilidade de comunicação com Rio e São Paulo, para onde se chega por via aérea numa viagem com uma hora e uma hora e vinte minutos, respectivamente.

 

Opções de lazer não faltam, no parque de Itiquira, a 80 k, onde há uma cachoeira com cem metros de queda, e a metade da água se esgarça no ar; Goiania a duas horas e meia por via rodoviária; Pirenópolis, a 150 k, (casario colonial com uma cruz pintada nas portas para identificar os cristãos novos, na inquisição), a cidade das pedras ao lado da serra dos Pireneus, com 1.385 m de altura, onde há um mirante. E Goiás Velho, antiga capital, onde se vê a casa-museu onde residiu a poeta Cora Coralina. Em Brasília, porém, é difícil sobreviver nos meses de julho a setembro, quando bate a seca. A temperatura cai a zero grau e a densidade do ar desce a 7 por cento, complicando até a respiração e obrigando a dormirmos com lençóis molhados na cabeceira da cama e respiradores de oxigênio aspirando no ar, quando prevalece o sangramento do nariz e os problemas respiratórios. Nesta época a cidade cobre-se de fuligem trazida das matas do entorno, em chamas. Mas, de resto, dá para tirar de letra. Essa a minha homenagem à cidade onde habitei por mais de uma década, que me trouxe grandes alegrias e que está completando hoje 60 anos, por exclusiva obra e graça de Juscelino Kubitschek.

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www.reporteriedoferreira.com.br Escrito Por Gilvan de Brito -Jornalista-advogado e escritor