“O VOTO É MAIS FORTE QUE A BALA” Por Rui Leitao

“O VOTO É MAIS FORTE QUE A BALA” Por Rui Leitao

 

Recorro a este célebre pensamento do presidente norte-americano Abraham Lincoln para refletir um pouco sobre essa “onda intervencionista” que estamos assistindo nas manifestações antidemocraticas dos que se recusam a aceitar o resultado de uma eleição legitima realizada.

 

Num ato de desespero, alguns vão em busca de saídas que imaginam serem salvadoras, mesmo tendo a História demonstrando o contrário. Chegam ao cúmulo de abrir mão das liberdades individuais e coletivas, na ilusão de que, pela força, poderão ser conquistadas as transformações que se fazem necessárias. As experiências negativas de um tempo pretérito, não tão distante, são desconsideradas. A razão perde espaço para a emoção. Perigosamente fica desprezada a importância do “viver em liberdade”, a faculdade de agir e pensar por si mesmo, como se fosse ntegrante de um “rebanho”.

 

Ignorar a História é arriscar-se a repetir erros cometidos no passado. Reivindicar a volta de uma ditadura militar é admitir o suicídio político, voltando a matar a democracia que foi reconquistada corajosamente.. A grave crise institucional que estamos vivenciando, não poderá ser justificativa para uma campanha intervencionista. Até porque nada do que se espera de um novo Brasil, aconteceu nos “anos de chumbo”. Não tínhamos liberdade, não havia transparência nos atos da administração pública, o país viveu um tempo em que as desigualdades sociais aumentavam, a inflação corroía o poder de compra dos assalariados, a censura amordaçava a imprensa e as manifestações culturais, a tortura e a opressão eram políticas de Estado. Será que qualquer semelhança é mera coincidência? Então o que aguardar de bom num regime autoritário?

 

A “grande virada”, só seria conquistada através da soberania do voto popular. E o foi o que aconteceu, quando foi despertada uma consciência cívica responsável nos eleitores. Afinal de contas, cabia a cada um de nós agir com esse propósito, sem entregar de “mão beijada” nosso destino sob a responsabilidade de pessoas que desconhecem o quen sejam princípios morais e éticos. Mais do que isso, permitir que corramos o risco de revivermos o império da prepotência e do despotismo.

 

É reservada às forças armadas a missão nobre de defender a soberania nacional. Acredito que essa seja a compreensão da grande maioria dos que exercem esse mister. Os que defendem um novo golpe militar são remanescentes do sistema implantado na década de sessenta, sedentos de retomarem o poder e voltarem a praticar arbitrariedades e excessos equivocadamente, em nome da ordem social.

 

Fizemos valer o poder do voto, dispensando a ação nefasta da tirania. A verdade defendida por Lincoln jamais pode ser menosprezada. Não conheço povo feliz em qualquer que seja a ditadura.

 

www.reporteriedoferreira.com.br Por Rui Leitão