O FANATISMO E A IDOLATRIA POLÍTICA; Rui Leitao
O FANATISMO E A IDOLATRIA POLÍTICA; Rui Leitao
A história da humanidade revela que a idolatria política, muitas vezes, causa dores, tragédias e mortes a uma nação. Cultos a personalidades, produzidos por circunstâncias sociais, tornam-se responsáveis pelo surgimento de líderes populistas que se esforçam para sequestrar o sistema democrático. Suas ideias e práticas incorporam-se ao caráter do idólatra, destruindo sua consciência moral e política, transformando-a em zelo cego.
O cenário político contemporâneo do Brasil tem feito com que o ódio contamine relacionamentos, promovendo uma guerra cultural e um clima de violência. Os idólatras, com seus pensamentos binários, dominados por discursos autoritários e linchamentos virtuais, abandonam a reflexão para aceitar percepções ideológicas propagadas por seus ídolos, considerando inimigos aqueles que não se alinham às suas ideias políticas. As discussões são transferidas para o âmbito pessoal ou moral. Eles têm uma visão simplista do mundo, enxergando apenas os extremos, como se a vida fosse uma equação exata. Assumem posições de ordem moral (o Bem e o Mal), nas relações sociais (o Bom e o Mau) e nas avaliações políticas do momento (Direita e Esquerda).
A idolatria política impede a conjugação de verbos de ação, como questionar, descobrir, inovar e duvidar. Limita o raciocínio ao “cercadinho reducionista”, definido por quem está sendo idolatrado. O exemplo mais atual dessa postura binária é a batalha que se desenvolve há décadas entre capitalismo e comunismo, como se fossem as únicas formas econômicas aplicáveis em qualquer sociedade.
Lideranças irresponsáveis estimulam uma divisão sectária da sociedade, resultante de discursos de intolerância aos que pensam de forma diferente. O fanatismo político leva pessoas a defenderem obsessivamente, de forma acrítica e apaixonada, seus ídolos. Trata-se de um comportamento que gera danos mentais tanto a si próprios quanto a terceiros, causando desequilíbrios emocionais que podem evoluir para um distúrbio psiquiátrico. Fanáticos tendem a conviver apenas com indivíduos que integram a mesma bolha ideológica, perdendo a individualidade e agindo como se pertencessem a um rebanho. Preferem cometer erros em nome da ideologia do que acertar em nome da razão.
Não é difícil identificar um fanático ou idólatra político. Ele não aceita opiniões divergentes das suas, ignora as incoerências evidentes de seus próprios argumentos e se recusa a admitir qualquer questionamento sobre a conduta de seu ídolo. Além disso, nega aos adversários — reais ou imaginários — o direito mais elementar: a dignidade humana. É incapaz de interagir civilizadamente. O grande perigo da idolatria e do fanatismo político é a desumanização de segmentos da população, inibindo a capacidade de empatia e deslegitimando o direito dentro de um Estado Democrático.
É preciso fazer valer a norma democrática que assegura a dignidade da pessoa humana. E isso jamais será possível enquanto estivermos presos a essa disputa política entre agrupamentos formados por idólatras e fanáticos.
www.reporteriedoferreira.com.br /Rui Leitão- advogado, jornalista, poeta, escritor
O FANÁTICO POLÍTICO: Escrito Por Rui Leitao