“Acredito que Lula não tentou comparar”, diz João sobre polêmica envolvendo Israel
O governador João Azevêdo (PSB) afirmou, na tarde desta segunda-feira (19), que o presidente Lula da Silva (PT) possa ter se expressado de maneira equivocada ao fazer um comparativo entre a morte de judeus durante o holocausto com os ataques promovidos por Israel contra a Palestina.
“Na verdade, eu acho que o presidente vinha com uma linha muito clara, que era de primeiro, condenar o ataque do Hamas, segundo a desproporcionalidade em termos de respostas de Israel. É claro que são situações absolutamente diferentes, o holocausto e essa guerra que acontece hoje. Eu acredito que ele não tentou comparar e dizer que era a mesma coisa. Eu acredito que ele não tenha conseguido se expressar da melhor maneira porque são coisas completamente diferentes, o holocausto e o que está acontecendo hoje lá na faixa de Gaza”, disse Azevêdo em entrevista à Rádio Correio FM.
Polêmica envolvendo Lula
Em entrevista coletiva durante viagem oficial à Etiópia, o presidente brasileiro classificou as mortes de civis em Gaza como genocídio, criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região e disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.
“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, disse Lula.
Reação
Israel reagiu duramente às declarações de Lula. No domingo (18), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a fala do presidente brasileiro equivale a “cruzar uma linha vermelha”.
“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender.”
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, pelas redes sociais, declarou Lula persona non grata em seu país.
“Nós não perdoaremos e não esqueceremos – em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que se desculpe e se retrate por suas palavras.”
Bolsonaro rompe silêncio, agradece votos e critica protestos
O presidente passou mais de 44 horas sem reconhecer o resultado das urnas
Reprodução/CNN
Bolsonaro durante pronunciamento nesta terça-feira (1)
O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou, nesta quarta-feira (1), sobre o resultado do segundo turno das eleições 2022 . O mandatário foi derrotado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (30) e passou mais de 44 horas sem realizar uma declaração sobre o pleito.
Antes de iniciar o discurso de duração de 2 minutos, Bolsonaro brincou: “Eles vão sentir falta da gente, né?”, direcionando a fala para o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
O mandatário começou agradecendo os mais de 58 milhões de votos que teve no segundo turno.
“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro”, disse o presidente.
Em seguida, o chefe do Executivo comentou sobre as manifestações que bloqueiam as estradas em vários estados do país.
“Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”.
Bolsonaro também disse que sempre jogou “dentro das quatro linhas da Constituição”.
“Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”, continuou.
O pronunciamento ocorreu no Palácio da Alvorada, em Brasília, e conta com a presença do ministro da Justiça, Anderson Torres; o ministro da Ciência e Tecnologia, Paulo Alvim; o ministro da Educação, Victor Godoy; o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; o ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira; o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento; a ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Brito; o ministro do Trabalho, José Carlos Oliveira; o ministro das Relações Exteriores, Carlos França; o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; o ministro da Agricultura, Marcos Montes; o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio; o ministro da Economia, Paulo Guedes e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
Além dos ministros, os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) também acompanharam o pai durante o discurso.
Momentos depois do resultado
O anúncio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarando que Lula é o novo presidente eleito ocorreu por volta das 20h de domingo. Bolsonaro se recolheu logo após a vitória do petista. O mandatário avisou para todos os aliados que não gostaria de visitas e só iria conversar com a equipe no dia seguinte.
Rovena Rosa/Agência Brasil
Lula em discruso momentos após ser eleito no domingo (30)
A segunda-feira (30) foi de expectativa do atual mandatário emitir uma nota, pronunciamento ou manifestação nas redes sociais sobre o pleito, o que não aconteceu.
Ele ainda se reuniu com ao menos oito ministros: Ciro Nogueira (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), Fabio Faria (Comunicação), Paulo Sergio Nogueira (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral), Carlos França (Relações Exteriores) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União) durante a última segunda.
Dentre as pessoas mais próximas do presidente, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro , e o filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL) foram os primeiros a se pronunciar.
Na manhã de ontem, Michelle e o marido deixaram de se seguir no Instagram. Horas depois, ela esclareceu que Jair Bolsonaro não toma conta das redes sociais e que eles seguem juntos e unidos.
“Esclarecendo a matéria de hoje sobre o meu marido ter deixado de me seguir em seu Instagram, conforme o Jair explicou em várias ‘lives’, quem administra essa rede não é ele. Eu e meu esposo seguimos firmes, unidos, crendo em Deus e crendo no melhor para o Brasil. Estaremos sempre juntos, nos amando na alegria e na tristeza… Que Deus abençoe a nossa amada Nação!”, escreveu a primeira-dama.
Flávio Bolsonaro também se manifestou logo depois e agradeceu os votos no pai.
“Obrigado a cada um que nos ajudou a resgatar o patriotismo, que orou, rezou, foi para as ruas, deu seu suor pelo país que está dando certo e deu a Bolsonaro a maior votação de sua vida! Vamos erguer a cabeça e não vamos desistir do nosso Brasil! Deus no comando!”, disse Flávio no Twitter.
Votos
Apesar da derrota, o chefe do Executivo brasileiro teve mais votos computados do que no segundo turno do ano de 2018, quando ele venceu Fernando Haddad (PT) para assumir o planalto.
O candidato do PL recebeu 58.206.354 votos em 2022 (49,10%). Há quatro anos, 57.797.487 brasileiros (53,13%) optaram por Bolsonaro no pleito eleitoral. Nestas eleições, Lula venceu com 60.345.999 de votos (50,9%), provocando a primeira derrota política do atual chefe do Executivo em sua carreira e interrompe uma trajetória de 33 anos na política.
Manifestações
Momentos após Bolsonaro perder as eleições, apoiadores do presidente bloquearam vias em vários estados do Brasil. Eles alegam fraude nas urnas, o que já foi descartado pelo TSE.
Reprodução/Twitter – 01.11.2022
Manifestação em Santa Catarina
A Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais ( FenaPRF ) e os Sindicatos dos Policiais Rodoviários Federais disseram, nesta terça-feira (1), que o “silêncio” do presidente Jair Bolsonaro sobre a derrota nas eleições causou problemas na “pacificação do país” .
As manifestações causaram congestionamentos em diversos pontos do país, inclusive na entrada do aeroporto de Guarulhos. Vários voos tiveram que ser cancelados, o que resultou em prejuízos para empresas de aviação e também para milhares de brasileiros.
Na noite de ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes autorizou o uso a PM nos Estados para conter as manifestações, diante da “omissão e inércia” da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Já nesta terça, o magistrado autorizou os policiais a prenderem em flagrante motoristas que estejam usando caminhões para bloquear as estradas e aplicação de multa diária de R$ 100 mil.