Nova joia negociada por agentes de Bolsonaro é descoberta pela PF

Polícia Federal suspeita que ex-presidente também tenha recebido objeto como presente de um país do Oriente Médio

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Pedro Sciola de Oliveira

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Jair Bolsonaro é investigado por se apropriar indevidamente de joias milionárias
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Jair Bolsonaro é investigado por se apropriar indevidamente de joias milionárias

A  Polícia Federal (PF) descobriu a existência de uma nova joia que teria sido enviada aos  Estados Unidos a pedido do ex-presidente  Jair Bolsonaro (PL). Segundo a investigação, emissários do ex-chefe do Executivo tentaram negociar a peça em território norte-americano, mas não obtiveram sucesso. As informações foram publicadas pela emissora CNN nesta segunda-feira (10).

A descoberta da PF ocorreu há poucas semanas, após diligências dos investigadores nos Estados Unidos. Um depoente ligado a uma das joalherias disse que a joia é cravejada de pedras preciosas e possui alto valor. O paradeiro da peça ainda é desconhecido. A suspeita é que Bolsonaro também tenha recebido o objeto como presente de um país do Oriente Médio quando era presidente.

Ainda segundo a publicação da CNN, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o coronel Mauro Cid , deve ser ouvido pela PF nos próximos dias. A ideia é obter mais informações sobre a origem, o tamanho e o destino do objeto. A investigação aponta que a nova joia não foi recomprada por aliados de Bolsonaro após o TCU ordenar a devolução dos itens.

Portal iG pediu um pedido de posicionamento para a defesa de Bolsonaro e aguarda um retorno.

Reta final do inquérito

A Polícia Federal está investigando se Jair Bolsonaro se apropriou indevidamente de joias milionárias dadas pela Arábia Saudita ao governo brasileiro . Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a finalização da apuração está prevista para o fim de junho.

Recentemente, a PF obteve acesso a imagens exclusivas e conduziu entrevistas que corroboram informações sobre a venda e recompra ilegal das joias que compunham o conhecido “kit ouro branco”.

O “kit ouro branco”, composto por anel, caneta, abotoaduras e um rosário islâmico (“masbaha”), todas adornadas com diamantes, foi recebido por Bolsonaro durante sua visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019. O conjunto também incluía um relógio Rolex, que foi comercializado separadamente em uma loja na Pensilvânia. O valor total do conjunto foi estimado em pelo menos R$ 500 mil.




Mauro Cid admitirá ter recebido ordens de Bolsonaro, diz advogado

“As provas estão aí, ele vai admitir”, afirmou o advogado responsável pela defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

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iG Último Segundo

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Mauro Cid durante depoimento na CPMI dos atos golpistas
Reprodução: TV Senado – 11/07/2023

Mauro Cid durante depoimento na CPMI dos atos golpistas

O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, disse na manhã desta segunda-feira (21) que o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (PL) apontará o ex-presidente como mandante do  esquema de venda de joias nos Estados Unidos.

“É uma confissão. [Cid] vai admitir. As provas estão aí, ele vai admitir. Mas isso é início de conversa. Nem falei com o delegado que está com a investigação”, disse a defesa do tenente-coronel à CNN Brasil

Segundo Cezar Bittencourt, Mauro Cid teria ouvido a seguinte frase de Jair Bolsonaro: “Resolve isso aí, Cid”.

“[Cid] efetuou a venda do relógio nos EUA, daí ia trazer para cá o resultado. Ele era assessor do chefe. Fez isso e procurou entregar para quem o determinou que fosse feito a venda”, disse Bitencourt.

“Ele era assessor, conhecia o presidente, tinha intimidade. Ele recebeu uma determinação e resolveu”, completou.A declaração do advogado é mais uma reviravolta sobre o caso. Na última quinta-feira (17), a defesa de Cid afirmou à revista Veja que seu cliente iria admitir ter vendido joias da Presidência nos Estados Unidos sob instruções do ex-presidente, entregando posteriormente o dinheiro ao antigo chefe.Menos de 24 horas depois,  Bittencourt voltou atrás e declarou que a confissão de seu cliente não trataria do esquema de desvio de joias sauditas recebidas por Jair Bolsonaro durante viagens oficiais. Na ocasião, Bittencourt culpou a revista por suposto erro de informação.

O caso

Segundo a Polícia Federal (PF), o tenente-coronel negociou joias e relógios nos Estados Unidos com a ajuda do pai, o general Mauro César Lourena Cid. A investigação diz ainda que os itens de alto valor foram omitidos do acervo público e negociados para o enriquecimento ilícito de Bolsonaro.

Na última sexta-feira (11), a PF deflagrou a Operação Lucas 12:2. O nome faz alusão a um versículo bíblico que diz: “não há nada escondido que não venha a ser descoberto”.

Foram alvos da operação o tenente-coronel Mauro Cid; o pai dele, o general do Exército Mauro Cesar Lourena Cid; o renente do Exército Osmar Crivellati; e o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.

Bolsonaro, embora tenha tido seu nome mencionado como integrante de uma suposta “organização criminosa”, não foi alvo da operação.

De acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STFAlexandre de Moraes, há “fortes indícios de desvios de bens de alto valor patrimonial” no caso das joias negociadas pelo entorno do ex-presidente.

Os objetos vendidos de maneira ilegal, segundo a PF, são, por enquanto: um kit da marca suíça Chopard, dois relógios (um da marca suíça Rolex, acompanhado por joias, e outro da marca suíça Patek Philippe) e duas esculturas douradas folheadas a ouro.