ENVELHECER COM DIGNIDADE Por Rui Leitao

Publicado no jornal A UNIÃO edição de hoje:

ENVELHECER COM DIGNIDADE Por Rui Leitao

O planeta Terra tem 13,9 % da sua população formada por pessoas com mais de 60 anos. No Brasil é de 15,1 %. Em 2030, o número de idosos deve superar o de crianças e adolescentes de zero a quatorze anos. Há, portanto, uma evolução etária que precisa ser encarada pelas políticas públicas. Em 2003, no seu primeiro mandato, o presidente Lula, promulgou o Estatuto da Pessoa Idosa, assegurando direitos básicos para as pessoas com mais de 60 anos. Foi a primeira iniciativa de governo em nosso país com o propósito de atender, de forma justa e adequada, essa parcela crescente e numerosa do povo brasileiro. Mas a forma de proteção designada à população idosa, como garantia legal, já estava incluída na Constituição Federal de 1988.

O que preocupa é a evidência de que esse grupo de idosos se concentra na população mais empobrecida do país, cidadãos e cidadãs destituídos de quase todos os direitos de cidadania. Vivem, então, numa condição de vulnerabilidade que requer novas perspectivas sociais, econômicas e ambientais, contra o preconceito e a exclusão. É preciso combater a desumanização do envelhecimento, exigindo tratamento prioritário e preferencial nos mais diversos aspectos da vida cotidiana. Normas protetivas que devem ter sua efetividade máxima alcançada, reconhecendo que a população idosa é detentora de direitos civis, políticos, individuais, sociais e culturais, colocando-a como protagonista de sua própria vida e responsável por suas próprias escolhas.

É necessário acabar com o entendimento de que a “velhice” seja associada a algum diagnóstico de doença O preconceito da idade, o etarismo, é um estigma inaceitável nos tempos atuais. Envelhecer com dignidade é um direito que deve ser garantido, em sendo um processo natural da vida que precisa ser encarado com atenção e respeito. Lamentável que nem todo mundo pense assim. O que vemos é uma realidade cruel em que se configura descaso da sociedade e, até mesmo, da própria família.

O envelhecimento deve ser analisado alem da dimensão biológica, mas com o olhar voltado para seus aspectos sócio-políticos, culturais e históricos. A participação social da pessoa idosa no processo democrático, oferece empoderamento no processo decisório e de controle das políticas públicas. Para alcançar a longevidade é preciso estar bem consigo mesmo, continuar vivendo num permanente aprendizado, cuidar da saúde física e mental, estabelecer boas relações sociais e procurar construir uma situação financeira tranquila, sem permitir que a idade biológica interfira na idade psicológica, fazendo com que se consiga reduzir os efeitos indesejáveis do envelhecimento físico.

No primeiro dia de outubro, no Brasil, se comemora o Dia Nacional do Idoso. Que a data possa, a cada ano, despertar a reflexão de que é possível fazer valer o que dispõe o Estatuto da Pessoa Idosa quando estabelece que “ao idoso sejam garantidas todas as oportunidades e facilidades para a preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade”.

Por Rui Leitão, Jornalista, advogado, poeta e escritor