E DAÍ? Por Rui Leitão

E DAÍ?

Por Rui Leitão

É lamentável que agentes políticos brasileiros se mostrem tão subservientes a quem insiste em posar como o “xerife do planeta”. Ignoram o fato de que o presidente dos Estados Unidos comanda hoje um império em declínio. A mais recente investida de Donald Trump contra autoridades brasileiras reacende um debate fundamental: onde termina a soberania nacional e onde começa a ingerência internacional?

Vivemos um momento de reconstrução democrática. Não podemos nos curvar aos interesses da extrema-direita global, capitaneada por um bravateiro que representa o que há de mais retrógrado na política mundial. Apoiar as declarações de Trump — que acusa o Brasil de “perseguir politicamente” o ex-presidente que responde por tentativa de golpe — é, antes de tudo, um gesto antipatriótico. Trata-se de uma afronta direta às instituições democráticas brasileiras e à independência do nosso Judiciário.

Mais que vergonhosa, é criminosa a postura submissa de algumas lideranças nacionais diante dessa ameaça. Estamos diante de um projeto internacional bem articulado, que visa desestabilizar democracias pelo mundo. Não é mais um simples embate ideológico; é uma guerra declarada da extrema-direita contra os valores democráticos.

A resposta firme do presidente Lula à provocação de Trump reforça a posição institucional do Brasil. Já os falsos patriotas, ao aplaudirem mais essa bravata, mostram sua preferência por um país submisso, colonizado. Não aceitaremos que estrangeiros tentem transformar réus em vítimas, nem que processos legais sejam rotulados como perseguições políticas.

É preciso responder a esses ataques com inteligência e coragem. A estratégia trumpista tem um alvo claro: deslegitimar o sistema de justiça brasileiro e manter viva a narrativa golpista. O incômodo com o protagonismo internacional de Lula é evidente. O Brasil, hoje, não se ajoelha mais diante da bandeira americana. Reafirma-se soberano, com instituições sólidas e uma convicção clara: ninguém está acima da lei.

O avanço dos BRICS, agora sob a presidência de Lula e ampliado com países como Irã, Egito, Etiópia, Argentina, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, também ajuda a explicar a reação norte-americana. A 17ª Cúpula do bloco, realizada no Rio de Janeiro, foi o pano de fundo ideal para que Trump tentasse blindar seu aliado brasileiro com declarações oportunistas. Na prática, trata-se de uma tentativa de sabotar a nova configuração geopolítica que emerge como alternativa ao domínio ocidental.

A “solidariedade” a Bolsonaro é, na verdade, um recado a Lula — típico de quem não tolera perder espaço. Trump nunca foi dado à empatia; é fiel apenas aos próprios interesses. E, por isso mesmo, sua bravata não merece mais que uma pergunta, no tom já conhecido do ex-presidente que ele defende: e daí?

Nada muda. Os processos judiciais contra a tentativa de golpe seguirão seu curso. E as instituições democráticas brasileiras estão prontas para enfrentar — e derrotar — qualquer ameaça, interna ou externa, à nossa soberania.

www.reporteriedoferreira.com.br  Por Rui Leitao- advogado, jornalista, poeta, escritor




Bolsonaro está fazendo dois exames cardíacos por dia, com medo dos efeitos da cloroquina

Para a opinião pública, Jair Bolsonaro tornou-se garoto propaganda da hidroxicloroquina como solução contra a Covid-19. Mas, com medo de efeitos colaterais, está fazendo eletrocardiograma duas vezes ao dia. A cloroquina, além de não ter eficácia comprovada contra a doença, tem risco de causar arritmia e já levou à morte muitos dos que usaram o medicamento

Jair Bolsonaro e cloroquina
Jair Bolsonaro e cloroquina (Foto: REUTERS/Adriano Machado | REUTERS/Diego Vara)

247 – Após dizer que está infectado pelo coronavírus, Jair Bolsonaro tem feito exames de eletrocardiograma duas vezes ao dia para monitorar possíveis efeitos colaterais da hidroxicloroquina. O remédio não tem comprovação científica e a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia suspendido seus testes após estudos apontarem o risco de arritmia.

A quantidade de exames cardíacos realizados por Bolsonaro é superior ao recomendado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para pacientes que usam a cloroquina como tratamento para a Covid-19. A entidade pede que sejam feitos exames no primeiro, terceiro e quinto dias do tratamento com o remédio.

Bolsonaro disse ter começado a fazer uso de hidroxicloquina com azitromicina. Segundo o jornal O Globo, médicos informaram que ele fará uso dos dois medicamentos por apenas cinco dias. Após esse período, os dois remédios serão suspensos.

Quatro funcionários que trabalham no Palácio do Planalto também estão com suspeitas de coronavírus. Dois tiveram febre, sendo um deles a secretária que cuida da agenda de Bolsonaro.

Depois de violar recomendações de autoridades de saúde ao estimular aglomerações, Bolsonaro disse na terça-feira (7) que está contaminado pela Covid-19 e voltou subestimar a doença. Em coletiva de imprensa, ele disse que os mais jovens não precisam entrar em “pânico” com a Covid-19.

No mês passado, Bolsonaro ele disse que “talvez tenha havido um pouco de exagero” na maneira como a pandemia foi tratada. Também chegou a classificá-la como uma “gripezinha”, em março, e perguntou “e daí?” ao ser questionado sobre os cinco mil mortos pela doença, em abril.

De acordo com a plataforma Worldometers, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking global de confirmações (1,7 milhão) e mortes (68 mil) provocadas pela doença. O País só perde para os Estados Unidos, com 3,1 milhões de casos e 134 mil óbitos.

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