O MOVIMENTO GOLPISTA NÃO MORREU Por Rui Leitao 

O MOVIMENTO GOLPISTA NÃO MORREU Por Rui Leitao

É preciso que continuemos atentos e fortes. A vitória eleitoral conquistada no ano passado não nos dá a tranquilidade de que as ameaças à democracia desapareceram por completo. O delírio golpista continua aceso. Os conspiradores seguem na espreita, intimidando os democratas brasileiros. Vencemos uma batalha, mas ainda não ganhamos a guerra. O fascismo trabalha sua reorganização.

Têm aversão ao debate ético. Apelam para as mentiras na busca incessante de tentar desgastar um governo que está dando certo. Embora inelegível, o ex-presidente ainda consegue ser ouvido pelos que pensam como ele. Seus apoiadores, apesar das evidências da prática de crimes, recusam aceitar os fatos incontestáveis como verdadeiros. Parte do seu público se mantém fiel. As pautas cheias de ódio e preconceito retomam os discursos nas redes sociais, com o espalhamento desenfreado da desinformação.

Os grupos extremistas não foram exterminados. É bom lembrar que o Congresso eleito nas eleições do ano passado tem um perfil ideologicamente bem mais conservador do que o das legislaturas pretéritas, obrigando um presidente progressista a fazer concessões que possam garantir a governabilidade. Nele encontramos parlamentares que promovem a cizânia, líderes medíocres que não sabem viver numa democracia. Desrespeitam a ciência, defendem pautas retrógradas e não aceitam a pluralidade de pensamento.

Uma direita histérica, radical, mas barulhenta, insiste em atacar as instituições democráticas e republicanas. A nossa sorte é que são desqualificados, culturalmente despreparados, incapazes de desenvolver um debate de ideias com racionalidade. Quem pensa diferente deles não é patriota, nem cristão, é comunista, segundo definem. Estamos, então, diante da luta da civilização contra a barbárie.

Ainda que o principal líder da extrema direita brasileira tenha se desidratado, não dá para deixar de reconhecer que em torno de 25 % dos brasileiros ainda lhe devota fidelidade. Todavia, o golpismo é muito mais uma ação retórica do que um planejamento inteligente capaz de se efetivar. Mas essa possibilidade de ruptura fica sendo alimentada, até para que se mantenha o grupo mais fiel unido. É um movimento que gerou frutos em alguns setores da sociedade brasileira e levará décadas para que possamos respirar os ares da democracia inteiramente tranquilos, livres das ameaças golpistas.

www,reporteriedoferreira.com.br Por Rui Leitão- jornalista, advogado, poeta e escritor




PORQUE A DIREITA REJEITA PAULO FREIRE: Escrito Por Rui Leitao

 

PORQUE A DIREITA REJEITA PAULO FREIRE: Escrito Por Rui Leitao

 

Temos assistido com muita frequência manifestações de ataques à memória de Paulo Freire. Porque será que o patrono da educação brasileira tanto incomoda a direita? O seu trabalho em favor da educação é reconhecido no mundo inteiro. Mas no Brasil de agora, o próprio governo insiste em ignora-lo.

Mas a resposta vem com facilidade. O educador pernambucano foi considerado subversivo pela ditadura militar, forçando-o, inclusive, ao exílio, em razão do seu projeto pedagógico que buscava a conscientização política do povo, objetivando a emancipação social e cultural das classes menos favorecidas e excluídas das políticas públicas. Esse é o grande motivo de tanta rejeição. Como o governo atual se mostra admirador do sistema de repressão que vivemos após o golpe de 1964, tudo o que naquele tempo se fazia ou condenava, recebe a aprovação dos que estão eventualmente no poder. Segundo os ditadores, conforme consta em documentos que determinavam a sua prisão, Paulo Freire era “homem notoriamente ligado à política esquerdista”.

Uma de suas obras mais conhecidas é a “Pedagogia do Oprimido”. Claro que os conservadores e reacionários de direita nunca aceitariam tal orientação educacional. É o que chamam de “doutrinação de esquerda”. Predomina a justificativa ideológica das classes dominantes que não quer considerar o povo como sujeito de direitos. A concepção freiriana entendia a educação como um ato político e de cultura. Tudo o que não deseja os que o renegam.

A educação tem que ser democrática, participativa, oferecendo condições a que cada cidadão participe efetivamente da construção de sua nação. Por isso foi, e está sendo considerado novamente, “elemento perigoso”, uma vez que contraria os que querem um sistema de ensino que se afaste de qualquer caráter social. A escola tem que ser base para a formação de cidadania.

Portanto, não é de se estranhar esse abespinhamento da direita brasileira com Paulo Freire, um dos educadores, pedagogos e filósofos mais consultados pelas universidades do mundo inteiro. Para ele “estudar não é um ato de consumir idéias, mas sim de criá-las e recriá-las”. Negar o seu legado é o interesse maior desse movimento contemporâneo ultraconservador no Brasil.

 

www.reporteriedoferreira.com.br  Por  Rui Leitão, Jornalista, advogado e escrito.