Queimadas: Dino determina regime de emergência climática para combate ao fogo

Ministro assinou documento neste domingo (15) facilitando a contratação de brigadistas

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iG Último Segundo

|15/09/2024 16:40

Dino diz que acordo sobre emendas ainda passará pelo plenário do STF
Agência Brasil

Dino diz que acordo sobre emendas ainda passará pelo plenário do STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino deu autorização ao governo federal para emitir créditos extraordinários fora da meta fiscal (sem impacto nos balanços do governo) até o fim do ano para combater as  queimadas que afetam 60% do país. A decisão de 40 páginas, a qual o blog da Daniela Lima, do g1, teve acesso,  foi assinada neste domingo (15).

No texto, Dino determinou uma flexibilização na regra para a manutenção e contratação de brigadistas , assim não é necessário aguardar o prazo exigido hoje pela lei de três meses para a recontratação de quadros que já prestaram serviço na área.

O ministro ainda afirmou que é necessário o embarque da Polícia Federal nas investigações que apontam ação humana na maior parte do  fogo que atinge o Pantanal e a Amazônia.

Em relação à flexibilização de regras do marco fiscal , Dino disse que “não podemos negar o máximo e efetivo socorro a mais da metade do nosso território, suas respectivas populações e toda a flora e fauna da Amazônia e Pantanal, sob a justificativa de cumprimento de uma regra contábil não constante na Carta Magna, e sim do universo infraconstitucional”.

De acordo com ele, “pode-se dizer que as consequências negativas para a Responsabilidade Fiscal serão muito maiores devido à erosão das atividades produtivas vinculadas às áreas afetadas pelas queimadas e pela seca do que em decorrência da suspensão momentânea, e apenas para estes últimos quatro meses do exercício financeiro de 2024, da regra do § 7o do art. 4o da Lei de Responsabilidade Fiscal”.

Já quando se trata dos brigadistas, “para possibilitar a imediata recontratação temporária de pessoal a fim de prestar serviço na prevenção, controle e combate de incêndios florestais, durante este ano de 2024, sem qualquer alteração do regime jurídico de trabalho”.

Queimadas

A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) estima que  mais de 10 milhões de brasileiros foram diretamente afetados pelos incêndios florestais que ocorreram no país desde o início de agosto. Esse número não inclui a população total dos municípios afetados.

 

De acordo com a CNM, 531 cidades brasileiras decretaram estado de emergência devido às queimadas. Houve um aumento no número de pessoas impactadas e no número de municípios em estado de emergência em comparação ao ano anterior.

Todos os estados brasileiros reportaram ao menos um município nessa situação, com destaque para Mato Grosso, Tocantins e São Paulo, que concentram o maior número de decretos de emergência.




Transparência: Dino suspende emendas impositivas até que Congresso crie regras

Fachada do STF em 11 de junho de 2024. Foto: Andressa Anholete/SCO/STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu todas as emendas impositivas apresentadas por deputados federais e senadores ao orçamento da União, até que o Congresso edite novos procedimentos para que a liberação dos recursos observe os requisitos de transparência, rastreabilidade e eficiência. Ficam ressalvados, no entanto, os recursos destinados a obras já iniciadas e em andamento ou a ações para atendimento de calamidade pública formalmente declarada e reconhecida.

Emendas impositivas são todas as emendas individuais de transferência especial (PIX), emendas individuais de transferência com finalidade definida e emendas de bancadas.

A decisão liminar, que será submetida para referendo do Plenário, foi tomada na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7697, em que o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) questiona dispositivos das Emendas Constitucionais (ECs) 86/2015, 100/2019, 105/2019 e 126/2022 que tornaram obrigatória a execução dessas emendas parlamentares.

Em análise preliminar do pedido, o ministro considerou incompatível com a Constituição Federal a execução de emendas ao orçamento que não obedeçam a critérios técnicos de eficiência, transparência e rastreabilidade. Dino frisou que as emendas parlamentares impositivas devem ser executadas nos termos e nos limites da ordem jurídica, e não ficar sob a liberdade absoluta do parlamentar autor da emenda.

O rito estabelecido com as emendas constitucionais, a seu ver, tira grande parte da liberdade de decisão do Poder Executivo sobre a implementação de políticas públicas e transforma os membros do Poder Legislativo em uma espécie de “co-ordenadores de despesas”. Ainda de acordo com o relator, as alterações na Constituição Federal não podem ir contra cláusulas pétreas, como o princípio da separação de Poderes.

O ministro assinalou, ainda, que é dever do Poder Executivo verificar, de modo motivado e transparente, se as emendas estão aptas à execução, conforme requisitos técnicos constantes da Constituição Federal e das normas legais.

Leia a íntegra da decisão.

 




HADDAD MATOU A NOSSA SAUDADE DE FLÁVIO DINO Por Rui Leitao 

HADDAD MATOU A NOSSA SAUDADE DE FLÁVIO DINO Por Rui Leitao

O ministro Fernando Haddad matou nossa saudade de Flávio Dino ontem na Câmara dos Deputados. Deu um show de argumentação técnica. Tendo sido convidado para participar de uma audiência na Comissão de Finanças e Tributação, onde o objetivo seria debater sobre a política econômica, se viu obrigado a enfrentar os costumeiros bate bocas provocados por uma bancada de parlamentares que vem se destacando pelo protagonismo em espetáculos de patetices, sem qualquer compromisso com a discussão de temas que deveriam ser levados a sério. O feitiço virou contra os feiticeiros. Ao invés de ser “lacrado” com a produção de vídeos para publicação na internet, como sempre fazem, foi ele quem “lacrou”. Não deixou qualquer provocação sem resposta inteligente e de fina ironia.

O grande problema é que os idiotas também se elegem. Claro, porque têm eleitores que se assemelham no comportamento irresponsável. Eles participam de processos eleitorais optando por escolhas que contrariem a prática da boa política. Não diria que são votos de protestos, são exercidos por idiotas em suas mais diversas versões ─ o espertalhão, o otário, o vigarista, o fanático, o farsante, o bobo alegre, etc. Então, têm que determinar suas preferências como se estivessem olhando no espelho.

Cultura e inteligência não são atributos necessários para que possam definir suas opções na hora de exercer o sufrágio nas urnas. Não têm noção do alto custo da irracionalidade política, quando colocam em cargos eletivos pessoas intelectualmente limitadas, e, portanto, desqualificadas, para o exercício dos cargos para os quais foram guindados nos processos eleitorais.

O tiro saiu pela culatra. Haddad, como era de se esperar, esbanjou conhecimento de economia, sempre falando com calma e tratando todos com a urbanidade que caracteriza sua personalidade. Mas, não perdeu oportunidade para responder com pitadas de humor inteligente aos que tentaram “enquadrá-lo”. Como se diz na gíria popular “foram jantados” pelo ministro. Os lacradores da extrema direita brasileira tiveram que se render às suas insignificâncias. Ficaram impedidos de fazer recorte nas redes sociais para ganhar apoio da base. A mediocridade dessa bancada parlamentar composta por negacionistas, reacionários e, acima de tudo, inconsequentes, se viram incapazes de repetir as costumeiras estultices, uma vez que encontraram alguém com a capacidade de enfrentar debates, ainda que fugindo do tema de seriedade, com inteligência e responsabilidade. Se não temos mais o Flávio Dino, ganhamos o Fernando Haddad. Só lamento que o tempo de um ministro tão importante para o país, seja perdido com a necessidade de responder a questionamentos dos que se prestam às atividades da “baixa política”.

Rui Leitão- advogado, jornalista, poeta, escritor




Dino participa de 1ª sessão presencial no plenário do STF nesta quarta

Novo ministro poderá votar no processo que avalia as chamadas “sobras eleitorais” nas eleições para deputados e vereadores; entenda

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iG Último Segundo

|28/02/2024 10:37

Ministro do STF Flávio Dino
Gustavo Moreno/SCO/STF

Ministro do STF Flávio Dino

O recém-empossado  ministro Flávio Dino participa nesta quarta-feira (28) da primeira sessão de julgamentos no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Dino poderá votar no processo das sobras eleitorais, as vagas não preenchidas na eleição para deputados e vereadores.

Embora o julgamento já tenha sido iniciado, a ministra aposentada Rosa Weber, sua antecessora, não apresentou o voto nas antigas sessões. O caso é o segundo do plenário nesta quarta, e retorna à pauta da sessão após o pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Kassio Nunes Marques.

A ministra  Cármen Lúcia havia pedido rapidez no retorno à pauta, pois a Corte Eleitoral precisa definir até o dia 5 de março as regras que vão valer para as eleições de 2024.

Entenda o que são sobras eleitorais

Nas disputas para o Legislativo – deputados e vereadores –, a eleição é proporcional, diferente da eleição para presidente ou governador, que se define de forma majoritária (ou seja, o candidato com mais votos vence).

Na eleição para deputados e vereadores, o eleitor pode escolher se vota na sigla do partido ou no candidato. Ainda que vote no candidato em específico, o processo computará o voto para o partido.

Além disso, esse tipo de votação proporcional utiliza um número calculado pela Justiça, de nome quociente eleitoral, que leva em conta a quantidade de eleitores e de vagas em disputa.

Esse número estabelece a quantidade mínima de votos que um partido precisa para eleger um candidato. Se o partido atinge a quantidade determinada pelo quociente eleitoral uma vez, tem direito a eleger seu candidato mais bem votado. Se atinge duas vezes, elege seus dois mais votados, e assim de maneira sucessiva.

A quantidade de votos recebida por todos os partidos, porém, não é um número redondo do quociente eleitoral, e essa parcela restante se chama “sobras eleitorais”.

Como são divididas as sobras eleitorais

Desde 2021, as sobras eleitorais exigem requisitos mínimos para que partidos e candidatos participem da distribuição. Anteriormente, não importava o quociente eleitoral, e um candidato poderia ser eleito na regra das sobras sem que o partido atingisse o quociente.

Os critérios da nova lei determinam que o partido tenha recebido votos correspondentes a pelo menos 80% do quociente eleitoral e que o candidato a ocupar a vaga tenha obtido votos correspondentes a, no mínimo, 20% do quociente eleitoral.

Três ações dos partidos Rede, Podemos, Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Progressista contestam as alterações na lei eleitoral de 2021. Representantes das siglas afirmam que as mudanças de 2021 são inconstitucionais, criando uma barreira.

Deputados podem perder o mandato

Segundo o  Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo menos 7 deputados federais podem perder os cargos, caso a interpretação do STF recaia sobre a eleição da Câmara dos Deputados em 2022. São eles:

  • Silvia Waiãpi (PL-AP)
  • Sonize Barbosa (PL-AP)
  • Goreth (PDT-AP)
  • Augusto Pupiu (MDB – AP)
  • Lázaro Botelho (PP- TO)
  • Gilvan Máximo (Republicanos-DF)
  • Lebrão (União Brasil-RO)




Dino propõe exclusão de militares e juízes que cometerem crimes graves

Dino ressaltou neste domingo (18) a importância de uma medida mais enérgica em casos de condutas ilícitas

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Naian Lucas Lopes

O senador Flávio Dino (PSB-MA), que está prestes a tomar posse no Supremo Tribunal Federal neste mês, anunciou que apresentará uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) com o objetivo de determinar a expulsão de juízes, promotores ou militares que cometerem crimes graves. Dino ressaltou neste domingo (18) a importância de uma medida mais enérgica em casos de condutas ilícitas.

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“Amanhã apresentarei ao Senado, visando às assinaturas de apoio, Proposta de Emenda à Constituição (PEC) deixando claro, definitivamente, que juízes, promotores ou militares que cometerem delitos graves devem ser EXCLUÍDOS do serviço público. E não ‘aposentados compulsoriamente’ ou beneficiados mediante ‘pensão por morte ficta ou presumida'”, destacou.

O projeto surge em um momento em que denúncias contra militares têm surgido nas últimas semanas, especialmente relacionadas a um suposto plano de tentativa de golpe de Estado.

‘Parece que teve conivência de alguém’, diz Lula sobre fuga em Mossoró
A Operação Tempus Veritatis revelou indícios do envolvimento de militares de alta patente, políticos ligados ao PL e o ex-presidente Jair Bolsonaro em um plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme ocorreu em 8 de janeiro.

Flávio Dino argumentou que não há justificativa para um tratamento diferenciado em relação a outros servidores públicos que cometem crimes graves, como corrupção ou delitos de gravidade similar.




Justiça: Dino e Lewandowski começam a discutir transição nesta segunda

A posse do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) na Justiça está marcada para 1º de fevereiro

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iG Último Segundo

|22/01/2024 15:48

Atualizada às 22/01/2024 15:51Lula anuncia Lewandowski para o Ministério da Justiça, ao lado de Flávio Dino e Janja

Ricardo Stuckert/PR – 11.01.2024

Lula anuncia Lewandowski para o Ministério da Justiça, ao lado de Flávio Dino e Janja

Nesta segunda-feira (22), ocorre a primeira reunião entre o atual e o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino e Ricardo Lewandowski, para discutir a transição da pasta.

Lewandowski sugeriu o encontro. A posse ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na Justiça será no dia 1º de fevereiro.

O novo ministro foi anunciado no dia 11 e já começou a montar sua equipe. Até o momento, ele convidou o procurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) — área que garantiu ser sua prioridade. Sarrubbo é próximo do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Além disso, ele convidou Ana Maria Alvarenga Mamede Neves, com quem trabalha desde 2010, para ser sua chefe de gabinete. Ela ocupava a mesma posição na equipe do ex-ministro quando ele trabalhava no STF.




Lula indica Flávio Dino ao STF e Paulo Gonet para a PGR

Presidente da República fez o anúncio da escolha nesta segunda-feira (27), antes de viagem internacional

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|27/11/2023 14:06

Atualizada às 27/11/2023 14:12Flávio Dino e Paulo Gonet foram indicados por Lula (PT) ao STF e PGR, respectivamente

Ricardo Stuckert/PR – 27.11.2023

Flávio Dino e Paulo Gonet foram indicados por Lula (PT) ao STF e PGR, respectivamente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), e  Paulo Gonet, atual procurador-geral eleitoral, para o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (27), antes da  viagem do mandatário brasileiro para o Oriente Médio e Alemanha.

A expectativa do governo é que os nomes de Dino e Gonet sejam aprovados no Senado antes do recesso parlamentar, que se inicia em 23 de dezembro. Lula anunciou a decisão após uma demora inédita de 50 dias com os cargos vagos. Dino foi um dos primeiros nomes cogitados à vaga deixada pela ministra Rosa Weber, tido desde o início como o favorito dos ministros Gilmar Mendes e  Alexandre de Moraes.

Outros dois nomes que ganharam tração ao longo da espera foram o de  Jorge Messias, atual Advogado-Geral da União, e Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União.

Flávio Dino tem 55 anos e nasceu em São Luís (MA). Ele foi juiz federal antes de iniciar sua carreira política e presidiu a Embratur no governo de Dilma Rousseff (PT). Foi deputado federal e governador do Maranhão por dois mandatos (2015–2022) e, atualmente, é o ministro da Justiça.

Paulo Gonet tem 62 anos, ingressou no Ministério Público Federal (MPF) em 1987 e, nos anos 1990, criou com  Gilmar Mendes o Instituto Brasileiro de Direito Público (IDP). Gonet se encontrou com o presidente em setembro, quando o petista também se reuniu com o subprocurador  Antonio Bigonha, que igualmente pleiteava o cargo.

Desde a saída de Augusto Aras, Elizete Ramos ocupa interinamente o cargo. Aras chegou a tentar uma recondução, mas desconsiderada pelo presidente por seu passado próximo a  Jair Bolsonaro (PL).




Indicado para o STF, Dino diz que vai dialogar por apoio de senadores

Ministro precisa passar por sabatina no Senado antes de ter indicação aceita

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|27/11/2023 15:42

Ministro da Justiça, Flávio Dino, foi indicado para vaga no STF
Tomaz Silva/Agência Brasil – 08/11/2023

Ministro da Justiça, Flávio Dino, foi indicado para vaga no STF

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva  (PT) para ocupar uma vaga do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira (27) que irá “dialogar em busca do honroso apoio dos colegas senadores e senadoras”.

“O presidente Lula me honra imensamente com a indicação para Ministro do STF. Agradeço mais essa prova de reconhecimento profissional e confiança na minha dedicação à nossa Nação. Doravante irei dialogar em busca do honroso apoio dos colegas senadores e senadoras. Sou grato pelas orações e pelas manifestações de carinho e solidariedade”, afirmou Dino em publicação no Twitter.

A indicação de Lula precisa do apoio do Senado para se concretizar. Nesta segunda, o presidente da Casa,  Rodrigo Pacheco, disse que Dino passará por sabatina ainda este ano.  Depois da sabatina, Dino precisa ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado.




Caso das joias: Flávio Dino comenta silêncio de Bolsonaro e Michelle

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, falou sobre os depoimentos de Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro

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|31/08/2023 15:28

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino
Marcelo Camargo/Agência Brasil – 24/07/2023

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), ressaltou nesta quinta-feira (31) que o “silêncio é um direito” dos investigados em depoimentos relacionados ao caso das joias recebidas como presentes por comitivas oficiais do governo Bolsonaro em viagens internacionais. A decisão sobre a interpretação desses depoimentos, segundo Dino, fica a cargo do judiciário.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o advogado Fábio Wajngarten e o militar Marcelo Câmara são alguns dos envolvidos que optaram por manter o silêncio em seus depoimentos. As defesas dos investigados alegam que a tramitação do inquérito no Supremo Tribunal Federal, e não na primeira instância da Justiça Federal, motivou a decisão de não responder às perguntas dos investigadores.

As investigações se concentram em um esquema de venda ilegal de joias recebidas como presentes por comitivas oficiais durante viagens internacionais do governo Bolsonaro. O foco está na possível comercialização dos itens valiosos, o que poderia caracterizar um crime, considerando que tais presentes são patrimônio público.

O processo inclui oito indivíduos sob investigação, entre eles Mauro Cid, Mauro Lourena Cid, Frederick Wassef, Fábio Wajngarten, Marcelo Câmara e Osmar Crivellati. Para evitar possíveis combinações de respostas, todos prestam seus depoimentos simultaneamente na Polícia Federal.

Flávio Dino ressaltou que as investigações em andamento não têm um viés político, e sim buscam elucidar os fatos relacionados à possível venda irregular de joias oficiais.

“Na medida em que tudo que é feito tem amparo na lei e em autorização judicial, fica evidente que não há nenhum caráter político. Pelo contrário, faço questão de frisar que a atitude da PF tem sido legal, marcada pela discrição e pela técnica. Agora, pessoas investigadas e contrariadas, claro que se consideram eventualmente injustiçadas. Mas tudo está feito de acordo com provas”, comentou o ministro em entrevista ao programa Estúdio i.




Dino ganha força na Esplanada como nome para assumir vaga de Rosa Weber no STF

Flávio Dino. Foto: Reprodução/Facebook

Por Wesley Oliveira e Renan Ramalho

O nome do ministro da Justiça, Flavio Dino, tem ganhado força nos bastidores da Esplanada dos Ministérios e é um dos cotados para assumir a vaga da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF). A atual presidente da Corte se aposenta em outubro, o que vai possibilitar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faça uma nova indicação ainda neste ano. Recentemente, o petista emplacou o nome do seu advogado, Cristiano Zanin, na vaga deixada por Ricardo Lewandowski.

Integrantes do governo ouvidos pela Gazeta do Povo admitem que o nome de Dino passou a ser considerado diante de sua proximidade com Lula e de sua experiência jurídica. O atual ministro da Justiça fez carreira como juiz federal, foi presidente da Associação Nacional de Juízes Federais, membro do Conselho Nacional de Justiça e deixou a magistratura para ingressar na política em 2006, quando se elegeu deputado federal pelo Maranhão.

Além disso, Dino vem adotando um tom menos radical nas últimas semanas, apesar de sua participação no congresso da UNE, quando assumiu que busca uma regulamentação das redes sociais por causa da proliferação de ideias de direita. A mudança de tom do ministro foi interpretada pelos colegas de governo como um movimento para pavimentar sua indicação ao STF. Antes disso, ele vinha sendo um dos principais responsáveis pelos embates com nomes da oposição na internet e nas audiências públicas no Congresso Nacional.

A avaliação dentro do Palácio do Planalto é de que caso o ministro sinalize ao presidente que deseja voltar para a carreira no Judiciário, Lula não apresentaria objeções de indicá-lo. O ministro diz que está feliz com a atual função no governo e garante que nunca tratou do tema com o chefe do Executivo.

Indicação de Flávio Dino conta com apoio de ministros do STF

Dentro do STF, uma eventual indicação de Flávio Dino não seria mal recebida pelos ministros da Corte. O ex-governador é conhecido no meio jurídico – seu irmão, por exemplo, é o subprocurador Nicolão Dino, muitas vezes cotado para o comando da Procuradoria-Geral da República – e convive bem com a nata da advocacia, sempre presente em julgamentos, audiências, solenidades e eventos jurídicos.

Neste ano, ele ganhou mais simpatia dentro do STF por se juntar a uma luta dos ministros em prol da regulamentação das redes sociais. Além da pressão junto ao Congresso Nacional para aprovar o PL das Fake News, Dino tomou medidas no próprio Ministério da Justiça para pressionar as big techs a controlar mais o que trafega em suas plataformas.

Com a Polícia Federal sob seu comando, passou a colaborar com Alexandre de Moraes nos criticados inquéritos contra os “atos antidemocráticos” e as “milícias digitais”, especialmente após o 8 de janeiro. Dino, aliás, permanece blindado por Moraes na investigação sobre o caso, apesar das inúmeras tentativas de parlamentares de direita de acusá-lo de omissão na segurança da Praça dos Três Poderes, no dia da invasão.

Outro ativo de Dino é sua interlocução estreita com o mundo político. Ex-governador e senador licenciado, ele tem contatos no PCdoB, por onde passou, e no PSB, seu atual partido, mas também no campo da esquerda em geral.

Outros nomes correm por fora na busca pela vaga de Rosa Weber

Como acontece com qualquer outro novo candidato ao STF, pesa contra sua eventual indicação a existência de uma longa fila de interessados que se apresentaram antes. Dentro do STF, há ministros que preferem nomes próximos de colegas do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os mais fortes hoje são Luís Felipe Salomão e Benedito Gonçalves.

Há anos eles compõem a lista de favoritos, mas agora ganharam força porque tiveram atuação determinante, ao lado de Moraes, para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro à inelegibilidade, e também para desgastar e cassar o mandato de deputado do ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que foi coordenador da força-tarefa da Lava Jato.

Outro interessado na vaga, e que também se empenhou para a cassação de Dallagnol, é o atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. Foi dele a iniciativa para cobrar R$ 3 milhões do ex-chefe da Lava Jato pelas diárias e passagens pagas a ex-integrantes da força-tarefa de Curitiba.

O grupo Prerrogativas, formado por advogados que militam contra a Lava Jato e que tem influência sobre Lula, tem vários outros nomes preferidos, como os dos professores Pedro Serrano e Lenio Streck, das advogadas Dora Cavalcanti, Flávia Rahal e Carol Proner, além da desembargadora Simone Schreiber.

Dino usa programa para viajar pelo país e pavimenta possível candidatura ao Planalto no pós-Lula

Além de ser cotado para assumir uma cadeira no STF, o nome de Flávio Dino é apontado como um dos presidenciáveis da esquerda no pós-Lula. A avaliação é de que o ministro tem aproveitado sua atuação na pasta para pavimentar uma possível candidatura ao Planalto em 2026 ou em 2030.

Aos seus interlocutores, Dino tem enfatizado que gosta de ser político e não se arrependeu da opção que fez no passado, ao deixar a magistratura para ingressar na política. Uma cadeira no STF, no entanto, não é descartada inteiramente por parte do ministro da Justiça de Lula.

Em meio a essas movimentações, Flavio Dino tem rodado o país para promover o lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). O projeto, no entanto, ainda não foi finalizado pelos técnicos do ministério da Justiça.

Ao todo, o chefe da pasta já rodou 16 estados do Brasil para divulgar o programa que tem como objetivo a redução dos índices de violência e promover a cidadania. A avaliação interna do Planalto é de que o Pronasci será uma vitrine de projeção para Flávio Dino dentro do governo Lula. Com o Pronasci, o ministro já entregou, por exemplo, cerca de 200 viaturas para cidades de todo o país.

“Trago equipamentos, trago armamentos, trago viaturas, sobretudo para esta causa, a causa da proteção das mulheres. Se nós queremos, como queremos, de fato, prestigiar as famílias, nós temos que combater o feminicídio. Nós nunca teremos uma país justo enquanto as pessoas acharem que podem matar mulheres”, disse Dino durante passagem por Goiânia na semana passada.

Na agenda, Dino prometeu entregar para Goiás 58 viaturas, nove drones, 40,5 mil munições, além de pistolas e outros equipamentos para as forças policiais. O total de investimento no estado ultrapassa R$ 9 milhões, de acordo com a pasta.