DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA Por Rui Leitao
DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA Por Rui Leitao
Esse é o lema que marcou o movimento conhecido na História como Ação Integralista Brasileira, em 1932, liderado por Plínio Salgado, inspirado no fascismo italiano. Em 2022 o candidato à reeleição se apropriou dele e foi assim que se despediu no debate promovido pela TV Bandeirantes.
O integralismo dava ênfase à figura do chefe como fonte máxima de poder. Algo muito parecido com a postura autoritária do ex mandatário da Nação, desrespeitando as instituições democráticas e chegando a dizer “a Constituição sou eu”. Comportamento próprio dos regimes totalitários, onde a palavra do líder jamais pode ser questionada. Sua propaganda doutrinária se baseia num falso moralismo e amor cívico.
Para sorte nossa esse movimento não foi bem aceito. Ficou facilmente percebido que havia um interesse em ludibriar a mente dos brasileiros sendo alvo, portanto, de severas críticas. Apresentava-se, falsamente, como um movimento de renovação social, mental e política. O medo do comunismo colocado como pauta na retórica proclamada, estimulando a luta contra o “inimigo interno”.
A bandeira da trilogia: Deus, Pátria e Família, defendida ardorosamente, tentando passar a impressão de que eles são os únicos que se interessam pelo destino da Nação, com as bênçãos divinas e pregando o falso moralismo. Fundamentam-se na ideia da luta do bem contra o mal. O legado integralista está presente na política contemporânea nacional. A extrema direita o adota como fonte doutrinária. A expansão do neopentecostalismo no Brasil, por sua vez, acompanha a consolidação e a amplificação do discurso dominante do mercado.
Repetem-se os discursos da valorização nacional ufanista, da defesa da família tradicional, dos valores morais, contra a ilusória ameaça comunista. O integralismo fracassou no Brasil, o que nos anima a acreditar que o movimento contemporâneo que se assemelha, também não terá vida longa. Num país pluricultural como o nosso, desconsiderar as diferenças entre os cidadãos, usando o nome de Deus em vão e, na prática, contrariando o discurso moralista, não prospera. Articulações golpistas perceptíveis provocam uma reação coletiva em sentido contrário. No Brasil ninguém é contra Deus, Pátria e Família. O Deus cristão zela pelo amor ao próximo, não prega o armamentismo, nem homenageia torturadores. Ele é paz, fraternidade e justiça social. Não estimula os discursos de ódio. Não divide, Ele une.
www,reporteriedoferreira.com.br. Por Rui Leitão- Jornalista, advogado, poeta, escritor