PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Tanto cresceu a cidade que nem “doidos” temos mais; Sérgio Botelho

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Tanto cresceu a cidade que nem “doidos” temos mais
Sérgio Botelho
– João Pessoa, em seus tempos de perímetro urbano mais restrito, era uma cidade em que os caminhos de todos acabavam se cruzando inevitavelmente. Locais como o Ponto de Cem Réis, a Lagoa e a Praça João Pessoa não eram apenas áreas centrais: eram passagens obrigatórias, espaços inevitáveis da cidade. Neles, o fluxo humano era constante e compartilhado — do comerciante ao estudante, do funcionário público ao andarilho.
Essa conformação física da cidade favoreceu o surgimento de figuras populares que, mesmo depois de mortos, mantêm a fama. Muitos desses personagens cumpriam, mesmo que informalmente, uma função simbólica e social na cidade. Eram, ao mesmo tempo, motivo de riso e reflexão, de temor e de carinho. Representavam um tipo de liberdade que escapava às normas e às incontáveis patologizações de hoje e davam ao cotidiano urbano um toque de teatralidade e surpresa. Eram sensores de humor, portadores de críticas involuntárias, espelhos de uma sociedade que neles também se reconhecia.
A memória pessoense registra um grande número dessas figuras notáveis, algumas mais outras menos, que marcaram a vida da cidade. Grão de Bico, Tenente da Gelada, Macaxeira, Mocidade, Caixa d’Água,
David Dono do Mundo, Vassoura, Chinelo, Carboreto, Manezinho Luna, Doutor Cagão são algumas das figuras de forte presença memorial na capital paraibana.
O padeiro irritadiço, o inabalável admirador do ex-presidente João Pessoa, o piloto sem carro, o tribuno admirável, o poeta noctívago, o devoto de status e poderes, a cavaleira intrépida, o mendigo existencialista, o moço em busca do progresso pessoal, o alcóolatra e o impaciente senhor de terno amarrotado, todos marcaram época no correr da história pessoense.
A foto é de Mocidade, feita por Antônio David.
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www.reporteriedoferreira.com.br Por Sergio Botelho- Jornalista, poeta, escritor