Presidente da Coreia do Sul escapa de impeachment após base do governo boicotar votação

Deputados governistas deixam plenário do Parlamento antes da votação, tornando o quórum insuficiente

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iG Último Segundo

|07/12/2024 11:07

Sul-coreanos protestaram fora da Assembleia Nacional pedindo o impeachment do presidente
AFP

Sul-coreanos protestaram fora da Assembleia Nacional pedindo o impeachment do presidente

presidente da Coreia do Sul , Yoon Suk Yeol , escapou de um impeachment neste sábado (7), depois que a oposição não conseguiu reunir apoio suficiente para removê-lo do cargo. A tentativa aconteceu dias após a aplicação de uma lei marcial, que foi revogada, imposta pelo presidente, vista como uma tentativa de autogolpe no país.

Os deputados do  governista PPP (Partido do Poder do Povo) , ao qual pertence Yoon, boicotaram a sessão de votação do impeachment: entre os 108 aliados do presidente, apenas três congressistas, Ahn Cheol-soo, Kim Yea-ji e Kim Sang-wook, permaneceram no plenário, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

O porta-voz da Assembleia afirmou que o número de votos não atingiu quórum necessário, inviabilizando o processo. “O povo sul-coreano estava observando nossa decisão hoje. Nações ao redor do mundo estavam nos observando. É totalmente lamentável que a votação efetivamente não tenha ocorrido”, disse Woo Won-shik, em fala publicada pelo jornal The New York Times.

Reações populares

Do lado de fora da Assembleia Nacional, em Seul, uma multidão se reunia para pressionar pela aprovação do impeachment . Os trens do metrô não paravam nas duas estações próximas. A entrada do prédio estava bloqueada; o público acompanhava com gritos de protesto e músicas populares sul-coreanas.

Às 19h15 (7h15 no horário de Brasília), o amplo gramado estava inacessível, bloqueado por carros e ônibus distribuídos pelo espaço para impedir helicópteros. Na terça (3), eles trouxeram soldados na tentativa de invadir o prédio, quando Yoon declarou a lei marcial.

Oposição x governo

A oposição precisava de pelo menos oito votos da base governista para alcançar a maioria de dois terços necessária para aprovar o impeachment. Antes, os parlamentares governistas já haviam conseguido rejeitar um pedido de investigação especial contra a primeira-dama Kim Keon-hee.

Ela está envolvida em suspeita de corrupção por ter recebido uma bolsa Christian Dior no valor de cerca de 3 milhões de wons (cerca de R$ 11 mil) de um pastor. Os deputados deixaram a Assembleia sob gritos de manifestantes.

Tentativa de impeachment

Quando o debate sobre a moção de impeachment começou, parlamentares da oposição leram os nomes dos membros do PPP que haviam deixado a votação. O presidente da Casa, Woo Won-shik, pediu que os membros do PPP retornassem. Em um impasse sobre a votação, o secretário do Parlamento afirmou que a votação tem o prazo de até 12h48 de domingo (0h48 no horário de Brasília) ser concluída.

Se tivesse sido bem-sucedido, o impeachment abriria caminho para eleições presidenciais em até 60 dias, desde que a Corte Constitucional chancelasse a decisão dos deputados.

Pedido de desculpas do presidente

Horas antes da votação, na manhã de sábado no horário local (noite de sexta (6) em Brasília), Yoon pediu desculpas em um comunicado pela TV, em sua primeira fala após a crise. Apesar da grande expectativa em torno de uma possível renúncia, disse que agiu motivado por desespero e que não declararia nova lei marcial.




Militares deixam parlamento após rejeição de decreto de lei marcial na Coreia do Sul

A Constituição sul-coreana prevê que a declaração de lei marcial pode ser revogada por maioria parlamentar

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|03/12/2024 17:01

O decreto foi derrubado por unanimidade
Chung Sung-Jun/Getty Images

O decreto foi derrubado por unanimidade

Os militares e autoridades policiais que ocupavam o prédio da Assembleia Nacional da Coreia do Sul deixaram o local após os parlamentares rejeitarem o decreto de lei marcial proposto pelo presidente Yoon Suk Yeol. A saída ocorreu de forma pacífica, encerrando uma das tensões mais marcantes no parlamento do país em décadas.

O decreto foi derrubado por unanimidade, com 190 parlamentares presentes, de um total de 300 membros do parlamento. A Constituição sul-coreana prevê que a declaração de lei marcial pode ser revogada por maioria parlamentar.

Após a votação, Woo Won-sik, presidente da Assembleia Nacional, declarou:  “O presidente deve suspender imediatamente a lei marcial de emergência após a votação pela Assembleia Nacional. Agora, a declaração de lei marcial de emergência é inválida”.

A declaração de lei marcial pelo presidente Yoon Suk Yeol transferia os poderes civis para o comando militar, fechava o Parlamento, restringia atividades políticas e limitava a disseminação de informações na imprensa.

Segundo o presidente, a medida era necessária para “limpar elementos pró-Coreia do Norte” do país.

“Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças anti-estado e pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre”.

A oposição, no entanto, acusou o presidente de usar o decreto como represália contra o Parlamento, após rejeição de sua proposta orçamentária e a aprovação do impeachment de membros de seu gabinete.

A votação ocorreu sob forte tensão. Tropas militares tentaram barrar o acesso de parlamentares ao prédio, o que levou alguns congressistas a entrar pelas janelas para garantir a realização da sessão.

Após o resultado, as forças militares se retiraram do local, mas alguns permanecem na área externa para conter manifestações populares.

Reação da população

A declaração de lei marcial provocou protestos em frente ao Parlamento. Manifestantes entoavam gritos como “Abram a porta”, em oposição à medida presidencial, sendo dispersados pelas forças policiais.

Este foi o primeiro decreto de lei marcial na Coreia do Sul desde o fim da ditadura militar, no final da década de 1980.




Coreias do Sul e do Norte restauram linhas de comunicação após atritos

Contato entre os dois países foi suspenso em junho e agosto de 2021

Coreias do Sul e Norte restauram linhas de comunicação
Reprodução

Coreias do Sul e Norte restauram linhas de comunicação

Os governos da  Coreia do Norte e Coreia do Sul restabeleceram seus canais de comunicação nesta segunda-feira (4). O diálogo entre os dois países havia sido suspenso duas vezes em 2021. A informação foi divulgada pelo Ministério da Unificação da Coreia do Sul.

A primeira suspensão havia sido em junho, quando a Coreia do Norte demonstrou descontentamento com a chegada no país de folhetos com propagandas de grupos ativistas. A comunicação foi brevemente retomada no final de julho e paralisada novamente duas semanas depois, em agosto.

Para o Sul, o contato entre os líderes “ajuda a reduzir as tensões na península”, mas para o Norte, a relação está condicionada a mudanças por parte dos líderes vizinhos.

“A autoridade sul-coreana deve apreciar profundamente o significado da retomada das linhas de comunicação Norte-Sul, reparar essa relação e fazer esforços ativos para resolver questões importantes que são pré-requisitos para abrir um caminho brilhante”, relatou a mídia estatal da Coreia do Norte.

A reabertura segue promessa do líder norte-coreano Kim Jong-un feita na semana passada, quando manifestou interesse em reiniciar a comunicação em um discurso para parlamentares.

O presidente sul-coreano Moon Jae-in também sugeriu a reaproximação durante o discurso na Assembelia Geral da ONU no mês passado.

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Coreia do Norte explode e destrói escritório de relações com a Coreia do Sul

Por G1

16/06/2020 04h53  Atualizado há uma hora

Fumaça do Complexo Industrial Kaesong, em imagem feita do lado sul em Paju, na Coreia do Sul — Foto: Reuters

Fumaça do Complexo Industrial Kaesong, em imagem feita do lado sul em Paju, na Coreia do Sul — Foto: Reuters

A Coreia do Norte explodiu nesta terça-feira (16) o escritório conjunto de coordenação de relações com a Coreia do Sul, na cidade fronteiriça de Kaesong, informou o ministério da Unificação. Ação de Pyongyang, que é muito simbólica, eleva a tensão na península em um momento em que as negociações sobre o programa nuclear estão paralisadas.

O ministério da Unificação, que trata das relações entre as duas Coreias, informou que a explosão do escritório de Kaesong ocorreu às 14h49 no horário local (2h49 em Brasília). Pouco antes, a agência de imprensa sul-coreana Yonhap tinha relatado uma explosão no complexo industrial onde o escritório está localizado.

Coreia do Sul diz que Coreia do Norte explodiu escritório de ligação entre as duas nações

O escritório de ligação inter-coreano foi inaugurado em 2018 como parte de uma série de projetos que visam reduzir as tensões entre as duas Coreias. O imóvel dispunha de escritórios separados para o Norte e o Sul, assim como uma sala de conferências comum.

O complexo, onde trabalhariam ao menos 20 representantes de cada país, permanecia aberto as 24 horas do dia, durante todo o ano. Porém, estava fechado desde janeiro por causa da pandemia de Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

O escritório, que teria sido construído com dinheiro sul-coreano, foi a primeira estrutura desse tipo desde a divisão das duas Coreias em 1945. A iniciativa é considerada um símbolo da política de envolvimento do presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Oficiais das Coreias inauguram escritório conjunto em Kaesong em setembro de 2018 — Foto: Korea Pool / AFP Photo

Oficiais das Coreias inauguram escritório conjunto em Kaesong em setembro de 2018 — Foto: Korea Pool / AFP Photo

Aumento na tensão

A agência oficial de notícias da Coreia do Norte afirmou que o país destruiu o escritório em uma “explosão terrível”, porque seu “povo enfurecido” estava determinado a forçar aqueles que abrigaram a “escória humana” a pagar caro por seus crimes. Aparentemente, a mensagem faz referência a desertores norte-coreanos que, durante anos, lançaram panfletos fazendo críticas contra Pyongyang.

Os panfletos, lançados com balões na direção do território norte-coreano ou dentro de garrafas enviadas pelo rio que estabelece a fronteira, contêm críticas a Kim Jong-un na área dos direitos humanos ou por seu programa nuclear.

Desde o início do mês, Pyongyang intensifica os ataques verbais contra Seul, sobretudo contra os desertores norte-coreanos, ameaçando tomar medidas de retaliação sobre os folhetos. Na semana passada, o regime norte-coreano anunciou o fechamento dos canais de comunicação polícia e militar com o “inimigo” sul-coreano.

No sábado (13), a mídia estatal norte-coreana informou que Kim Yo Jong, irmã de Kim, que é a principal autoridade do Partido dos Trabalhadores no poder, havia ordenado que o departamento encarregado dos assuntos inter-coreanos “realizasse de maneira decisiva a próxima ação”, e que “em pouco tempo, seria vista uma cena trágica do inútil escritório de ligação conjunta norte-sul”.

O presidente sul-coreano Moon Jae-in e o líder da Coreia do Norte Kim Jong-un dão um aperto de mão durante encontro em Panmunjom, dentro zona desmilitarizada que separa os dois países — Foto: Korea Summit Press Pool/via Reuters

O presidente sul-coreano Moon Jae-in e o líder da Coreia do Norte Kim Jong-un dão um aperto de mão durante encontro em Panmunjom, dentro zona desmilitarizada que separa os dois países — Foto: Korea Summit Press Pool/via Reuters

O Norte ameaçou abandonar um acordo bilateral de redução de tensão de 2018, que, segundo observadores, poderia permitir que o Norte desencadeasse confrontos nas fronteiras terrestres e marítimas, segundo a Associated Press.

Na segunda-feira, Moon fez um apelo à Coreia do Norte para que parasse com as animosidades e retornasse às negociações, dizendo que as duas Coreias não devem reverter os acordos de paz que Kim Jong-un e ele chegaram durante as cúpulas de 2018.

Negociações de paz

Em 12 de junho de 2018, Kim Jong-un encontrou-se com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Singapura, e se comprometeu em desmontar o seu programa nuclear. O documento final em que a Kim se engajava com o fim da produção de armas nucleares e a desnuclearização completa da península coreana, porém, não contava com metas ou cronograma para que isso acontecesse.

O compromisso com o desmonte do programa nuclear já consta na Declaração de Panmunjon, assinada após o encontro de líderes das duas Coreias, em abril de 2018.

As negociações sobre o programa nuclear estagnaram com o fracasso de uma segunda reunião Trump-Kim, realizada em Hanói, no Vietnã, em fevereiro de 2019.

Pyongyang tenta condicionar o desmantelamento do seu programa nuclear em troca do relaxamento das sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que atingem duramente a economia local. Já Estados Unidos exigem o desmantelamento completo do Complexo de Yongbyon – parque nuclear considerado chave para a Coreia do Norte — para suspender as sanções.

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