Sul-coreanos protestaram fora da Assembleia Nacional pedindo o impeachment do presidente
AFP

Sul-coreanos protestaram fora da Assembleia Nacional pedindo o impeachment do presidente

presidente da Coreia do Sul , Yoon Suk Yeol , escapou de um impeachment neste sábado (7), depois que a oposição não conseguiu reunir apoio suficiente para removê-lo do cargo. A tentativa aconteceu dias após a aplicação de uma lei marcial, que foi revogada, imposta pelo presidente, vista como uma tentativa de autogolpe no país.

Os deputados do  governista PPP (Partido do Poder do Povo) , ao qual pertence Yoon, boicotaram a sessão de votação do impeachment: entre os 108 aliados do presidente, apenas três congressistas, Ahn Cheol-soo, Kim Yea-ji e Kim Sang-wook, permaneceram no plenário, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

O porta-voz da Assembleia afirmou que o número de votos não atingiu quórum necessário, inviabilizando o processo. “O povo sul-coreano estava observando nossa decisão hoje. Nações ao redor do mundo estavam nos observando. É totalmente lamentável que a votação efetivamente não tenha ocorrido”, disse Woo Won-shik, em fala publicada pelo jornal The New York Times.

Reações populares

Do lado de fora da Assembleia Nacional, em Seul, uma multidão se reunia para pressionar pela aprovação do impeachment . Os trens do metrô não paravam nas duas estações próximas. A entrada do prédio estava bloqueada; o público acompanhava com gritos de protesto e músicas populares sul-coreanas.

Às 19h15 (7h15 no horário de Brasília), o amplo gramado estava inacessível, bloqueado por carros e ônibus distribuídos pelo espaço para impedir helicópteros. Na terça (3), eles trouxeram soldados na tentativa de invadir o prédio, quando Yoon declarou a lei marcial.

Oposição x governo

A oposição precisava de pelo menos oito votos da base governista para alcançar a maioria de dois terços necessária para aprovar o impeachment. Antes, os parlamentares governistas já haviam conseguido rejeitar um pedido de investigação especial contra a primeira-dama Kim Keon-hee.

Ela está envolvida em suspeita de corrupção por ter recebido uma bolsa Christian Dior no valor de cerca de 3 milhões de wons (cerca de R$ 11 mil) de um pastor. Os deputados deixaram a Assembleia sob gritos de manifestantes.

Tentativa de impeachment

Quando o debate sobre a moção de impeachment começou, parlamentares da oposição leram os nomes dos membros do PPP que haviam deixado a votação. O presidente da Casa, Woo Won-shik, pediu que os membros do PPP retornassem. Em um impasse sobre a votação, o secretário do Parlamento afirmou que a votação tem o prazo de até 12h48 de domingo (0h48 no horário de Brasília) ser concluída.

Se tivesse sido bem-sucedido, o impeachment abriria caminho para eleições presidenciais em até 60 dias, desde que a Corte Constitucional chancelasse a decisão dos deputados.

Pedido de desculpas do presidente

Horas antes da votação, na manhã de sábado no horário local (noite de sexta (6) em Brasília), Yoon pediu desculpas em um comunicado pela TV, em sua primeira fala após a crise. Apesar da grande expectativa em torno de uma possível renúncia, disse que agiu motivado por desespero e que não declararia nova lei marcial.