Bolsonaro sabia de leilão de joias e apagou conversas com Cid em dezembro de 2022, diz PF

As informações constam no inquérito enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF

iG Último Segundo

|08/07/2024 20:27

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode se tornar réu por associação criminosa, peculato e lavagem dinheiro
Valter Campanato/Agência Brasil

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode se tornar réu por associação criminosa, peculato e lavagem dinheiro

O relatório da  Polícia Federal sobre o inquérito das joias de  Jair Bolsonaro (PL) diz que o ex-presidente da República tinha conhecimento da tentativa de venda do conjunto de joias ouro rosé em um leilão nos Estados Unidos , que ocorreria em 8 de fevereiro de 2023. A informação veio à tona após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, derrubar o sigilo do documento elaborado pela PF .

Para chegar a esta conclusão, a Polícia Federal se baseou numa troca de mensagens entre Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens, o coronel Mauro Cid , em um aplicativo de conversa. Na ocasião, o ex-presidente recebeu o link do leião e respondeu com a palavra “selva”, saudação comum no Exército e que pode ser interpretada como um “ok”.

Além disso, a PF afirma que, ao periciar o celular de Bolsonaro, encontrou pesquisas sobre a empresa Fortuna Auction, responsável pelo leilão. “Esta sequência apresentada: primeiro, o envio de link do leilão por Mauro Cid, segundo, o registro de acesso à página por meio de histórico e cookies por Jair Bolsonaro, em seu aparelho telefônico, e terceiro, a utilização da expressão ‘Selva’ reforçam a utilização deste jargão para confirmar a ciência, do ex-presidente, de que o kit ouro rosé fora exposto a leilão”, disse a polícia.

Segundo as investigações, Cid chegou a enviar um link no Facebook da empresa Fortuna Auction para Bolsonaro. A Polícia Federal acredita que se tratava da transmissão ao vivo do leilão. De acordo a PF, como o kit de joias não foi arrematado, o coronel chegou a enviar mensagens para loja perguntando se os itens poderiam constar no próximo leilão.

A investigação da PF aponta que, em 13 de fevereiro de 2023, Cid informou ao dono da loja de que havia mudado de ideia e gostaria de resgatar as joias. Segundo os policiais, naquele momento, Bolsonaro gostaria de recuperar os itens, já que o escândalo havia sido descoberto com uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo .

Bolsonaro apagou conversa em dezembro de 2022

O inquérito da PF também diz que, em 29 de dezembro de 2022, na véspera da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, Cid questionou ao então se presidente se ele ia levar ao país a “árvore e o barco”.

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A mensagem enviada via WhatsApp faz referência às miniaturas de uma palmeira e de um barco veleiro que Bolsonaro recebeu de presente durante viagem ao Oriente Médio.

Conforme o documento feito pela PF, na sequência, o então mandatário enviou duas mensagens em resposta à pergunta de Cid, mas as apagou em seguida. Na sequência, Cid respondeu: “Sim, senhor”.

Bolsonaro viajou para os Estados Unidos a poucos dias do término de seu mandato. Ele ficou três meses no país norte-americano, retornando ao Brasil somente em março de 2023.

Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, o ex-chefe do Executivo teria desviado cerca de R$ 6,8 milhões . Se condenado, ele pode pegar até 32 anos de prisão .

Relatório foi enviado para a PGR

O relatório da PF foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Hoje, o magistrado repassou o documento para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que terá 15 dias para analisar o caso.

Após este período, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, terá que decidir se Bolsonaro e seus aliados se tornarão réus ou se vai arquivar o caso. Ele também poderá pedir mais tempo para analisar o inquérito.




Justiça manda Nilvan Ferreira apagar vídeo com ataques a João Azevêdo das redes sociais

O juiz federal Rogério Roberto Gonçalves de Abreu, auxiliar da propaganda eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), determinou na noite desta terça-feira (30) que o candidato Nilvan Ferreira (PL) apague vídeo publicado nas redes sociais com ataques ao governador João Azevêdo (PSB). Caso não cumpra a decisão, Nilvan terá que pagar multa de R$ 5 mil por dia.

No vídeo, Nilvan Ferreira se refere a João Azevêdo como “governador que desvia dinheiro da saúde”.

O magistrado atendeu pedido feito pela Coligação Juntos pela Paraíba que reúne o PSB e outros partidos.

“Apesar da liberdade de expressão obter especial proteção constitucional na república, entendo que nenhum princípio é absoluto e, no caso sob análise, foram ultrapassados os limites do debate político com a publicação de conteúdo ofensivo em desfavor do segundo representante”, diz o magistrado em seu despacho.

Ele alerta para perigo de dano irreparável caso a publicação continue nas redes sociais.

“A fumaça do bom direito (plausibilidade do direito invocado) está na comprovação da existência das publicações descritas e referidas na petição inicial e a constatação do conteúdo (transcrito) que se lhe atribui, bem como as normas da legislação eleitoral que autorizam a atuação da justiça eleitoral, a requerimento do ofendido, em casos de
ofensa à honra, imagem e dignidade por motivos eleitorais. O perigo de dano irreparável consiste no incontestável potencial para a perpetuação e a intensificação da lesão aos valores e direitos acima referidos, pertinentes à dignidade e à personalidade, caso a postagem continue acessível nas redes sociais, servindo a cópias e repasses sem controle”, disse ainda o magistrado.