Brasil fica de fora de 1ª viagem de enviado de Biden à América do Sul

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O Brasil está de fora da primeira viagem para a América do Sul do enviado do governo de Joe Biden, Juan Gonzalez, diretor sênior para o Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional, o cargo é na prática responsável por assuntos latino-americanos.

A Casa Branca anunciou nesse sábado (10) a primeira viagem de Gonzalez, acompanhado da secretária-adjunta interina para o Hemisfério Ocidental, Julie Chang. Os enviados passarão por Colômbia, Argentina e Uruguai, entre 11 e 15 de abril, onde se encontrarão com autoridades locais.

Na pauta, em Bogotá, de acordo com a Casa Branca, deverá ser tratada a recuperação econômica, desenvolvimento e segurança no meio rural, além da crise de migração da Venezuela e a liderança climática exercida na região pela Colômbia.

Já em Buenos Aires e Montevidéu, a discussão será em torno das prioridades regionais, desafios climáticos e pandemia de covid-19, além de ameaças à democracia, direitos humanos e segurança na região e no mundo.

Enquanto isso, o Brasil que tem em seu território a maior parte da floresta amazônica, registrou recorde de desmatamento em março. Além disso, enfrenta a pior crise ligada ao coronavírus desde o início da pandemia com recordes diários de casos e mortes. Em março foram 66.868 mortos por Covid-19, mais do que o dobro do 2º mês com mais óbitos, julho de 2020 (32.912 mortes).

Outro fator é que o Brasil vem registrando novas variantes e não conseguiu deslanchar uma vacinação nacional, com problemas que vão desde a rejeição por parte do governo de comprar milhões de doses da Pfizer/BioNTech até a falta de insumos para a produção dos imunizantes no Instituto Butantan e na Fiocruz, tornando-se uma ameaça mundial.

De acordo com a Folha, Gonzalez é crítico da agenda ambiental do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), e declarações anteriores do indicado mostram que o tema pode trazer conflitos à relação entre EUA e Brasil.

A publicação destaca que em entrevista ao Washington Post, em outubro do ano passado, disse que “em qualquer relacionamento que Biden tenha com líderes ao redor do mundo, a mudança climática estará no topo dessa agenda, e isso inclui o Brasil”. “Qualquer pessoa que pensa que pode promover um relacionamento ambicioso com os Estados Unidos enquanto ignora questões importantes como mudança climática, democracia e direitos humanos claramente não tem ouvido Joe Biden durante a campanha”, afirmou.

Gonzalez é nascido na Colômbia, mas criado em Nova York, e já foi diretor do Conselho de Segurança Nacional para assuntos relacionados à América Latina entre 2011 e 2013, durante o governo de Barack Obama, do qual Biden foi vice.

Em um artigo publicado na revista Americas Quarterly, em julho de 2020, Gonzalez disse que “a relação Brasil-EUA tem enorme potencial sob o governo Biden”, mas questionou se a “liderança atual do Brasil está preparada para abordar os desafios monumentais de nosso tempo”.