Disputa no PT: alas de Ricardo e Jackson travam batalha interna pelo diretório de JP

O Diretório do Partido dos Trabalhadores de João Pessoa avança nas tratativas para realizar, no próximo mês, a eleição interna que vai definir os novos integrantes da direção municipal da legenda, atualmente comandada por Antônio Barbosa. O processo, chamado de PEDex, está previsto para acontecer no dia 08 de outubro.

A disputa interna, no entanto, acabou expondo ainda mais um racha nas visões de petistas sobre 2024. De um lado, a ala mais ligada ao ex-governador Ricardo Coutinho e ao deputado federal Luiz Couto (PT) defende a permanência de Barbosa.

O candidato de oposição é o advogado Marcos Túlio, que conta com o apoio do presidente estadual do PT, Jackson Macêdo, e da deputada Cida Ramos (PT), aliada de primeira hora de Ricardo Coutinho.

Em nota divulgada nesta segunda-feira (18), Antônio Barbosa disse liderar um bloco que conta com o referendo de Couto, Coutinho, além da ex-deputada Estela Bezerra e da ex-prefeita de Conde Márcia Lucena. No texto, o dirigente fala em “autonomia” e uma luta por candidatura própria na Capital em 2024 “sem amarras com o Governo Estadual ou a atual gestão da Prefeitura de João Pessoa”.

“É notável que reunimos diversos agrupamentos com importante militância e diálogo com a base petista para essa candidatura, importante frisar que as discussões em torno da chapa e da presidência estão sendo feitas de forma coletiva, colocando o Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores no centro do debate, sem influências externas para deturpar os interesses do nosso partido”, diz.

Durante coletiva de imprensa mais cedo, a deputada Cida Ramos justificou o porquê de divergir de seu agrupamento político – liderado por Ricardo – e apoiar o advogado Marcos Túlio.

“É um apoio que se baseia num compromisso para João Pessoa, que a gente possa construir uma cidade que tenha a cara dos que moram e vivem aqui. Tem uma frase muito interessante, que diz que a Paraíba condensa o Brasil, e eu digo que João Pessoa também condensa o Brasil. É uma cidade que acolhe, a única cidade que cresceu, né, com mais de cento e poucos mil habitantes”, afirmou a parlamentar.

O presidente do PT na Paraíba, Jackson Macêdo, que em 2020 defendeu a aliança da legenda com o então candidato à Prefeitura de João Pessoa pelo PSB, Ricardo Coutinho, sexto colocado na disputa, afirmou que na época a sigla viveu uma “intervenção traumática”.

Ele se referiu à briga entre os petistas e o diretório nacional, após o ex-deputado Anísio Maia (PSB) ser lançado candidato contra a vontade do próprio Macêdo e de Coutinho. Com a intervenção, a legenda saiu do comando de Giucélia Figueiredo e foi entregue a Barbosa.

Hoje, Macêdo defende o nome de Túlio contra Antônio Barbosa. “A candidatura de Túlio é imporante, porque ele está querendo unir a vontade de organizar a casa do PT, para que o PT de João Pessoa volte a ter vida. A gente sabe da importância histórica de Barbosa, mas ele tem outras atribuições. Por isso que Túlio está com essa disposição, de reorganizar o partido”, defendeu.

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O GABINETE DO ÓDIO E A ALA IDEOLÓGICA: Escrito Por Rui Leitao 

O GABINETE DO ÓDIO E A ALA IDEOLÓGICA: Escrito Por Rui Leitao

 

Desde o início do ano passado o Brasil vem experimentando uma forma de governar inédita na sua história republicana. As decisões são tomadas por influência de integrantes de um chamado “gabinete do ódio” e uma ala ideológica de extrema direita, instalados nas dependências do Palácio do Planalto. Ao que se noticia, comandados pelos filhos do presidente e o autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, ora residindo nos Estados Unidos.

São escritórios que se dedicam exclusivamente a elaborar dossiês com o propósito de macular a honra e a moral dos que elegem como adversários do bolsonarismo, produzir notícias falsas e divulgar com utilização de robôs na internet “fazendo a cabeça” da militância, as fakenews, estimular posições beligerantes nas redes. Nomeiam e exoneram quem eles querem, sempre na conformidade da identificação ou não com o pensamento político que assumiram e que definiram como cartilha a ser obedecida por quem fizer parte da equipe de governo.

Abrigam um núcleo de assessores remunerados pelo poder público que têm como tarefas produzir relatórios diários com suas interpretações sobre fatos do Brasil e do mundo e são responsáveis pelas redes sociais da presidência da república. Definem as estratégias para as mídias digitais, defendendo sempre a tática do confronto ideológico. Emitem opiniões polêmicas e criam narrativas com memes, prints e vídeos, visando apresentar os inimigos do presidente, contra os quais disseminam ataques irresponsavelmente. Agridem todos os que pensam diferente.

É uma estratégia planejada, apoiada unicamente nos objetivos mesquinhos do poder, Funcionam como se fossem uma ABIN paralela, Só que voltados para a desinformação que interessa ao governo. Uma estrutura oficial que se beneficia da ascensão do poder cibernético para instrumentalizar o projeto político da extrema direita. São hábeis em não deixar as impressões digitais em suas ações inflamadas, agressivas e fanáticas.

Esses influenciadores digitais têm a missão de resultar engajamentos populares aos seus interesses políticos. Buscam capturar os genuínos bolsonaristas para reforçar a imagem do Bolsonaro como alguém que se coloca contra tudo e contra todos, o “outsider”., o único capaz de dar jeito na “podridão de Brasília”. Sua biografia de inépcia esquecida em favor de uma causa ideológica. Se apressam em desmentir toda e qualquer acusação contra o presidente, mesmo que não tenham argumentos convincentes para isso. Mas se prevalecem do fanatismo já conquistado.

Chegam ao absurdo de estimular o enfoque midiático para as patetices articuladas do presidente, na intenção de desviar a atenção para a pandemia do coronavírus. Até porque o presidente se posta na contramão do que tem atuado todas a lideranças políticas do mundo. Mas a sua preocupação não é essa. Seu foco é a eleição de 2022. O discurso negacionista tentando convencer a opinião pública de que a pandemia é uma falsidade, não passa de uma gripezinha.

Até quando teremos que nos submeter a essa ação dolosa do gabinete do ódio e da ala ideológica repercutindo na vida nacional?

Rui Leitão