Morreu na manhã desta quarta-feira (9) a cantora baiana Gal Costa. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista ao jornal Folha de S. Paulo. Gal sofreu um infarto fulminante.
Em setembro, Gal suspendeu a turnê “As Várias Pontas de uma Estrela” até o final de outubro, após a retirada de um nódulo nasal. O procedimento foi realizado na cidade de São Paulo (SP), havia sido bem-sucedido. De acordo com Nilson Raman, tour manager da artista, havia informado que ela ficaria afastada dos palcos até se recuperar plenamente.
A turnê estava prevista para vai seguir para a Europa, com shows agendados em Lisboa (Portugal) e Londres, no Reino Unido, em novembro deste ano.
Gal Costa deixa o filho Gabriel Costa Penna Burgos, de 17 anos.
A volta de Gal aos palcos depois de um tempo afastada dos shows por causa da pandemia aconteceu no final de 2021, com a turnê “As Várias Pontas de uma Estrela”, que homenageou Milton Nascimento.
A sua última apresentação em Salvador foi em março desde ano, e teve ingressos esgotados, logo na primeira semana de vendas. A turnê também passou por outras capitais, como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Fortaleza.
“A obra de Milton Nascimento é linda, maravilhosa. E como cantor, ele é incrivelmente lindo, bom, espetacular”, disse Gal sobre a escolha do homenageado, em entrevista ao CORREIO.
Na ocasião, Gal também falou sobre o filho, Gabriel. “Sim, a canção Gabriel, que é o nome do meu filho – ele está com 16 anos, grande, mas é homenagem que faço a ele. Uma homenagem em que mostro no palco um momento em que sou puramente verdadeira, meu grande amor por ele, meu amor mais que especial, um amor de mãe. A experiência da maternidade é uma coisa maravilhosa. Amo meu filho como nunca pensei amar alguém”.
Uma cinebiografia sobre a cantora, Meu Nome É Gal, está sendo preparada.
Meu nome é Gal
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 1945, em Salvador. Ela estreou nos anos de 1960, junto com Caetano Veloso, Maria Bethânia, Tom Zé, Gilberto Gil, no espetáculo Nós, Por Exemplo, em 1964.
O primeiro disco Domingo, foi lançado em parceria com Caetano. Em 1968, Gal participou do disco Tropicália ou Panis et Circencis (1968). Seu primeiro disco solo foi lançado em 1969, Gal Costa.
Ela ainda gravou: Cantar (1974), Água Viva (1978), Fantasia (1981), Baby Gal (1983), Gal (1992), Recanto (2011), entre dezenas de outros.
Em tempos de desinformação, o CORREIO continua produzindo diariamente informações nas quais você pode confiar. E para isso precisamos de uma equipe de colaboradores e jornalistas apurando os fatos e se dedicando a entregar conteúdo de qualidade e feito na Bahia. Já pensou que você além de se manter informado com conteúdo confiável, ainda pode apoiar o que é produzido pelo jornalismo profissional baiano? E melhor, custa muito pouco.
Apresentador, cantor e ator, Rolando Boldrin morre aos 86 anos em SP
O ator, cantor e apresentador de TV Rolando Boldrin morreu nesta quarta-feira, aos 86 anos, na cidade de São Paulo.
Boldrin estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, mas a causa da morte ainda não foi informada. O corpo do artista será velado na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Rolando Boldrin entrou para a história da cultura brasileira como um dos um dos grandes compositores, intérpretes e divulgadores da música brasileira “raiz”. Ttrabalhou em novelas da Band, RecordTV e Tupi e conviveu ao lado de artistas importantes, como Lima Duarte, Laura Cardoso e Dionísio Azevedo. Seu último trabalho na TV foi na novela “Os Imigrantes” (Band).
Já como apresentador de TV, Boldrin esteve à frente dos programas como Som Brasil, (TV Globo), Empório Brasileiro (Band) e Empório Brasil (SBT). Sua última atração foi o “Sr. Brasil”, na TV Cultura.
www.reporteriedoferreira.com.br/Agências
Programação de agosto do Cine Banguê tem estreias de cinco filmes; veja datas
Cine Banguê — Foto: Thercles Silva/Acervo Pessoal
O Cine Banguê exibe nova programação neste mês de agosto de 2023. Serão exibidos oito longas-metragens, sendo cinco estreias. O cinema fica na Fundação Espaço Cultural da Paraíba, no bairro de Tambauzinho, em João Pessoa.
Os filmes “Canção Ao Longe”, “O Último Ônibus”, “Capitu E O Capítulo”, “Retratos Fantasmas” e “Sobradinho” estreiam neste mês. Já os longas “Mesmo Que Tudo Dê Errado, Já Deu Tudo Certo” e “Os Under – Undergrounds: O Começo”, que já estavam em cartaz, continuam sendo exibido no Cine Banguê.
Os ingressos custam R$ 5 e R$ 10 e a bilheteria abre uma hora antes do início das sessões. O pagamento é aceito em dinheiro ou via pix.
‘A Grande Arte no Cinema’
Além da exibição de filmes, o Cine Banguê recebe também a mostra “A Grande Arte do Cinema”, com nove documentários sobre as artes visuais e os grandes artistas.
Serão exibidos “Van Gogh – Entre o trigo e o céu”, “Monet – Magia de luz e água”, “Caravaggio – A alma e o sangue”, “Eu, Leonardo Da Vinci”, “Tintoretto – Um rebelde em Veneza”, “Klimt e Schiele – Eros e psiqué”, “Gauguin no taiti – Paraíso perdido”, “Michelangelo – Infinito” e “Hitler vs Picasso – Obsessão nazista pela arte”.
Diálogos Baobácine
E a Mostra de Filmes Africanos “Baobácine” recebe a cineasta Rokhaya Diallo, que fará parte de exibições e debates com o público nos dias 27 e 28 de agosto. Diallo é jornalista, ativista e escritora com destaque na causa antirracista.
Dias e horários das sessões no Cine Banguê:
Estreias
“Canção Ao Longe”
03/08 – quinta-feira – 20h30
08/08 – terça-feira – 18h30
12/08 – sábado – 19h
16/08 – quarta-feira – 16h30
21/08 – segunda-feira – 20h30
“O Último Ônibus”
06/08 – domingo – 16h
09/08 – quarta-feira – 20h30
15/08 – terça-feira – 20h30
19/08 – sábado – 19h
24/08 – quinta-feira – 20h30
28/08 – segunda-feira – 20h30
“Capitu E O Capítulo”
05/08 – sábado – 19h
10/08 – quinta-feira – 20h30
14/08 – segunda-feira – 20h30
20/08 – domingo – 16h
22/08 – terça-feira – 20h30
28/08 – segunda-feira – 20h30
22/08 – terça-feira – 20h30
31/08 – quinta-feira – 16h30
“Retratos Fantasmas”
24/08 – quinta-feira – 18h30
26/08 – sábado – 17h
29/08 – terça-feira – 18h30
30/08 – quarta-feira – 20h40
31/08 – quinta-feira – 20h30
“Sobradinho”
01/08 – terça-feira – 18h30
07/08 – segunda-feira – 20h40
12/08 – sábado – 15h
17/08 – quinta-feira – 20h30
23/08 – quarta-feira – 20h30
29/08 – terça-feira – 20h30
Continuação
“Mesmo Que Tudo Dê Errado”, Já Deu Tudo Certo
01/08 – terça-feira – 20h
07/08 – segunda-feira – 18h30
16/08 – quarta-feira – 20h
26/08 – sábado – 15h
30/08 – quarta-feira – 18h30
“Os Under – Undergrounds: O Começo”
05/08 – sábado – 15h
13/08 – segunda-feira – 16h
19/08 – sábado – 15h
27/08 – domingo – 16h
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Arrepio-Emoção! “O arrepio é quando a alma concorda com o coração.”
Essa linda música foi feita para um amor que não vivi , ficou esquecida no tempo , mas nunca em meu coração. Beijos meu grande Amor ( A.R.) Essa música fez parte de uma linda história de amor que sonhei e não vivi.
Quando sua alma canta o mundo fica em festa. A flores desabrocham os pássaros flutuam no tempo. Mas, é gostoso o gosto de gostar de VOCÊ …A.R.
Letra.
Arrepio!! Emoção eu tento ver ,algo de novo eu tento contar as estrelas do ceu mas eu passa os dias com sua imagem e os meus olhos perdido no vazio eu estou aqui parada assim pensando no ontem para o que eu era onde esta voce ? onde estarei ? e esta noite eu tenho somente teu perfume você é´como um arrepio que sobe dentro de mim e nunca me deixa voce me cria e me destróí quando você quer você é como um arrepio você é como um calafrio eu me hipnotizo se eu olhar pra seus olhos eu não tenho necessidade de poções ou filtros você é a magia do meu coraçao de mim voce controla amor e humor eu eu estou aqui parada assim na minha imaginação você vive sua ausência dóí na minha alma não deu pra segurar a saudades e estou aqui de coração aberto declarando todo o meu amor te amo, te amo
Emoção-Arrepio
Até pensei não me entregar pra mais ninguém…. Aí você vem e me faz tão bem. (Ainda Bem)
AINDA É TUDO SEU
Como muitos pensadores e filósofos afirmaram ao longo da História, encarar a vida com sabedoria não é algo que se aprende nos livros, na escola ou apenas com as vitórias.
A sabedoria deve ser cultivada ao longo de toda a vida, através de experiências, vivências, erros e acertos. E acredite, por mais sábio que você se considere, sempre há algo novo a aprender!
Para te ajudar nesse longo e maravilhoso percurso, separamos algumas frases que, no mínimo, irão despertar uma faísca de reflexão sobre o modo que você está construindo a sua vida.
Sabedoria!
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Luiz Gonzaga: Fugiu de casa e virou rei
Nascido no sertão de Pernambuco, Luiz Gonzaga completaria 100 anos neste mês de dezembro. Cantou a pobreza e a riqueza de sua terra
Vitor Nuzzi, Revista do Brasil
“Esse negócio de matar gente no sertão já foi trabalho mais maneiro. Menos pra eu. Quis matá um home, me lasquei. Levei uma surra tão danada, uma surra caprichada por meu pai e minha mãe, que arribei de casa. Dezoito anos incompletos, 1930. Ingressei nas Forças. Revolução como diabo, tiro como diabo, nunca dei nenhum. Eu queria ser era artista…”
Gonzaguinha viveu longe do pai. Reconciliaram-se em 1980 e fizeram a turnê ‘Vida de Viajante’, 1980/81. (Foto: Arquivo)
Em poucas palavras, o próprio Luiz Gonzaga do Nascimento contou o início da trajetória que o coroaria Rei do Baião. Apaixonado por uma moça de sua cidade – Exu, no sertão pernambucano –, ele tomou umas doses, aditivou a valentia e ameaçou de morte o pai da donzela, que o chamou de “tocadorzinho”. No fim, não matou ninguém e apanhou dos próprios pais, seu Januário e dona Ana, conhecida como Santana. Filho bandido em casa? Nem pensar.
A surra doeu no corpo e na alma: o garoto vendeu a sanfona e se mandou, alistou-se no Exército e ganhou o mundo. Foi ser artista no Rio de Janeiro. Em 13 de dezembro, faria 100 anos. Morreu em 1989, aos 76.
Foi nomeado Luiz com z por ter nascido no Dia de Santa Luzia; Gonzaga por causa do sobrenome do santo Luís; e Nascimento por vir ao mundo no mesmo mês que Jesus. Era o segundo de nove filhos. O pai tinha a rotina dura da roça, mas também era famoso na região – o Sertão do Araripe, quase na divisa do Ceará – por tocar e consertar sanfonas. Dona Santana vendia cordas de sisal na feira e era voz marcante nas novenas. Depois da surra e da fuga, Gonzaga voltou para casa já famoso, em meados dos anos 1940, mas não escapou da bronca.
Luiz Lua Gonzaga
https://youtu.be/BjRDWv9O3b4
Conheça Exu, a cidade natal de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião
Escrito por Antônio Rodrigues, verso@verdesmares.com.br 00:00 / 31 de Julho de 2019. Atualizado às $editedDateHour / 02 de Agosto de 2019
Às vésperas de completar 30 anos da partida de Luiz Gonzaga, o jornalista Antônio Rodrigues revisita a terra natal do autor de Asa Branca, clássico feito em parceria com o cearense Humberto Teixeira
Foto: FOTO: ANTÔNIO RODRIGUES
Um trio com sanfona, triângulo e zabumba, em um posto de gasolina, nos “recepcionava” tocando “A Morte do Vaqueiro”. Assim foi minha chegada a Exu, por volta de 9 horas, no sábado passado (27/8). À medida que surgiam visitantes, de passagem para Serrita, onde acontece a tradicional Missa do Vaqueiro, os pares se formavam nas calçadas e ruas para dançar. Homem com mulher. Mulher com mulher. Homem com homem.
Essa animação é comum no Município, sobretudo, neste meio de ano e em dezembro, mês de aniversário do filho mais ilustre: Luiz Gonzaga do Nascimento (1912 -1989). Por causa do “Rei do Baião”, o forró pode ser visto em cada esquina exuense.
Do lado pernambucano da Chapada do Araripe, vizinho ao Crato, no Ceará, formou-se esse pequeno município de 31 mil habitantes. Com mais da metade da população morando na zona rural, a economia local se dá, principalmente, pela agricultura e pecuária. Contudo, a terra onde também nasceu Bárbara de Alencar, a heroína da Revolução Pernambucana, consegue viver na sombra do sanfoneiro. “Posto Gonzagão”, “Farmácia Aza Branca”, “Rua Assum Preto”. Por todos os lados, há referências ao homem que popularizou o xote e o baião. O único lugar em que encontro tantas citações a um só personagem é a minha terra, Juazeiro do Norte, e sua devoção quase “onipresente” ao Padre Cícero.
Quase sempre – eu segui este roteiro – a visita começa pelo Parque Aza Branca – propositalmente escrito com ‘Z’ de LuiZ e de GonZaga – , onde o “Rei do Baião” ergueu sua fazenda, às margens do Açude Itamaragi. Lá, ficam o Museu do Gonzagão, sua casa, a casa onde o pai dele, Januário, passou os últimos dias e o mausoléu no qual o artista está sepultado. Cerca de 20 mil pessoas visitam o local por ano.
O Museu do Gonzagão, idealizado quando o “Rei do Baião” ainda era vivo, reúne objetos pessoais, certificados, títulos, medalhas, troféus e prêmios que recebeu ao longo da carreira. Além disso, possui sanfonas que o acompanharam em momentos marcantes, como a visita do Papa João Paulo II, em Fortaleza, em 1980, e o último instrumento que empunhou antes de morrer.
“Minha sanfona, minha voz, o meu baião, este meu chapéu de couro e também o meu gibão, vou juntar tudo, dar de presente ao museu”, e como prometeu na música “A Hora do Adeus”, tudo isso está lá. Por um pedido do filho Gonzaguinha é proibido fotografar o espaço.
A poucos passos dali, chegamos a sua casa, que ainda reúne outros objetos pessoais, como louças, porta-retratos, cama, guarda-roupas. Bem próximo, Gonzaga construiu uma pousada para receber amigos e artistas. Do outro lado, está a residência que ergueu para seu pai, Januário, quando deixou de morar no distrito de Araripe, para ficar na sede de Exu. Lá, também há peças como a cadeira de rodas que o mestre dos oito baixos usou antes de morrer. No mausoléu, está sepultado ao lado da esposa, Helena Cavalcante, do pai, Januário dos Santos, da mãe, Ana Batista de Jesus, dona Santana, e do irmão, o instrumentista Severino Januário. O espaço foi idealizado por Gonzaguinha (1945-1991).
https://youtu.be/cIX0Yx3xgyA
Mais à frente, uma réplica da “Casa de Reboco”, como cantou, chama atenção dos turistas e é alvo de fotografias. Se você tiver sorte, como aconteceu comigo, lá conversei com o cantor instrumentista Joquinha Gonzaga, sobrinho de Gonzagão e que, desde 1975 até os últimos dias de vida do “Rei do Baião”, o acompanhou tocando nos shows. “Eu ando muito na aba do meu tio assim como muitos andam. Ele é uma referência”, define. “Então vou por aí, por esse mundo, vou usando essa herança do meu tio e do vovô”, gravou para definir esse DNA da música na família.
“Todo artista que se lança, principalmente daqui do Nordeste, pensa em Luiz Gonzaga. É como se ele não tivesse morrido. Me orgulho muito, porque participei da história dele. Não imaginava que ele seria essa potência, essa ‘empresa’. Ele emprega muita gente, fazendo camisa, chapéu de couro, gibão, outros cantando, tocando sanfona. Até aqueles que imitam ele ganham dinheiro”, diz Joquinha, demonstrando como a economia de Exu, aos poucos, referencia-se no músico.
Em uma prosa que durou cerca de 40 minutos, Joquinha só é interrompido para tirar fotos com turistas, que percebem a semelhança do sobrinho, usando o tradicional chapéu de couro de vaqueiro, com o parente ilustre. “Tio Gonzaga quando tava aqui mandava fazer a comida. A primeira coisa, tinha que ser no fogão a lenha. Segundo, ele criava bode, carneiro, galinha de capoeira, porque gostava muito da comida típica, da terra dele. E isso ele valorizava também na região onde passava. Se tocava no Rio Grande do Sul, por exemplo, queria sempre comer churrasco”.
O Parque Aza Branca hoje é o principal ponto turístico de Exu. Localizado na BR-122, quem cruza Pernambuco com destino ao Ceará ou vice-versa, costuma parar por lá. Uma estátua de Gonzaga, junto à sanfona branca, atrai logo a atenção.
Nesse espaço, também que conversei com outros turistas e partilhei com um deles esse sentimento: “Sempre me encantei pela história de Luiz Gonzaga. Pude observar que Exu é uma cidade pequena, pacata, como outra qualquer, mas tem esse privilégio. Aqui nasceu um rei. O poder público precisa de mais investimento, até pelo legado que ele deixou”, acredita Lourenço Gouveia, vendedor autônomo, que viajou de Recife para conhecer a cidade.
‘Meu Relicário’
Outra dica importante é ir até o distrito de Araripe, a cerca de 12 quilômetros da sede do Município. Foi lá onde nasceu Bárbara de Alencar, na Fazenda Caiçara, em 1760. A poucos metros dali, 152 anos depois, veio ao mundo Luiz Gonzaga do Nascimento, o único dos nove herdeiros que não carrega os sobrenomes dos pais, Januário dos Santos e Ana Batista de Jesus. “Luiz”, porque nasceu no mesmo dia que celebra Santa Luzia (13 de dezembro); “Gonzaga”, sugestão do vigário que o batizou, porque também homenageia São Luís de Gonzaga; e “Nascimento”, por ter nascido no mesmo mês que Jesus Cristo. Seu batismo ocorreu na Capela de São João Batista, que permanece viva na história do distrito de Araripe.
Um monumento marca a chegada do “Rei do Baião” ao mundo, vizinho ao histórico casarão do primeiro “Alencar”, que pisou o sertão pernambucano. É nesse chão de terra, onde morou até os 17 anos, antes de fugir para servir ao Exército em Fortaleza, que Gonzaga cresceu. Muitas de suas músicas, como “No meu pé de serra” (em parceria com o cearense Humberto Teixeira), que batizaria o gênero que o consagrou, são inspiradas no Araripe.
Depois de rodar o País, já fazendo sucesso, retornou, em 1946, e protagonizou a história da canção “Respeita Januário”. Ao bater à porta de casa, pedir um copo d’água a seu pai, ouvir o tibungado do caneco no fundo do pote e dizer: “Não tá me reconhecendo? É Gonzaga, seu filho”, logo ouviu: “Isso é hora de chegar em casa, moleque?”, retrucou seu pai. A mesma casa continua de pé, tombada pela Secretaria de Cultura de Pernambuco e fica aberta à visitação no mês de dezembro.
Perseverança
Mantido pela Organização Não Governamental Parque Aza Branca, o espaço onde fica o Museu de Luiz Gonzaga em Exu conta com 13 pessoas trabalhando, desde vigilantes, guias e atendentes. Uma das formas de mantê-lo são as vendas de produtos ligados ao artista, como camisas, chaveiros, chapéus de couro, e o ingresso no Museu. Com falta de apoio do poder público, a ONG busca ajuda de músicos para relembrar, neste dia 2 de agosto, os 30 anos de morte do “Rei do Baião”. Por causa da data, todas as pousadas estão reservadas. “O fã nunca falha. Sempre está aqui prestigiando. O público sempre se renova, sempre traz alguém”, conta o presidente da ONG, Júnior Parente. Em 13 de dezembro, data de aniversário de nascimento de Gonzagão, o movimento é tão grande que os moradores alugam suas casas para receber os turistas.
Na terra natal
A “Cavalgada da Saudade”, às 16 horas, e a “Missa da Saudade”, às 18 horas, são destaques na programação desta sexta-feira, 2 de agosto, em Exu, quando a cidade lembra os 30 anos da partida do filho mais famoso. As ações integram a terceira edição da Mostra Cultural Gonzaguiense, realizada até o próximo sábado. Na interessante programação, hoje tem exibição do filme “O menino que fez o museu”, de Sérgio Utsch, com a presença do protagonista, Pedro Lucas Feitosa (veja matéria na página 5). Mais informações na página da Mostra Cultural Gonzaguiense
Como chegar
O Aeroporto Regional do Cariri (Juazeiro do Norte) recebe voos de diversas capitais, como Fortaleza e Recife. Ele é o ponto de chegada por via aérea mais próximo a Exu, distante cerca de 80 km e aproximadamente 1h15 min. Sugiro alugar carro para fazer bate-volta. Um dia é suficiente para conhecer a cidade. De ônibus, o trecho Juazeiro- Crato- Exu é feito pela Viação Pernambucana
Nas proximidades
Aproveite a visita a Exu para explorar também o Cariri cearense, com sua exuberante Chapada do Araripe e sua cultura popular. Não deixe de conhecer as cidades de Crato, Juazeiro e Barbalha.
Confira mais informações de roteiro turístico
Onde se hospedar
Em Exu, há algumas pousadas, mas se sua intenção é fazer um bate-volta, sugiro optar pela rede hoteleira disponível no Cariri cearense.
Mais informações sobre onde ficar na região Sul do Ceará
Museu de Luiz Gonzaga
A entrada custa R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia). Endereço: Rodovia Asa Branca, Km 38, Rodovia BR- 122 | Gonzagão Exu – Pernambuco Fone: (87) 3879-1295 Horário de visitação: de terça-feira a domingo, de 8h às 17h.
Legenda: A equipe de reportagem: Antônio Rodrigues, Toni Sousa e Laerton Xenofonte, em frente à Capela de São João Batista
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Aos 82 anos morre Lilia das Mangueiras, ex-proprietária de lendário prostíbulo em Cajazeiras
Morreu na tarde desta terça-feira (20), em sua residência, no Bairro das Capoeiras, zona sul de Cajazeiras, a senhora Maria de Jesus, a Lilia das Mangueiras, alegados 82 anos. Natural de São José de Piranhas, Lilia manteve, por mais de quatro décadas, o lendário prostíbulo Boite das Mangueiras.
Grávida de três meses, Lilia chegou em Cajazeiras no final da década de 1950. Sem outras opções, triste e revoltada, resolveu se prostituir e ganhar fácil com a beleza. Frequentou alguns cabarés da cidade até decidir montar o seu próprio estabelecimento no contorno da BR-230.
Em 1998, a Câmara Municipal de Cajazeiras negou-lhe o título de Cidadã Cajazeirense, uma propositura do vereador Severino Dantas. A repercussão foi imensa, chegando a ser matéria do programa Fantástico, da TV Globo, quando recebeu o simbólico diploma de “A mulher que ensinou Cajazeiras a amar”.
Hostilizada por setores conservadores e preconceituosos da sociedade cajazeirense, Lilia era considerada uma mulher generosa, ajudando e acolhendo pessoas carentes sempre que lhe procuravam. Ela também foi proprietária do Dallas Motel, instalado em anexo à sua boate. Em 2019, foi homenageada pelo bloco carnavalesco Cafuçu de Cajazeiras.
Os detalhes do sepultamento ainda não foram divulgados por familiares.
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Raimundo Ferreira, o “Forasteiro” POR JOSÉ ANTÔNIO
Raimundo Ferreira, o “Forasteiro”
POR JOSÉ ANTÔNIO
Ofinal da década 50 e toda a de 60 foi muito promissora para a cidade de Cajazeiras, uma nova fase da modernidade começava a despontar, ainda com a força do algodão. Algumas conquistas no setor comercial se avolumavam e os serviços se ampliavam.
A sociedade civil e as lideranças se uniam em defesa do abastecimento d’água, da telefonia, da ampliação da rede bancária, da manutenção das linhas aéreas, da permanência do trem e tinha até uns “visionários” que criaram as Faculdades de Medicina e de Filosofia, Ciências e Letras.
Com a instalação do Banco Industrial de Campina Grande, o comércio ganha um novo fôlego, já que a principal praça de abastecimento de Cajazeiras era a cidade de Campina Grande, matriz deste banco, para cuja filial vieram não só bons gerentes, mas verdadeiros líderes, dentre eles Wilson Rodrigues, que por sua expressão econômica se engajou na luta por muitas conquistas de nossa cidade.
No meio empresarial começou a despontar um novo empresário, com visão de futuro, arrojado e corajoso, inteligente e de excelente poder de articulação, além de ser um excelente orador, que aos poucos se consolidou economicamente, com experiências adquiridas no vizinho estado do Ceará, de onde se originou: Raimundo Ferreira.
Foi pioneiro no transporte de passageiros para o sul e centro-oeste do Brasil, cuja empresa, Viação Brasília, se tornou símbolo de prosperidade e um precioso “cartão de visita” de nossa cidade. O seu empreendedorismo foi muito além ao construir um moderno Terminal Rodoviário, que recebeu o nome de seu pai, Antonio Ferreira, em cujo conjunto arquitetônico agregou um hotel, que foi batizado de Esplanada Hotel, em homenagem a JK, de quem era um fã incondicional e amigo pessoal.
Incluído na plêiade de empresários vitoriosos de Cajazeiras, enveredou por outros setores e ao lado de Dom Zacarias, construíram as duas “Vilas” mais famosas da cidade: A Vila Centenária e a Vila do Bispo, fazendo com que a cidade crescesse para o sudeste. Vale ressaltar que Raimundo tinha um grande amigo no clero da Diocese, Monsenhor Abdon Pereira, e os dois comungavam dos mesmos ideais “políticos”, já que Monsenhor tinha uma forte tendência partidária na cidade.
Raimundo participou ativamente da criação da Câmara Júnior, cujo objetivo principal era o de preparar jovens para criar mudanças positivas, preparar novas lideranças e este é um capítulo da História de Cajazeiras que precisa ser resgatada.
E Banda de Música de Raimundo? Esta era o orgulho e a alegria de muitos cajazeirenses, formada só por mulheres, sob a batuta do inesquecível Maestro Cabrinha. Batizou-a de Banda Padre Cícero. E os prefeitos e os padres da região faziam questão de tê-la nas suas festas de emancipação política e das padroeiras. As meninas foram se apresentar até no Palácio do governo e na televisão.
E a Escolinha Brasília? Esta era o xodó dele. Mais de cem crianças estudaram nela, com professores pagos pela Viação Brasília, dentre elas a mestra Mercês Holanda. Ele também se envolveu fortemente com a Escola Profissional Lica Dantas, de quem foi um exemplar colaborador. Assim era Raimundo.
Raimundo sempre foi solidário com as pessoas mais humildes e tinha um generoso coração, a exemplo do que fazia todos os anos no período natalino: saia a distribuir senhas pela periferia com os pobres para que pudessem ter uma ceia de natal, que eram recebidas na Rodoviária, numa festiva manhã. Quantas passagens ele ofertou para que muitos cajazeirenses buscassem uma oportunidade de vida melhor em São Paulo ou Brasília? Ou mesmo vendia-as para quando o cidadão começasse a trabalhar a pagasse em módicas prestações? Enquanto seus negócios cresciam, os empregos se multiplicavam na cidade.
Assim era Raimundo. Um cidadão simples e muito festeiro, ao ponto de se tornar presidente do Clube 1º de Maio, entidade social aberta aos não “ricos” de Cajazeiras, em contraponto ao Cajazeiras Tênis Clube que era frequentado pela elite. E como dirigente proporcionou grandiosos eventos, ao trazer cantores de renome nacional para abrilhantar as festas, como Ângela Maria, Alcides Gerardo, Núbia Lafaiete, Zé Trindade, dentre outros. Era um grande carnavalesco e sempre esteve cercado de belas mulheres, todas de olho no “solteirão”.
Diante de tanto sucesso empresarial, as oposições ficaram de olho e o escolheu em duas oportunidades para ser candidato a prefeito de Cajazeiras. Foram memoráveis campanhas. Na primeira, a certeza da vitória saltava aos olhos de todos. Com uma conduta irrebatível, o único “defeito” que os seus adversários encontraram nele foi o de não ser filho natural de Cajazeiras, então o alcunharam de “Forasteiro”. Um “forasteiro” que morria de amores pela terra que o recebeu de braços abertos. Ele costumava dizer: Cajazeiras me ama e me quer bem, mas na hora de votar se esquece de mim”.
Deixa um legado de muito trabalho na terra de Padre Rolim, que Cajazeiras tem o dever e a obrigação de reconhecer e agradecer.
Raimundo faleceu em Juazeiro do Norte aos 88 anos de vida onde foi sepultado neste último dia 17.
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Cantora Gal Costa morre aos 77 anos
A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista
Morreu na manhã desta quarta-feira (9) a cantora baiana Gal Costa. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista ao jornal Folha de S. Paulo. Gal sofreu um infarto fulminante.
Em setembro, Gal suspendeu a turnê “As Várias Pontas de uma Estrela” até o final de outubro, após a retirada de um nódulo nasal. O procedimento foi realizado na cidade de São Paulo (SP), havia sido bem-sucedido. De acordo com Nilson Raman, tour manager da artista, havia informado que ela ficaria afastada dos palcos até se recuperar plenamente.
A turnê estava prevista para vai seguir para a Europa, com shows agendados em Lisboa (Portugal) e Londres, no Reino Unido, em novembro deste ano.
Gal Costa deixa o filho Gabriel Costa Penna Burgos, de 17 anos.
A volta de Gal aos palcos depois de um tempo afastada dos shows por causa da pandemia aconteceu no final de 2021, com a turnê “As Várias Pontas de uma Estrela”, que homenageou Milton Nascimento.
A sua última apresentação em Salvador foi em março desde ano, e teve ingressos esgotados, logo na primeira semana de vendas. A turnê também passou por outras capitais, como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Fortaleza.
“A obra de Milton Nascimento é linda, maravilhosa. E como cantor, ele é incrivelmente lindo, bom, espetacular”, disse Gal sobre a escolha do homenageado, em entrevista ao CORREIO.
Na ocasião, Gal também falou sobre o filho, Gabriel. “Sim, a canção Gabriel, que é o nome do meu filho – ele está com 16 anos, grande, mas é homenagem que faço a ele. Uma homenagem em que mostro no palco um momento em que sou puramente verdadeira, meu grande amor por ele, meu amor mais que especial, um amor de mãe. A experiência da maternidade é uma coisa maravilhosa. Amo meu filho como nunca pensei amar alguém”.
Uma cinebiografia sobre a cantora, Meu Nome É Gal, está sendo preparada.
Meu nome é Gal
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 1945, em Salvador. Ela estreou nos anos de 1960, junto com Caetano Veloso, Maria Bethânia, Tom Zé, Gilberto Gil, no espetáculo Nós, Por Exemplo, em 1964.
O primeiro disco Domingo, foi lançado em parceria com Caetano. Em 1968, Gal participou do disco Tropicália ou Panis et Circencis (1968). Seu primeiro disco solo foi lançado em 1969, Gal Costa.
Ela ainda gravou: Cantar (1974), Água Viva (1978), Fantasia (1981), Baby Gal (1983), Gal (1992), Recanto (2011), entre dezenas de outros.
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Curiosidades Sobre A Vida do Pastor Edir Macedo E Os Seus Luxos
A revista Forbes criou um ranking da fortuna dos maiores líderes religiosos do Brasil, e ao contrário do que pregou Jesus Cristo, eles acumulam uma vasta fortuna. Estevan Hernandes Filho e a “bispa” Sônia, por exemplo, têm juntos R$ 120 milhões. Outro exemplo, R. R. Soares, aparece com R$ 250 milhões. O líder da Assembleia de Deus, Silas Malafaia, tem fortuna R$ 300 milhões e o “apóstolo” Valdemiro Santiago, ‘dono’ da Igreja Mundial do Poder de Deus chega com R$ 400 milhões. No entanto, na liderança dessa estranha lista está Edir Macedo, fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, com patrimônio estimado em R$ 2 bilhões. Confira mais detalhes sobre a fortuna do “bispo” a seguir.
Continue lendo para descobrir o melhor local para falar com Deus.
Antes da fé
Edir Macedo Bezerra tem hoje 74 anos. Antes de fundar a Universal, o bispo foi, por 16 anos, funcionário público e chegou a trabalhar para o IBGE, no censo econômico de 1970. No final da década de 70, no entanto, Edir Macedo deixou a carreira de funcionário público para se dedicar integralmente à vida religiosa. Fundou a Universal em 1977, mas já era pastor desde 1974. Tem cinco irmãos e nasceu em Rio das Flores – RJ
Curiosidades Sobre A Vida De Edir Macedo E Os Seus Luxos
Aos 87 anos morre o radialista ” Pinguin ” fundador da Difusora Radio Cajazeiras
Morre o radialista Pinguim, dos primórdios da radiofonia em Cajazeiras
Faleceu na tarde dessa terça- feira (8), em João Pessoa, o Bacharel em Direito Antônio Augusto Farias de Albuquerque, também conhecido como Pinguim, aos 87 anos.
Ele encontrava-se hospitalizado no Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho, na capital do estado, tendo sido vítima de insuficiência renal aguda.
Pinguim foi radialista na Difusora Rádio Cajazeiras, na década de 1960, nos primórdios do funcionamento daquela emissora. Ali apresentou musicais e foi noticiarista sob o comando do diretor Mozart Assis. O radialista iêdo ferreira, também fundador da Difusora Rádio Cajazeiras, trabalhou com ” Pinguin ” vários anos. Pinguin, também foi chefe de de gabinete da Prefeitura Municipal de Cajazeiras por vários anos, além de ter sido secretário da edilidade .
Antônio Augusto Farias era irmão do radialista Rubens Farias (in memoriam). Deixa a esposa Aédila de Andrade Farias, dois filhos e uma neta.
O sepultamento acontece no Cemitério Parque das Acácias, em João Pessoa.
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Meu amigo da Casa Norte ; Por Cristina Moura
Meu amigo da Casa Norte
Por Cristina Moura
Com o meu primeiro salário de jornalista, trabalhando na Sucursal do Correio da Paraíba, em Cajazeiras, decidi investir num presente pra mim. Comprei meu primeiro violão. Fui à Casa Norte, toda ancha, e pedi pra ver uma peça que eu já namorava pela vitrine, há tempos. Seu José Adegildes, o proprietário do estabelecimento, era detalhista, caprichoso com suas novidades ou itens mais conhecidos. Naquele momento, estava eu entrando num clássico do comércio cajazeirense. Sim. Naquela esquina mais do que privilegiada.
Lá vinha ele, com seu bom-dia altivo, cabelos ralos e grisalhos, olhos meio esverdeados e brilhando com aquele calor sertanejo. Perguntei logo se ele fazia à prestação. Eu não podia comprar à vista, pois tinha outras obrigações. Conforme esperado, ele lançou aquela famosa pergunta: Você é filha de quem? Vibrei de emoção. Comprovei um dos resultados da nossa construção social, ao longo da História: a importância dos laços familiares. É sempre uma satisfação dar a resposta a qualquer pessoa. Sou filha de Adonias Moura, contador, e Ivanícia Lima, professora. Os olhos dele arregalaram, de surpresa. Parecia um pouco assustado, o dono da loja. Você é jornalista, tão nova, que maravilha, Deus abençoe sua caminhada.
Para Seu Zé, estava mais do que claro que eu pagaria certinho o acordo com os três recibos. E paguei. Que figura. Eu estava conversando com um dos pioneiros da radiocomunicação da cidade e, por consequência, da região. Um autêntico desbravador das publicidades radiofônicas. Surfista campeão das ondas invisíveis, tecnicamente falando. Somente por isso, de fato, eu sabia que era uma honra estar ali. Falei que também trabalhava na rádio Alto Piranhas e que colaborava com o jornal Gazeta do Alto Piranhas. Os olhos arregalados, de novo, com espanto. Como se eu estivesse de frente a um tio, que me dava conselhos. Muito bem, minha filha, você é repórter, está numa profissão bela, tome cuidado com as armadilhas, preste atenção no que vai dizer, fique longe dos malandros e aproveitadores. Nesse estilo.
Depois que me apresentei e falei onde trabalhava e de qual família pertencia, estava tudo certo. Dona Giselda, sua filha, colega da minha mãe, me conhece desde criança, eu disse a ele. Pronto. Foi conversa pra muitos violões. Mas, fiquei somente naquele, que considero o primeiro que comprei.
Começamos, então, uma boa amizade. Certa vez, ele se lembrou da compra e perguntou se eu ainda tocava alguma coisa. Falei que conseguia uns dedilhados, mas que os calos haviam sumido, por falta de estudo e prática. Sabemos que os calos são importantes, nesse caso, pois evitam dores no contato com as cordas. Mas volte a tocar, disse ele, porque é muito bonito quem toca um instrumento.
A Casa Norte passou a ser lugar obrigatório pra visita. Tranquila e feliz obrigação. De Seu Zé ganhei um pequenino filtro de barro. Guardo esse mimo com carinho e respeito. Se eu fechar os olhos, me lembro daquelas luzes coloridas das estantes. Quando eu passava naquele trecho, no miolo do Centro da cidade, era uma alegria dizer um olá ao amigo, para trocarmos dois ou mais dedos de prosa. Falávamos sobre a vida, política, imprensa, algum acontecimento marcante ou recente. A memória dele, sem dúvida, admirável. Papo não faltava.