Áudios de agente da PF revelam detalhes de plano golpista; veja
Policial preso por envolvimento em golpe de Estado disse que planejava prender Moraes e que estava pronto para “matar meio mundo de gente”

A Polícia Federal (PF) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um conjunto de provas sobre o plano golpista para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022. Áudios divulgados nesta quinta-feira (15), revelam a participação ativa do policial Wladimir Matos Soares na tentativa de golpe de Estado e indicam a existência de um grupo armado que estaria, segundo as gravações, preparado para agir com violência, inclusive, para perpetrar o assassinato do presidente eleito, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF, Alexandre de Moraes..
Em um dos áudios, Soares afirma que participava de uma equipe de operações especiais, com grande poder de fogo, preparada para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Nós fazemos parte de uma equipe de operações especiais que estava pronta para defender o presidente [Bolsonaro] armado e com o poder de fogo elevado para empurrar quem viesse à frente. Estávamos prontos”, garantiu.
“A gente ia com muita vontade, íamos empurrar meio mundo de gente, íamos matar meio mundo de gente, não estava nem aí mais”, acrescentou Soares. De acordo com as gravações, o plano era agir para que a posse não ocorresse, mas o grupo não agiu para impedir que Lula assumisse a presidência do Brasil por falta de autorização de Bolsonaro.
“Não ia ter posse, cara. Nós não íamos deixar, mas aconteceu. E Bolsonaro faltou um pulso pra dizer: ‘não tenho general, tenho coronel, então vamos com os coronéis’. Era o que a tropa toda queria”, contou.
Soares ainda detalhou o envolvimento de militares na preparação para o golpe. Em uma das mensagens, ele contou que o Exército estava começando a se mobilizar para “o dia da tomada” e que os acampamentos em frente ao Quartel General (QG) em Brasília seriam desmontados, para dar mais segurança aos integrantes do grupo golpista.
“O Exército está começando a indicar para a gente a desmobilização da área. Porque na frente dos QGs é onde vai ter confusão se o nosso pessoal continuar acampado ali. Então, o Exército já prevendo esse tipo de coisa que pode vir a acontecer, já está começando a tomar algumas medidas”, assegurou o agente da PF, tranquilizando os outros membros da trama golpista.
Nessa mesma mensagem, ele alegou que não havia necessidade de os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro ficarem acampados até o momento da tomada de poder, isso porque, na sua avaliação, a manifestação já tinha legitimado o plano golpista.
“É porque a manifestação já legitimou, então não tem necessidade de se manterem ali milhares de pessoas até o dia da tomada. Não precisa, porque, se isso acontecer, vai ter muito efeito colateral para o nosso lado, de pessoas que não estão prontas para uma guerra”, opinou.
“Então, as coisas estão começando, senhores, a se desenhar. O preparo está sendo feito e, com certeza, o pau vai torar. Esse ladrão não vai assumir, não”, finalizou Soares.