PORQUE A DIREITA REJEITA PAULO FREIRE: Escrito Por Rui Leitao

 

PORQUE A DIREITA REJEITA PAULO FREIRE: Escrito Por Rui Leitao

 

Temos assistido com muita frequência manifestações de ataques à memória de Paulo Freire. Porque será que o patrono da educação brasileira tanto incomoda a direita? O seu trabalho em favor da educação é reconhecido no mundo inteiro. Mas no Brasil de agora, o próprio governo insiste em ignora-lo.

Mas a resposta vem com facilidade. O educador pernambucano foi considerado subversivo pela ditadura militar, forçando-o, inclusive, ao exílio, em razão do seu projeto pedagógico que buscava a conscientização política do povo, objetivando a emancipação social e cultural das classes menos favorecidas e excluídas das políticas públicas. Esse é o grande motivo de tanta rejeição. Como o governo atual se mostra admirador do sistema de repressão que vivemos após o golpe de 1964, tudo o que naquele tempo se fazia ou condenava, recebe a aprovação dos que estão eventualmente no poder. Segundo os ditadores, conforme consta em documentos que determinavam a sua prisão, Paulo Freire era “homem notoriamente ligado à política esquerdista”.

Uma de suas obras mais conhecidas é a “Pedagogia do Oprimido”. Claro que os conservadores e reacionários de direita nunca aceitariam tal orientação educacional. É o que chamam de “doutrinação de esquerda”. Predomina a justificativa ideológica das classes dominantes que não quer considerar o povo como sujeito de direitos. A concepção freiriana entendia a educação como um ato político e de cultura. Tudo o que não deseja os que o renegam.

A educação tem que ser democrática, participativa, oferecendo condições a que cada cidadão participe efetivamente da construção de sua nação. Por isso foi, e está sendo considerado novamente, “elemento perigoso”, uma vez que contraria os que querem um sistema de ensino que se afaste de qualquer caráter social. A escola tem que ser base para a formação de cidadania.

Portanto, não é de se estranhar esse abespinhamento da direita brasileira com Paulo Freire, um dos educadores, pedagogos e filósofos mais consultados pelas universidades do mundo inteiro. Para ele “estudar não é um ato de consumir idéias, mas sim de criá-las e recriá-las”. Negar o seu legado é o interesse maior desse movimento contemporâneo ultraconservador no Brasil.

 

www.reporteriedoferreira.com.br  Por  Rui Leitão, Jornalista, advogado e escrito.




Publicado no jornal A UNIÃO, edição de hoje Um discurso histórico: Por Rui Leitao 

 

Publicado no jornal A UNIÃO, edição de hoje

Um discurso histórico: Por Rui Leitao

 

Em 1968 a juventude estudantil cada vez mais se afirmava como porta voz da insatisfação popular ante o governo autoritário que os militares estavam impondo à sociedade brasileira. Organizavam e comandavam todas as manifestações públicas de protesto à ditadura, recebendo sempre a adesão de artistas, intelectuais, religiosos e do povo em geral. Isso provocava um clima de tensão social, com o governo dando demonstrações de inquietação com a crescente mobilização liderada pelos estudantes.

 

Havia uma expectativa muito grande em relação às comemorações do dia da independência, quando os militares procuravam acender o sentimento cívico nacional, estimulando participação patriótica dos colégios nos desfiles de sete de setembro. Por outro lado, as lideranças estudantis enxergavam nesse evento um especial instante de expressar o repúdio coletivo ao regime, tirando o brilho das marchas comemorativas da data e provocando os ditadores. Por isso, em várias capitais do país surgiam movimentos de convencimento dos estudantes a não participação nos desfiles.

 

Na Paraíba, vários comícios relâmpagos foram realizados com esse objetivo, com maior ênfase no Liceu e no Estadual do Roger, através dos dirigentes dos Grêmios Daura Santiago Rangel e Castro Alves, respectivamente.

Essa intenção ganhou força a partir do discurso histórico proferido pelo Deputado Márcio Moreira Alves, na Câmara Federal, no dia dois de setembro, sugerindo o boicote às comemorações do sete de setembro. Não imaginava o deputado que, com aquele pronunciamento, ele mudaria a história política brasileira. Instalava-se a partir dele a crise que culminaria com a edição do AI 5.

 

Para melhor compreensão do teor explosivo do discurso, considerado pelos ministros militares como “ofensivo aos brios e à dignidade das forças armadas”, transcrevo na íntegra a seguir:

“Senhor Presidente, Senhores Deputados Todos reconhecem ou dizem reconhecer, que a maioria das forças armadas não compactua com a cúpula militarista que perpetra violências e mantém este país sob regime de opressão. Creio ter chegado, após os acontecimentos de Brasília, o grande momento da união pela democracia. Este é também o momento do boicote. As mães brasileiras já se manifestaram. Todas as classes sociais clamam por este repúdio à polícia. No entanto isso não basta. As cúpulas militaristas procuram explorar o sentimento profundo de patriotismo do povo e pedirão aos colégios que desfilem juntos com os algozes dos estudantes.

 

Seria necessário que cada pai, cada mãe, se compenetrasse de que a presença dos seus filhos nesse desfile é o auxílio aos carrascos que os espancam e os metralham nas ruas. Portanto, que cada um boicote esse desfile. Esse boicote pode passar também às moças. Aquelas que dançam com cadetes e namoram jovens oficiais. Seria preciso fazer hoje, no Brasil, que as mulheres de 1968 repetissem as paulistas da Guerra dos Emboabas e recusassem a entrada à porta de sua casa aqueles que vilipendiam-nas. Recusassem aceitar aqueles que silenciam e, portanto, se acumpliciam. Discordar em silêncio pouco adianta. Necessário se torna agir contra os que abusam das forças armadas, falando e agindo em seu nome. Creia-me, senhor presidente, que é possível resolver essa farsa, esta democratura, pelo boicote. Enquanto não se pronunciarem os silenciosos, todo e qualquer contato entre civis e militares deve cessar, porque só assim conseguiremos fazer com que este país volte à democracia. Só assim conseguiremos fazer com que os silenciosos que não compactuam com os desmandos de seus chefes, sigam o magnífico exemplo dos 14 oficiais de Crateús que tiveram a coragem e ha hombridade de, publicamente, se manifestarem contra um ato ilegal e arbitrário de seus superiores”.

 

www.reporteriedoferreira.com.br   Por  Rui Leitão, Jornalista, Advogado e Escritor.




A briga intestina da extrema direita: Por Rui Leitão

A briga intestina da extrema direita:

Por Rui Leitão

Até pouco tempo bolsonaristas e moristas eram parceiros. Afinados ideologicamente. Comprometidos com causas políticas comuns: destruírem o PT e Lula. Ambos contando com o apoio explícito da grande mídia. Bolsonaro surfando na onda até então positiva da Lava Jato e tendo o ex-juiz e os procuradores que integram a força tarefa da operação como cabos eleitorais (Carlos Fernando chegou a confirmar isso numa entrevista na TV). E Moro e a Lava Jato visualizando na eleição de Bolsonaro o alcance de sucesso no projeto de poder que arquitetaram.

Tudo caminhava como haviam planejado. Eleição confirmada e convite a Moro para ser o ministro da justiça do seu governo efetivado. Enfim o lavajatismo chegou ao poder através do seu comandante maior. Nada transparecia a possibilidade de dar errado. Os primeiros meses do ano foram de grandes comemorações. Até que apareceu o The Intercept. A máscara começou a cair comprometendo a festejada união. A fama de paradigmas da moralidade e da ética conquistada pelos integrantes da Lava Jato foi desaparecendo velozmente. No campo do poder judiciário as decisões passaram a ser de absolvição de condenados pela república de Curitiba ou, simplesmente, de anulação de sentenças pronunciadas pelo ex-juiz. O seu protagonismo na cena política nacional já não é o mesmo, pelo crescente descrédito junto à opinião pública. Tanto isso é verdade que o presidente fez a alta aposta de demitir o ministro da justiça, tido por muitos como “imexível”, porque avaliou que sua saída do governo causaria mal menor do que se continuasse na Esplanada dos Ministérios.

Por outro lado, começaram a surgir também as guerrinhas de ciúmes. O presidente, que pode não ser intelectualmente um homem preparado, mas não é burro, percebeu que o seu ministro estava pretendendo vôos mais altos. Sua reeleição enfrentaria disputa dentro do próprio governo. Sentiu que estava na hora de cortar as asas do seu pretenso opositor na eleição presidencial de 2022. A “carta branca” prometida por ocasião do convite logo deixou de ter validade. O ministro perdia força a olhos vistos. Tanto por conta das reações de controle da situação pelo presidente, quanto pelos vazamentos que a opinião pública passou a ter conhecimento, desnudando o “conluio” liderado pelo ministro à época em que comandava a Lava Jato. Até que o rompimento foi oficializado.

Deltan Dallagnol, o segundo na hierarquia da operação Lava Jato, ao perceber a perspectiva do desenlace, começou a dizer que o presidente não estava honrando o compromisso de combate à corrupção feito na campanha eleitoral. Atos de Bolsonaro passaram claramente a demonstrar o seu afastamento da Lava Jato. Ela já não se fazia mais tão necessária para os seus objetivos políticos. Até porque observou que se iniciava o processo de sua desmoralização perante a opinião pública. O desprestígio do então ministro da justiça se revelava a cada dia. O divórcio não tardou. Deltan chegou, inclusive, a ser classificado pelo presidente como um “esquerdista ao estilo Psol” e de ter ligações com Ongs da esquerda. Risível essa qualificação para o procurador chefe da força tarefa. Mas o propósito foi de mandar o recado de que já não tinha mais o mesmo alinhamento político e ideológico.

A verdade é que a extrema direita está dividida. Vive um processo de autofagia. O núcleo ideológico que conquistou o poder está visivelmente desconjuntado. A briga intestina cada vez mais se estabelece, separando os bolsonaristas dos moristas. Não se tornaram apenas adversários políticos, mas inimigos. A novela está só nos primeiros capítulos. Promete muitas novidades.

www.reporteriedoferreira.com.br  Por Rui Leitão, Jornalista, advogado e escritor.




AS DISCUSSÕES POLÍTICAS NA INTERNET: Escrito Por Rui Leitao

 

AS DISCUSSÕES POLÍTICAS NA INTERNET: Escrito Por Rui Leitao

As redes sociais deveriam ser um importante instrumento para o exercício de reflexão, troca de ideias divergentes e estímulo à pluralidade democrática. Na prática o que vemos é exatamente o contrário, principalmente quando o debate (melhor classificar de discussão) acontece no trato de questões políticas. Há uma flagrante prevalência da hostilidade, com expressões precipitadas de opiniões, fugindo ao discurso racional.

 

A internet está cheia de piromaníacos, aqueles que sentem prazer em jogar gasolina no fogo para provocar o incêndio. Normalmente são debatedores despreparados, que não aceitam contestação ao que pensam e defendem. Oferecem status de manchetes aos boatos que satisfazem seu pensamento político. Desconhecem o que sejam regras de polidez. Assumem um engajamento político belicoso, produzindo comentários carregados de sarcasmos, desqualificando os que se opõem às suas ideias, utilizando-se de ofensas pessoais já que não se apresentam com capacidade para argumentação contrária.

 

O pior é que são pessoas que não aprenderam a pensar. Falam, raciocinam e agem, na conformidade do que seus líderes definem. Falta-lhes consciência crítica. É como se participassem de torcidas organizadas em torno de disputas partidárias e questões polêmicas. Estimulam o acirramento dos ânimos. Confundem debate com discussão. O debate produz aprendizado, conhecimento, e, muitas vezes, o encontro do consenso. A discussão é pautada por brigas, desavenças, xingamentos.

 

Atingir de forma depreciativa a dignidade de outrem é afrontar o direito alheio de assumir sua individualidade. Não se pode confundir o discurso do ódio com a liberdade de expressão. Os embates políticos não devem ser alimentados pela ferocidade, e sim pelo equilíbrio na manifestação de opiniões.

É necessário que se desarmem os espíritos, para que busquemos a paz que este país tanto precisa. Muito triste ver que amigos fraternos se atacam por causa de política, as divergências contaminem os ambientes familiares a ponto de suscitarem brigas entre parentes.

 

Passado o abrasamento do bate-boca, dos desentendimentos, é que observamos o quanto estamos sendo tolos nesse tipo de comportamento. Façamos, portanto, das redes sociais, não um campo de batalha, mas um espaço de conversa civilizada, mesmo que no confronto de teses e convicções. Que as brincadeiras nunca deixem de ser apenas uma forma irônica, no bom sentido, de defesa de suas posições, sem o interesse em achincalhar, menosprezar ou humilhar alguém. Assim preservaremos e fortaleceremos a democracia que tanto desejamos.

www.reporteriedoferreira.com.br  Por Rui Leitão, Jornalista, Advogado e Escritor.




O MAU USO DA DELAÇÃO PREMIADA: Escrito Por Ruiu Leitao

 

O MAU USO DA DELAÇÃO PREMIADA: Escrito Por Ruiu Leitao

Embora não veja com bons olhos o instituto jurídico da delação premiada, não posso desconhecer a sua importância nos processos de investigação penal., possibilitando o desmantelamento de quadrilhas criminosas. O meu questionamento se dá quanto ao seu uso de forma irresponsável como temos tido conhecimento em muitos casos, atendendo interesses escusos e transformando-a em show midiático. Ela não deve ser compreendida como o único e mais eficaz meio de avançar nos procedimentos investigatórios, partindo do pressuposto de que “os fins justificam os meios”.

 

Há notícias de muitas delações premiadas que foram forjadas com o objetivo de beneficiar o delator que denuncia pessoas identificadas como inimigas políticas do sistema. O delator é instigado a promover uma seleção fática com o propósito de ganhar o seu “prêmio”, ao exercitar a “deduragem” que fortalecerá o aparato acusatório. Os acordos firmados têm se revelado, em muitos casos, um negócio bem vantajoso para o delator. Principalmente para aqueles que não demonstram qualquer constrangimento em se submeter ao jogo espúrio, sem observância dos ditames legais por parte de agentes do Estado.

Interessante que o delator é considerado um bandido até o momento em que se dispõe a delatar. A partir de então ele passa a ser visto como alguém em quem se pode confiar, mesmo quando as evidências mostrem que suas afirmações são desprovidas de veracidade. O que vale é a conquista dos “favores” negociados nos termos do acordo firmado. Na busca da liberdade, vende sua alma inescrupulosamente. Há advogados especialistas na formulação desses acordos.

 

Tenho dificuldade em adequar a delação a valores éticos. Porém, muitos procuram justifica-la pelo princípio do finalismo aristotélico, o que dispensaria a obediência a conceitos morais. Ninguém pode argumentar que essas denúncias sejam motivadas por sentimentos nobres ou impulsionadas por remorsos de crimes porventura cometidos. Para salvar a própria pele o delator se dispõe a praticar, se preciso for, a mentira e a indignidade.

A espetacularização midiática se encarrega de produzir o linchamento públicodeduragem;

de quem for apontado como comparsa ou chefe do delatado. Ao Estado não compete barganhar com a criminalidade, fazendo uso de falsas denúncias, produzidas pelo desespero ou por pressões de agentes nelas interessados. Quando isso acontece, coloca o “jus puniendi” acima dos direitos individuais. Urge fazer uma reflexão crítica quanto à sua aplicação, de forma a que não se incida em erros jurídicos irreparáveis

 

O caso mais recente de delação articulada criminosamente é a do ex-ministro Palocci. As informações por ele prestadas e que justificaram sua saída da cadeia, com direito a abocanhar alguns milhões de reais, foram todas desmentidas pelo relatório conclusivo da Polícia Federal. E agora? Como remediar as consequências dessa delação, que causou danos inestimáveis ao banco BTG e ao ex-presidente Lula? Bom lembrar que a delação foi vazada pelo então juiz Sérgio Moro às vésperas da eleição presidencial, causando grande repercussão na campanha.

 

Que o caso Palocci sirva de exemplo na confirmação de que esse instrumento vem sendo utilizado, muitas vezes, de forma irresponsável, em negociatas de interesses políticos. Está na hora de examinar a prática desse instituto jurídico, oferecendo-lhe os cuidados que se fazem necessários para que as regras a respeito sejam seguidas à risca. Nunca desprezando a análise causal entre as informações prestadas pelo delator e as descobertas da investigação, na procura incessante das provas das denúncias apresentadas.

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UM PRESIDENTE SEM EMPATIA: Por Rui Leitao 

UM PRESIDENTE SEM EMPATIA: Por Rui Leitao

 

Eu sinceramente pensei que haviamos chegado ao limite do desrespeito a uma sociedade civilizada. Me convenci que estamos só no começo de algo inimaginável. É muita falta de solidariedade humana e consideração com o povo.. Nunca passou pela minha cabeça ver um presidente da república chegar a esse nível. A postura do chefe da nação é de total insensibilidade quanto às mais de cem mil mortes e mais de três milhões de brasileiros infectados pela covid-19.

 

O que se espera do primeiro mandatário da nação? Alguem que tenha consciência da enorme responsabilidade que pesa sobre seus ombros. Um estadista, um exemplo a ser seguido.

O que estamos vendo? Um presidente que desdenha da gravidade dessa crise sanitária. Não tem a menor noção do que seja empatia. Contraria todas as recomendações médicas e científicas para enfrentamento da pandemia. Crítica os governantes que cumprem as normas que a ciência e a medicina recomendam. Foge às regras básicas de comportamento sociável, desmerecendo o posto que está exercendo. Faz questão de promover aglomerações, colocando em risco a vida de milhares de compatriotas. Quando questionado sobre o número crescente de mortes, com a maior naturalidade pergunta: e daí?

 

Não se trata de avaliação ideológica ou política. O que se leva em consideração é a performance destoada de um pretenso líder. Quem deveria ter uma linha de conduta a ser seguida, se mostra num desvio de procedimento. Sua incontinência verbal ataca de morte a reverência ao cargo que exerce.

Em sendo um democrata , aceito o resultado da urnas, mas merecíamos algo melhor. Independente de convicções ideológicas ou partidárias, precisávamos ter um presidente ajustado á responsabilidade da elevada missão de dirigir os destinos de uma nação. Equilibrado, voltado para as demandas sociais, independente de credo, raça ou classe social. Preocupado com a saúde do povo.

 

O presidente eleito, além de despreparado para a alta missão que o povo lhe delegou, não tem a mínima consciência de suas responsabilidades. Deslumbrado com o poder, negligencia no exercício de sua função e desconsidera a aflicao que o surto epidemico tem provocado a todos os brasileiros. Nao se tem noticia de que tenha visitado um unico hospital nesses ultimos cinco meses. Estamos ha mais de tres meses sem ministro da saude. Não se vê uma palavra de conforto às famílias que perderam seus entes queridos vitimados pelo coronavirus. Mas posta nas redes sociais a comemoração da conquista do campeonato de um dos times de futebol que diz torcer (São muitos), desrespeitando o luto de mais de cem mil famílias brasileiras. Entregou a tarefa de administrar o ministerio a um grupo de militares que nao tem qualquer formacao academica na area da saude. Confesso que faço um esforço enorme para acreditar que dias melhores virão. Mas como acreditar nisso?

 

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O MOVIMENTO DA ANTIPOLÍTICA: Escrito Por Rui Leitao

O MOVIMENTO DA ANTIPOLÍTICA: Escrito Por Rui Leitao
Há um esforço estratégico para estigmatizar a classe política. O lavajatismo cuidou de promover, com espetacularização, esse intento. O objetivo é fazer com que a grande maioria da opinião pública nacional passe a encarar a classe política como corrupta de forma generalizada. A última eleição para presidente da república foi bem um reflexo disso. O eleitorado elegeu alguém que se apresentava como um outsider, num discurso de combate à velha política. Percebe-se, agora, que a prática vem contrariando o que pregavam durante a campanha. O que estamos vendo é o cometimento dos mesmos vícios históricos, por aqueles que se diziam os “diferentes”.
Não podemos deixar de reconhecer que a nossa cultura política concorre para a formação desse julgamento popular. São frequentes e inúmeros os exemplos de má conduta de muitos dos que fazem política neste país. Não exercitam a política na sua expressão mais legítima, e sim a “politicagem”. Troca de favores, tráfico de influência, compra da consciência dos eleitores, fraudes eleitorais, procedimentos ilícitos na esperança de que ficarão impunes, má gestão do dinheiro público, absoluta falta de comprometimento com as causas sociais. Só para citar alguns exemplos que caracterizam a parte podre dos homens públicos brasileiros.
Mas não podemos generalizar, existe muita gente voltada para os interesses da sociedade, atuando de forma desprendida no exercício de mandatos que lhes são outorgados pelo povo ou em cargos públicos para os quais foram nomeados. Fogem à regra, com certeza. O fato é que a classe política está fortemente estigmatizada. Entretanto, nós cidadãos comuns, que nos apressamos em fazer nossas críticas, de julgá-los, de impor a nossa censura, nada fazemos para mudar essa cultura política nacional. Muito pelo contrário, contribuímos para que os comportamentos sejam os mesmos, as posturas sejam confirmadas como ideais, o clientelismo e o assistencialismo sejam marcas de qualidade dos que se oferecem para disputa de mandatos eletivos. O poder econômico e a ação das máquinas administrativas desequilibram a concorrência nas eleições. Boa parte da população vive esperando o ano das eleições para disso tirar proveito. É profundamente lamentável que isso aconteça. Mas é a triste realidade.
O mais preocupante é que esse movimento antipolítica faz com que se entenda como normal o direito de destruir reputações, inclusive desrespeitando as leis. As instituições democráticas são atacadas com o propósito de fragilizar a confiança popular nelas. Estigmatizar o exercício da política é um erro que destrói o estado democrático de direito. É falso esse ataque às instituições com o pretexto de que estão querendo salvá-las. A retórica pautada na disseminação de inverdades, sedimenta o estabelecimento de um cenário em que tudo o que acontece de ruim é por conta das ações de agentes políticos
A antipolítica tem encontrado terreno fértil para sua proliferação. Guerras culturais são estimuladas, fazendo com que não se dê importância à necessidade de examinar se os discursos estão ancorados na realidade. Desqualificar desafetos é um recurso bastante utilizado, muitas vezes apoiado na mentira. O ambiente nacional, por conta disso, se divide entre o “nós e eles”, os considerados “mocinhos” e os que são apontados como “bandidos”. Procura-se valer da máxima de que “a verdade sou eu”, os pseudomoralistas, fixando falácias na opinião pública.
Sou um otimista teimoso. Acredito que o exercício da política “stricto sensu” haverá de ser resgatado. Confio no despertar de uma consciência coletiva que faça desaparecerem os politiqueiros profissionais, substituindo-os por políticos sérios, comprometidos com o bem estar comum. Tenho esperança de que essa revolução cultural acontecerá, desde que antes de sermos críticos dos políticos, apenas porque não gostamos deles, sejamos críticos de nós mesmos. Será que votamos a cada eleição com a consciência firme da responsabilidade que estamos transferindo àqueles que recebem os nossos sufrágios? Será que não pensamos, em primeiro lugar, se o eleito vai nos beneficiar diretamente, esquecendo de pensar prioritariamente no bem coletivo? Será que não nos deixamos levar pelas paixões políticas e a influência da propaganda, na hora de decidirmos a nossa opção nas eleições? São questões que precisam ser levadas à reflexão.
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O “VERMELHO E PRETO”: Escrito Por Rui Leitao 

O “VERMELHO E PRETO”: Escrito Por Rui Leitao
Quando se brincava carnaval em clubes, nós tínhamos aqui em João Pessoa três prévias que movimentavam a cidade. No Cabo Branco o famoso “Vermelho e branco”, a mais tradicional festa do período pré-carnavalesco da Capital. No Astréa acontecia o “Azul e branco”. E na AABE, o “Vermelho e preto”. Nesse tempo não existia ainda o “Folia de Rua”, portanto a brincadeira no período que antecedia aos dias oficiais do carnaval, era animadamente realizada nesses três clubes.
Nunca fui ao “Azul e branco” no Astréa, e fui algumas vezes ao Cabo Branco, no seu “Vermelho e branco”. Mas, posso garantir que, participei de todos os bailes do “Vermelho e preto” da Associação Atlética Banco do Estado, até porque ele se iniciou na época em que fui o seu diretor social.
O maestro Vilôr animou vários desses bailes, e ao executar o hino de exaltação da AABE, cantado por Livardo Alves, um de seus autores em parceria com Gilvan de Brito, levava todos a gritarem a letra da marcha-hino, que diz no seu final: “entre na nossa festa/a vida é essa, vamos aproveitar/chegue também, menina/o carnaval é aqui na Ponta de Campina”. Vestia as cores que caracterizavam a festa com muito prazer, porque eram também as cores do Flamengo. Rapidamente tornou-se um evento incluído no calendário das festividades carnavalescas de João Pessoa. A AABE ficava pequena para público tão grande, composto não só por seus associados e familiares, mas por convidados e autoridades. Em um deles contamos com a presença do então governador da Paraíba, Tarcísio Burity. Outro governador que costumeiramente comparecia era Dorgival Terceiro Neto, também na condição de um dos seus associados.
O presidente da época, Geraldo Henriques, foi, indiscutivelmente o grande propulsor do sucesso da AABE como um dos recantos de convivência social mais agradáveis de nossa Capital. Dinâmico, simpático, colocando entusiasmo em tudo o que fazia, ele deu o impulso inicial para que o clube dos funcionários do Banco do Estado pudesse se consolidar como uma agremiação recreativa que produzia oportunidades de divertimento nos campos social, cultural e esportivo.
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“ÁRVORE QUE DÁ FRUTOS É A QUE MAIS LEVA PEDRADAS”: Escrito Por Rui Leitao

“ÁRVORE QUE DÁ FRUTOS É A QUE MAIS LEVA PEDRADAS”: Escrito Por Rui Leitao
Não é difícil constatar que as árvores que dão frutos são as que mais levam pedradas. Quanto mais carregadas mais serão alvo do arremesso de pedras. Porque as pessoas ficam querendo se aproveitar do que elas produzem. Lançam pedras não só com o objetivo de apanhar os frutos, mas também na intenção de machucar a árvore ou derrubar os frutos, as vezes verdes ainda, para que ninguém possa desfrutar deles.
Ocorre que uma árvore frutífera sempre estará capacitada a produzir novos frutos ainda que seja apedrejada. E os novos frutos vêm muitas vezes mais doces e mais saborosos. Nada poderá prejudicar sua fertilidade.
Quando somos atacados por pessoas invejosas é porque elas nos vêem como árvores frondosas e produtoras de bons frutos. Os resultados daquilo que fazemos provocam críticas, nem sempre construtivas. É a tentativa de fazer desperdiçados os frutos que estamos produzindo.
Então não devemos nos incomodar com pedras que são lançadas contra nós, elas indicam que estamos sendo produtivos e estamos fazendo o bem. Os frutos que produzimos devem ser aproveitados sem que haja necessidade de serem derrubados com pedradas, mas apanhados quando estiverem realmente prontos para servirem de alimento, colhidos sem ser na base da força.
O que a humanidade precisa é de um pomar cada vez maior de árvores que dêem bons frutos e que, a inveja, o despeito e a maldade, não as atinjam.
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O PLJ – PARTIDO DA LAVA JATO: Escrito Por Rui Leitao 

O PLJ – PARTIDO DA LAVA JATO: Escrito Por Rui Leitao
Inicialmente os propósitos pareciam confiáveis. A Lava Jato surgia dando a esperança de que realmente vinha para combater a corrupção no Brasil. Os primeiros movimentos ofereciam essa perspectiva. Os procuradores do Ministério Público Federal, comandados por Deltan Dallagnol, conquistaram a confiança da sociedade brasileira, contando com a ajuda da grande mídia corporativa nacional.
O que se espera de uma “força Tarefa” que assume a responsabilidade de investigar atos de corrupção num país? Que seja isenta e apartidária. Aos poucos deu para perceber que a chamada “República de Curitiba” tinha outros objetivos. Uma estranha associação entre procuradores de justiça e julgadores, dava a demonstração de que havia um projeto político por trás dessas boas intenções. Não tardou muito para que isso ficasse evidenciado.
Se apresentando como uma cruzada de “cidadãos de bem” contra corruptos, na verdade mostrou ser uma ação reacionária ideologicamente de extrema direita. O Ministério Público Federal do Paraná assumiu o papel de “polícia política”, numa articulação com o poder julgador, na pessoa do Juiz Sérgio Moro, que, por sua vez, adotou uma postura comportamental de favorecimento parcial à acusação. Se estabeleceu, para delírio da imprensa elitista, uma fúria persecutória contra os partidos de esquerda e a maior liderança popular do país, com o intuito de viabilizar politicamente a ascensão da direita ao poder.
Usaram despudoradamente as instituições democráticas como armas contra os adversários escolhidos e montagem de um palanque para dar força ao discurso que ajudasse a desgastar a já enfraquecida credibilidade da atividade política. Definiram a “anti-política” e o “antipetismo” como bandeiras dessa operação que se dizia “contra a corrupção”. O juiz Moro desenvolveu uma estratégia política enquanto exercia o papel de chefe das investigações, desconsiderando a obrigação que um magistrado deve ter, mantendo-se distante das partes antes de julgar. Fez, então, triunfar na eleição de 2018 a tese de que “os fins justificam os meios”. Tanto é verdadeira essa compreensão que o Partido da Lava Jato aderiu à candidatura do presidente eleito, ganhando, por compensação, o cargo de Ministro da Justiça.
O PLJ, entretanto, percebeu que o “outsider” que ajudou a eleger, não estava disposto a alimentar a ambição política do pessoal da “República de Curitiba”. Ameaçados de darem continuidade ao projeto que idealizaram, seus integrantes resolveram romper saindo do governo e se posicionando como adversários com vistas à eleição de 2022. Já lançaram candidato à presidência e estão em plena campanha. Não é preciso muito esforço para saber quem seja. Claro, o comandante maior do Partido da Lava Jato, o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro.
Nas eleições de 2018 o procurador Deltan Dalagnol já cogitou em disputar o mandato de senador pelo Paraná. Naquele ano o PLJ já estava consolidado, ao arrepio das leis. Se bem que obediência ao que se possa entender como legalidade nunca foi o forte da República de Curitiba. As revelações do Intercept, todavia, deixaram o “rei nu”. O PLJ já não tem condições de se exibir como o promotor da justiça e do combate à corrupção. Não se combate a corrupção praticando atos que violentam o Estado Democrático de Direito. Vamos em frente.
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