O BOM EXEMPLO: Por Rui Leitao

O BOM EXEMPLO: Por Rui Leitao
Em tudo o que fazemos há sempre o resultado de alguma influência exercida. Porque a vida é assim, costumamos agir seguindo exemplos. Nossos paradigmas são escolhidos conforme observação das atitudes dos outros. Portanto, o exemplo tem uma força de ensinamento muito grande.
Nós aprendemos muito mais testemunhando comportamentos do que ouvindo discursos. A prática funciona mais eficazmente como orientação do que a teoria. Não adianta falar e não fazer, o importante é executar aquilo que pregamos como certo. Essa é a linha de raciocínio que nos leva a considerar o exemplo como essencial no desenvolvimento da nossa capacidade de discernir o caminho correto a percorrermos na vida.
O exemplo cria o espírito de fidelidade, uma vez que inspira confiança. Quando nos espelhamos em alguém que admiramos, adquirimos tranqüilidade nos procedimentos e nos conceitos que decidimos aceitar também como referências. O exemplo se transforma em guia de conduta.
Escolhemos nossos heróis a partir da identificação de qualidades que gostaríamos de ter. E quem é nosso primeiro herói na infância? Nosso pai. Isso reflete então a enorme responsabilidade que temos ao sermos bons exemplos para nossos filhos. Como é bom quando vemos alguém falando: tal pai, tal filho, numa declaração de elogio. Sentimos a sensação de que cumprimos bem nosso dever de ser exemplo de vida.
E não podemos falar em exemplo sem nos mirarmos no maior deles, Jesus Cristo. Quem professa a doutrina cristã tem na sua passagem pela terra, o filho de Deus feito homem, o exemplo de vida que faz nascer nos nossos corações sentimentos que nos conduzem a posturas fundamentadas no amor, na fraternidade, na moralidade e na ética.
www.reporteriedoferreira.com.br   Por Rui Leitão, Jornalista, advogado e escritor.



A ILUSÃO DA VERDADE É MÃE DA INJUSTIÇA: Por Rui Leitao

A ILUSÃO DA VERDADE É MÃE DA INJUSTIÇA: Por Rui Leitao

 

O julgamento das ações humanas deve ser baseado na verdade dos fatos. Mas o que é a verdade? Segundo Platão “Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso aquele que as diz como não são”. A partir dessa afirmação, chegamos ao perigoso entendimento de que estamos sempre intimados a acreditar no que divulga a mídia ou nos discursos de persuasão dos políticos e dos que se julgam capazes de manipular consciências. É a verdade falseada com segundas intenções.

 

É no conjunto ético e moral de uma sociedade que encontramos a “verdade”. Se integramos uma sociedade corrompida, essa verdade fica comprometida e os julgamentos passam a ser arriscadamente contrários aos princípios de justiça.

A nossa experiência pessoal, construida no ambiente social em que vivemos, é que nos induz a adotar pressupostos em relaçao a pessoas, fatos e circunstâncias. Por isso passíveis de equívocos e distanciados da verdade. A ilusão da verdade domina nossa consciência crítica. Somos permanentemente bombardeados por informações falsas e muitas vezes propositadamente incompletas. Com base nelas chegamos a formar opiniões que passamos a julgar como verdadeiras.

 

A História tem nos mostrado que muitas vezes aquilo que entendíamos como verdade absoluta tornou-se uma concepção falsa. Estamos sempre incorrendo em interpretações errôneas que nos levam a cometer injustiças. Essa é a razão do perigo do pré-julgamento. Quando nos antecipamos em julgar pessoas e situações sem a preocupação de buscarmos chegar próximos do que seja a verdade. E fazemos isso, muitas vezes, guiados por emoções, paixões, interesses pessoais, ou até mesmo influenciados por outros.

 

Nós, simples mortais, nunca conheceremos a verdade absoluta. Esse conhecimento só Deus possui. Mas podemos ser prudentes na admissão daquilo que nos parece, num primeiro momento, verossímil. Se deixarmos que a emoção se sobreponha à razão, certamente estaremos fadados a aceitar verdades que nos são convenientes momentâneamente, mesmo sabendo que elas estão eivadas de falsidades. E o que pode ser bom para nós individualmente, pode ser prejudicial para outros ou uma coletividade.

Não custa refletirmos sobre isso, a cada vez que nos sentirmos tentados a apontar o dedo em direção a alguém para acusá-lo. A ilusão da verdade é mãe da injustiça.

 

www.reporteriedoferreira.com.br  Por Rui Leitao – Jornalista, advogado e escritor




O GRITO DE INDEPENDÊNCIA: Escrito Por Rui Leitao

 

O GRITO DE INDEPENDÊNCIA: Escrito Por Rui Leitao

 

O mais célebre grito de independência da nossa história foi proclamado em 1822, por Dom Pedro I, nos libertando da condição de colônia portuguesa. Decorridos quase dois séculos, esse grito continua sendo necessário ecoar, como manifestação de apreço à liberdade, à soberania nacional e a luta contra a dependência cultural, política e econômica, imposta pelo domínio de pensamentos conservadores.

Não podemos continuar dependentes de conceitos arcaicos do “fazer política”, produzindo uma postura que inibe a liberdade de pensar e de agir. Temos sido ao longo desse tempo vítimas da subordinação à dinâmica da economia internacional, à ingerência de potências estrangeiras e a práticas políticas que agridem os princípios democráticos.

Enquanto persistirem as desigualdades e injustiças sociais, não podemos “bater no peito” e aclamar nossa soberania. Continuamos dependentes de paradigmas que em nada contribuem para a afirmação de uma nação que possa se considerar livre de qualquer tipo de subalternidade. Permanecemos sujeitos a uma cultura política que marginaliza e segrega classes sociais, promove a miséria e estimula a corrupção.

Existe uma estratégia montada para inibir os gritos de rebeldia, os questionamentos, as insurreições, urdida por setores internalizados nos poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário) ou articulada por uma mídia com fortes amarras políticas, desprezando a isenção que se espera de um jornalismo sério e responsável. O novo grito de independência surge na voz rouca das ruas, no clamor por ética na política, nas mobilizações populares, nas cobranças, na fiscalização. A inércia, a passividade, o comodismo, contrariam qualquer formulação de luta pela liberdade, pela independência individual ou coletiva.

O grito de independência não pode ser considerado apenas um brado em favor da nossa autonomia nacional, mas deve servir de símbolo da coragem de se posicionar contra tudo o que venha comprometer nossa liberdade, enquanto povo e enquanto cidadãos. Ficar com esse grito contido é admitir a submissão, a obediência irrestrita, o servilismo, por questões de sobrevivência ou de apego a interesses individuais.

O mais célebre grito de independência da nossa história foi proclamado em 1822, por Dom Pedro I, nos libertando da condição de colônia portuguesa. Decorridos quase dois séculos, esse grito continua sendo necessário ecoar, como manifestação de apreço à liberdade, à soberania nacional e a luta contra a dependência cultural, política e econômica, imposta pelo domínio de pensamentos conservadores.

Não podemos continuar dependentes de conceitos arcaicos do “fazer política”, produzindo uma postura que inibe a liberdade de pensar e de agir. Temos sido ao longo desse tempo vítimas da subordinação à dinâmica da economia internacional, à ingerência de potências estrangeiras e a práticas políticas que agridem os princípios democráticos.

Enquanto persistirem as desigualdades e injustiças sociais, não podemos “bater no peito” e aclamar nossa soberania. Continuamos dependentes de paradigmas que em nada contribuem para a afirmação de uma nação que possa se considerar livre de qualquer tipo de subalternidade. Permanecemos sujeitos a uma cultura política que marginaliza e segrega classes sociais, promove a miséria e estimula a corrupção.

Existe uma estratégia montada para inibir os gritos de rebeldia, os questionamentos, as insurreições, urdida por setores internalizados nos poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário) ou articulada por uma mídia com fortes amarras políticas, desprezando a isenção que se espera de um jornalismo sério e responsável. O novo grito de independência surge na voz rouca das ruas, no clamor por ética na política, nas mobilizações populares, nas cobranças, na fiscalização. A inércia, a passividade, o comodismo, contrariam qualquer formulação de luta pela liberdade, pela independência individual ou coletiva.

O grito de independência não pode ser considerado apenas um brado em favor da nossa autonomia nacional, mas deve servir de símbolo da coragem de se posicionar contra tudo o que venha comprometer nossa liberdade, enquanto povo e enquanto cidadãos. Ficar com esse grito contido é admitir a submissão, a obediência irrestrita, o servilismo, por questões de sobrevivência ou de apego a interesses individuais.

www.reporteriedoferreira.com.br Por Rui Leitão-Jornalista, advogado e escritor.




OS ATAQUES À CONSTITUIÇÃO CIDADÃ: Por Rui Leitao

Essa questão de cidadania não é muito do agrado dos ideólogos da direita. O exercício dos direitos civis, políticos e sociais pelos cidadãos de um país é mais adequado a princípios socialistas, segundo eles, coisa dos que pregam a necessidade de uma melhor organização social. Não se consegue exercer plenamente a cidadania sem a consciência dos seus direitos e obrigações. E quem dispõe sobre isso é a Constituição. Logo, a Carta Magna de 1988 contraria seus interesses. No pensamento dos que militam na “direita”, o indivíduo deve ter mais deveres do que direitos. Por isso, tentam, a qualquer custo, “matar” a democracia, prevalecendo a força dos poderes políticos e econômicos.
No ato de promulgação da Constituição Cidadã, o deputado Ulysses Guimarães falou: “A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança. Que a promulgação seja nosso grito: Muda para vencer! Muda, Brasil!”. Ora, ela nascia na redemocratização e trazia no seu conteúdo normativas que garantiam essa transformação, protegendo-nos de ataques aos direitos individuais e coletivos conquistados e oferecendo-nos um ambiente onde prevaleça a liberdade, pressuposto básico da democracia.
Inconcebível esse pensamento na contemporaneidade nacional, onde avanços sociais são considerados ideias de esquerdistas. Os que eventualmente assumiram o comando dos destinos de nosso país, praticam o obscurantismo, contrariando o discurso de Ulysses Guimarães quando dizia que a Constituição seria o nosso grito de mudança. Ele proclamava a necessidade de tirar o Brasil do regime de opressão que vivemos ao tempo da ditadura militar. E como imaginar um processo de transformação social e política sem que a população tenha acesso ao conhecimento?
Estão a todo momento emendando a Constituição, retirando direitos e descaracterizando o conceito de cidadania que marcou a sua formatação de origem. Querem mudar até a interpretação das cláusulas pétreas, tais como a que estabelece o Artigo 5, Inciso XVII, de forma a permitir que possam exercer ações persecutórias, de acordo com as suas preferências políticas e ideológicas. Buscam produzir na opinião pública a impressão de que a Constituição Cidadã estimula a impunidade. Praticam desavergonhadamente o retrocesso jurisprudencial em matéria de direitos e garantias fundamentais, com argumentos inidôneos, atacando o que dispõe o Artigo 5 da Constituição Federal.
Ainda bem que no Supremo Tribunal Federal encontramos ministros que resistem a essas tentativas de violação da nossa Constituição, salvando-a dos agravos que a ela querem desferir. Os garantistas assumem, portanto, a nobre responsabilidade de assegurar os direitos que nos foram conferidos na Constituição Cidadã de 1988. O ódio à Constituição fica para os que não têm amor patriótico ao Brasil e aos que insistem em desrespeitar os instrumentos jurídicos que visam proteger os cidadãos. Quem não gosta de democracia, tem saudades da ditadura, homenageia torturadores e tem ódio ao exercício de cidadania.
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O RESPEITO A “PONTOS DE VISTA” DIVERGENTES: Por Rui Leitao

O RESPEITO A “PONTOS DE VISTA” DIVERGENTES: Por Rui Leitao
Temos todos nós uma tendência muito forte a não querer compreender os discordantes como parceiros positivos em uma conversação. E assim recusamos a possibilidade de rever nossos conceitos, na frágil convicção de que os “pontos de vista” que defendemos sobre determinado assunto representam a verdade absoluta.
As opiniões são frutos da interpretação do que vivenciamos. Elas se afirmam na conformidade dos nossos interesses e propósitos. E, por isso mesmo, somos levados a imaginar que só nossa visão do mundo é a correta. Ficamos insistentemente incapacitados de apreciar as diferenças. Então assumimos uma postura de arrogância, intolerância, empáfia. Procuramos impor nosso “ponto de vista” como algo incontestável, a verdade absoluta.
A verdade é plural, múltipla. Não existe verdade única, a não ser aquelas definidas como “dogmas de fé”. Então tudo o que exija compreensão, avaliação, entendimento, pode receber diferentes formas de juízo de valor, são mutáveis. O que percebemos como verdade hoje, pode ser alterado conceitualmente amanhã, a partir da análise de ideias divergentes e o uso da racionalidade.
O inevitável conflito nas diferenças de “pontos de vista”, deve ser encarado como oportunidade de reflexão, nunca como ameaça ao nosso pensamento, quando nos comportamos como “donos da verdade”. É preciso exercitar a humildade, despir-se da jactância tão comum nas pessoas que querem fazer prevalecer, a qualquer custo, as suas opiniões. Acolher pacificamente a diversidade que há no mundo.
Todavia, nunca deveremos ter receio de expor nossos “pontos de vista”. É necessário que se faça com apresentação de argumentos presumivelmente convincentes. O que não quer dizer que desrespeitemos as opiniões alheias e nos neguemos a escutar as razões que diferenciam das nossas.
A lucidez dos discernimentos e escolhas se obtém através da capacidade de dialogar, na convivência com interlocutores críticos. Quando se manifesta a incompetência para aceitar os “pontos de vista” diferentes, se abre ensejo para sofrer consequências desagradáveis no modo de viver. A vida social ou familiar exige a busca da racionalidade, evitando o radicalismo.
O Papa Francisco faz uma recomendação importante quanto a isso: “É preciso investir todas as forças no diálogo para reconstruções, respeito a legalidades e encontro das indispensáveis saídas, evitando descompassos que comprometam a civilidade, a ordem e a justiça. Acima de tudo, os segmentos diversos da sociedade, para superar mediocridades, partidarismos, radicalismos de todo tipo, fecundando nova cultura, precisam estar em diálogo pelo bem comum”.
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A MASSA POPULAR NO MOVIMENTO DAS ONDAS: Por Rui Leitao 

A MASSA POPULAR NO MOVIMENTO DAS ONDAS: Por Rui Leitao
Li em algum lugar, não me lembro quando, e desconheço o autor, o seguinte pensamento: “A massa não pensa, não raciocina, não tem compromisso. Ela apoia o vencedor do momento”. E é uma grande verdade. Ela se manifesta conforme o movimento das ondas. Muitas vezes uma onda nasce com muito ímpeto e quem a vê imagina que ela chegará poderosa na praia. Ocorre que as vezes no caminho pode aparecer uma pedra que fará diminuir sua força. O impacto da rocha que encontrou, por onde ela estava passando, faz com que chegue ao seu ponto final, as areias da praia, bem fraquinha, bastante diferente de quando começou.
As massas populares se comportam assim, como as ondas do mar. Elas nem se dão ao trabalho de compreenderem os argumentos lógicos. Também não têm a menor preocupação com o senso crítico. O que vale é seguir a “onda”, juntarem-se aos possíveis vencedores. Passa longe do espírito coletivo a vontade de procurar discernir a verdade do erro. Elas são conduzidas por quem se encarregou de produzir a “onda”. Os julgamentos nascidos das massas são sempre impostos, jamais discutidos. As opiniões particulares que divergem da “onda” são desconsideradas. Mas nem sempre essa onda é duradoura, porque, de repente, a perspectiva de vitória, pode ser desviada para um sentido contrário. Basta que aconteça um fato novo, uma pedra no caminho, para que a “onda” se desmanche.
É preciso diferenciar a massa, do povo. O povo define seu caminho com racionalidade, a massa é conduzida cegamente porque é manipulada. A vontade das massas muitas vezes não exprime os desejos do povo. As massas são passíveis de manobras, sentimentos, paixões, tornam-se irracionais. Presas fáceis das emoções e dos medos. O povo quando se confunde com as massas comete equívocos, as vezes irremediáveis. As ilusões têm um preço elevado.
Quem condenou Cristo à crucificação, foi o povo ou a massa? Claro que foi a massa, manobrada pela aristocracia do templo. Ali não ecoou a voz do povo, que permaneceu calado, com medo, e assombrado com uma aglomeração que se colocava aparentemente majoritária. Venceu a manifestação da “onda” insuflada. Poderia ter ocorrido um fato novo que mudasse o comportamento da massa, mas Deus não quis. Estava escrito que era o momento do Seu filho feito homem ir ao sacrifício para pagar os pecados da humanidade.
Daí o grande perigo de deixar que o sentimento das massas seja o condutor de grandes decisões que afetem uma sociedade. O caminho escolhido pode ser trágico. Nessas ocasiões só nos resta torcer para que surja uma rocha que faça desaparecer a “onda”. A trajetória das lutas tem vários momentos, cujos prováveis vencedores são observados conforme as mudanças das “ondas”. É sempre bom esperar para decidir individualmente na hora final, sem a falsa influência de uma onda negativa.
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“SE É POR FALTA DE ADEUS” Por Rui Leitao

 

“SE É POR FALTA DE ADEUS” Por Rui Leitao

“Se é por falta de adeus/Vá se embora desde já/Se é por falta de adeus/Não precisa mais ficar”. Esse é um verso de uma famosa canção de Tom Jobim. É assim quando decidimos afastar alguém quando descobrimos que não nos faz bem. E essa pessoa decidiu ir embora, antes que decidíssemos que ela deveria fugir por iniciativa própria.

Isso dar um desafogo. O malfeitor resolveu sair antes de ser expulso. Reação muito normal em quem sabe que carrega culpa sobre os ombros. Quem antes era considerado herói, de repente se apresenta como contrário a tudo o que pensamos como normal e legal. O que pregava a moralidade mostrava-se um amoral. Quem se dizia um incorruptível, se revelou um praticante da decomposição moral.

Essa reflexão tem a ver com a manifestação do ex-juiz Moro em ir embora do país. Porque ele vai embora? Medo de que? Ele sabia o risco que corria quando decidiu abandonar a carreira de juiz para se tornar um político. Jogou errado? Parece. Sabe, no íntimo, que nunca agiu como juiz. Sempre foi coadjuvante de uma peça teatral em que funcionava como protagonista de um processo acusatório que atendia interesses superiores. Um movimento no tabuleiro do xadrez manuseado conforme interesses políticos.

Ao se ver sem o apoio que tinha antes, entendeu que a melhor saída seria ir embora para o país que sempre o patrocinou. Perdeu os aplausos dos antigos correligionários. Os que antes eram seus fãs, se tornaram seus inimigos. Entendeu que erro maior seria continuar aqui enfrentando os que viviam a lhe reverenciar. Não tem como nesse momento relembrar o ditado popular que diz: ”antes reconhecer o erro do que ser esmagado pela verdade”.

Será que ele vai aprender com os próprios erros? O ex-juiz vai entender que nunca praticou a justiça? Vai fugir para não ser condenado por sua própria consciência? Para onde for, e a gente sabe para onde ele vai, que seja refém do seu próprio julgamento. Com certeza, não terá noites livres de insônia provocadas pelas autoacusações.

Se é por falta de adeus. Boa viagem.

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A VOZ DO POVO NÃO É A VOZ DE DEUS: Por Rui Leitao 

 

A VOZ DO POVO NÃO É A VOZ DE DEUS: Por Rui Leitao

“Vox Populi, Vox Dei” é uma expressão latina que pretende dizer que “a voz do povo é a voz de Deus”. Tenho muita dificuldade em aceitar isso como verdade. Não acredito que as manifestações do sentimento popular tenham inspiração divina. Nem sempre são coincidentes a voz do povo com a voz de Deus. Vemos frequentemente a vontade popular se expressando em contrário aos ensinamentos bíblicos. São decisões nascidas de influências nefastas, pautadas em conceitos que não se afirmam “do bem”. Logo não podem ser consideradas como orientadas por Deus.

A voz do povo se expressa por motivações as mais diversas: medo, ignorância, ambição, radicalismo de conceitos e ideologias, manipulação de lideranças que não respeitam a moral e a ética. Portanto, vulnerável a erros e equívocos. Deus é infalível. Então não há harmonia entre os desejos populares e os propósitos divinos. Falar que clamores majoritários da população revelam a vontade de Deus é um sacrilégio. A voz do povo é imperfeita.

Tem sido muito comum o aparecimento de agentes políticos se arvorando na condição de ungidos de Deus, procurando conquistar a adesão do povo aos seus projetos. Tentam passar a impressão de que o lado provocador de barulho está ajustado ao que Deus deseja para a sociedade. O ecoar da voz das multidões pode refletir um engano irreparável. O exemplo maior é o apoio a ditadores cruéis colocados nos mais diferentes espectros ideológicos mundo afora, no passado e na atualidade.

Como entender manifestação divina em discursos que pregam a desordem, a apologia da tortura, o preconceito, a pregação da discórdia, alimentando o ódio? A instrumentalização da fé com objetivos políticos constitui-se então uma heresia. Deus aprova o uso de espaços religiosos para a realização de eventos político-partidários? Claro que não, porque Ele não tem lado nos embates eleitorais. Principalmente onde prevalece o componente do fanatismo. A voz do povo aplaudindo os tiranos jamais pode ser percebida como a voz de Deus.

E quando o povo não pode falar? Quer dizer que Deus apoia o silêncio diante das injustiças sociais e da opressão dos poderosos? Basta levantar essa indagação para concluirmos o quanto é falsa essa afirmação de que a voz do povo é a voz de Deus. Independente das crenças religiosas, o criador do universo é dotado de bondade, nos protegendo, nos ensinando e nos concedendo o livre arbítrio. Sendo assim, não está envolvido em questiúnculas políticas. Quem usa o Seu nome em vão, comete uma grave ofensa aos princípios de religiosidade. Precisamos estar atentos para não embarcarmos na ideia de que a maioria, seja ela verdadeira ou aparente, representa a vontade Deus.

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O REINO DA HIPOCRISIA: Escrito Por Rui Leitao

 

O REINO DA HIPOCRISIA: Escrito Por Rui Leitao

 

A hipocrisia é aliada da falsidade. Ambas caminham juntas. A mentira e o fingimento imperam no reino da hipocrisia. A sociedade contemporânea está contaminada por essa doença. Principalmente nas redes sociais. Falsas aparências formando conceitos e personalidades. Os hipócritas vivem de suas próprias ilusões.

A sinceridade dando lugar à dissimulação. A idolatria e a falsa religiosidade determinando comportamentos. Os oportunistas, os interesseiros, os inescrupulosos, destacando-se pela prática da indecência, da canalhice e do escárnio. E assim fazendo brilhar nulidades no nosso espaço de convivência. As máscaras sociais escondendo autenticidades. No ambiente da hipocrisia costuma prevalecer a injustiça.

 

Vivemos num espaço onde está ficando difícil sermos nós mesmos, por medo de julgamentos precipitados. Preponderam intenções escondidas nos disfarces. O jogo duplo da mentira sendo usado como estratégia de convencimento e persuasão. É preciso, portanto, que sejamos observadores atentos e termos um faro apurado para descobrirmos os hipócritas que nos rodeiam. Considerando cada detalhe para não cairmos em suas armadilhas.

 

Muita gente faz da hipocrisia a sua condição de existência. Só conseguem triunfar através dela. E isso vem de longe. Jesus em suas peregrinações missionárias identificou-os entre os fariseus, e os chamou de “sepulcros caiados, bonitos por fora, mas por dentro cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade”. Os fariseus manipulavam as leis para seus próprios interesses.

 

Desconfiemos, então, dos sorrisos fáceis, dos elogios extemporâneos, das tapinhas nas costas. Coloquemos olhos críticos nos que na vida real fazem exatamente o contrário do que pregam. Afastemo-nos dos enganadores, dos demagogos, dos falsos moralistas. Eles vivem semeando o veneno do engodo, das traições e da deslealdade.

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A INVOLUÇÃO CULTURA; Escrito Por Rui Leitao  

A INVOLUÇÃO CULTURA; Escrito Por Rui Leitao

 

O processo de involução cultural na sociedade brasileira tem avançado aceleradamente nos anos recentes. Estamos glamourizando a pobreza intelectual e valorizando a alienação, a falta de educação e o negacionismo. Não há mais a compreensão de que a cultura é passaporte para a emancipação de um povo. Não se estimula o encontro com a inteligência criativa. É perceptível o interesse em que percamos a consciência de nossa potencialidade. Só há um caminho para a construção de uma nação, o compromisso do Estado com a educação e a cultura. Lamentavelmente, no governo atual não enxergamos esse entendimento. Pelo contrário, as manifestações demonstram explicitamente uma falta de entusiasmo com as políticas culturais.

 

Estamos ingressando na “era da burrice”. Preponderam as discussões inúteis, agressivas, desprovidas de conteúdo lógico e amparado no conhecimento. Mas o exemplo, infelizmente, vem de cima, ao vermos lideranças se orgulhando de produzirem asneiras e recebendo o aplauso e a repetição de suas falas por um público que faz opção pelo fanatismo político. Neurônios acomodados não contribuem para aumentar a nossa capacidade cognitiva. Mas é exatamente essa a estratégia que se pretende aplicar, conduzindo-nos a destinos desastrosos.

Já não causam escândalos ou perplexidades declarações públicas de figuras proeminentes da nossa vida social, com significados preconceituosos, sexistas, homofóbicos, machistas, anticientíficos. Os ultrarreacionários vêm ganhando espaço na grande mídia, num esforço de convencimento de suas teses perante a opinião pública. A apologia da estupidez feita sem o menor constrangimento. A burrice querendo ganhar status de sabedoria. Os burros têm fé em si mesmos, são ousados e militantes., mesmo que se apresentem muitas vezes com posturas que desconhecem o senso do ridículo.

 

A ignorância quando se encastela numa só ideia, procura usufruir de suas próprias certezas. A fome do “regressismo” é incentivada pelos poderosos de plantão. A pregação populista da marcha à ré. Luther King dizia que “nada no mundo é mais perigoso do que a ignorância”. Na base da prepotência e da desinformação adotam técnicas de manipulação de audiências massivas, com o propósito de alcançarem seus objetivos políticos. Uma guerra onde se propõe colocar a verdade como vítima.

 

Razão e consciência não convivem com a involução cultural. Os promotores desse processo são especialistas em propagandear soluções fáceis para problemas complexos. Até porque não se dão ao trabalho de debater argumentos ou conceitos racionais. Desprezam os fatos para se pautarem em crenças. Aí temos que considerar que querem dar praticidade ao que diria o Rei Lear: “são cegos guiados por loucos rumo ao abismo”.

 

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