O PÂNICO MORAL Por Rui Leitao
O PÂNICO MORAL Por Rui Leitao
Nos últimos anos, a sociedade brasileira tem vivido um sentimento exagerado de medo e preconceito, provocado pela pauta de costumes difundida pelos radicais de direita. São mensagens fraudulentas, espalhadas nas redes sociais com o propósito de atacar determinados padrões de comportamento e, assim, interferir nas disputas políticas.
É o que, em 1970, o sociólogo inglês Stanley Cohen chamou de “pânico moral”, ao estudar a reação da sociedade britânica diante de posturas consideradas contrárias aos valores morais então vigentes. Segundo ele, o pânico moral provoca mudanças na política legal e social, ou até mesmo na forma como a sociedade se compreende.
No Brasil, o pânico moral resulta, principalmente, das pautas relacionadas à sexualidade e às causas de gênero. Busca-se, com isso, fortalecer o controle social, estimulando hostilidades — tanto na esfera pública quanto na privada — contra estilos de vida desaprovados pelos conservadores. Essas pautas transformam-se em bandeiras políticas voltadas a impedir transformações sociais, sustentadas por um discurso pretensamente moral, que visa conquistar um consenso público e polarizar o combate entre as forças do Bem e do Mal, numa explícita distorção política e ideológica. Assim, adotam-se ações repressivas diante de grupos tidos como ameaçadores.
Essas “cruzadas morais”, criadas por interesses políticos, surgem em momentos de confusão ideológica e de crise social, com o objetivo de preservar atitudes e crenças que seus defensores consideram fundamentais. Grupos religiosos fundamentalistas justificam suas posições como protesto à suposta subversão social — particularmente aos valores da família e da vida — recorrendo a uma linguagem de indignação contra o Mal. Em muitos casos, contudo, o que se percebe é um falso moralismo.
A agenda moralista da ultradireita produz efeitos em diversos campos das relações sociais, elaborada sobre o ideal do “cidadão de bem”. O pânico moral é uma estratégia conservadora que procura reafirmar o domínio de quem detém o poder na sociedade, sobretudo em relação às minorias. Suas formas de propagação nem sempre são sutis. Tornaram-se cada vez mais explícitas com o advento das redes sociais e da mídia descentralizada, tentando afetar o nosso juízo da realidade, conforme passamos a produzir e consumir informações.
Para nos protegermos do pânico moral, precisamos checar as informações compartilhadas nas redes sociais e nos portais de notícias, buscar outras fontes e ouvir atentamente diferentes pontos de vista, ainda que contrários aos nossos. Perguntemo-nos sempre: Será que isso é verdade? Alguém realmente faria ou diria algo assim? Existem dados que sustentem essa afirmação?
Só assim estaremos vacinados contra o pânico moral.
www.reporteriedoferreira.com.br /Rui Leitão- advogado, jornalista, poeta, escritor


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