OS TANQUES AGORA SÃO VIRTUAIS ; Rui Leitao
OS TANQUES AGORA SÃO VIRTUAIS ; Rui Leitao
Um ato golpista não se efetiva, necessariamente, com derramamento de sangue ou com a presença de tanques e fuzis nas ruas. Na contemporaneidade, pode ocorrer pela capacidade de viralização de discursos na internet e pela velocidade com que se propagam mensagens antidemocráticas, levando a sociedade a aceitar o inaceitável. É o que se pode chamar de “golpe branco” ou “neogolpismo”, caracterizado pela conspiração voltada à legitimação da tomada de poder. Trata-se da evolução das táticas de subversão da democracia — tornadas mais sofisticadas e menos dependentes da violência militar tradicional.
Hoje, a morte de uma democracia costuma acontecer de forma lenta, porém constante e planejada. Cada ameaça aos demais poderes, cada uso das redes sociais para intimidar vozes discordantes, representa um passo a mais rumo à destruição do regime democrático.
No Brasil, a mais recente tentativa teve início quando a extrema direita chegou à Presidência da República, em 2018, e ganhou sequência com a contestação do resultado das eleições de 2022, nas quais o principal líder golpista não conseguiu se reeleger. A repetição insistente do discurso da fraude, descolado dos fatos, buscou distorcer a realidade e internalizar essa narrativa em parte significativa da população. O esforço para fazer crer, mais do que provar, contribuiu para abrir caminho à concretização de um ataque ao sistema democrático.
Os golpistas da modernidade utilizam-se da desinformação, das notícias falsas e das campanhas de difamação para criar um clima de insatisfação popular e justificar a derrubada de governos. Seus líderes se consideram no direito de escolher a “verdade” que lhes convém. Assistimos à disseminação de mensagens nas redes sociais com palavras de ordem clamando por um golpe. O argumento de que não havia um ditador pronto para assumir se desfaz diante das evidências do movimento de 8 de janeiro: os participantes daquele ato de barbárie tinham, de forma muito clara, um nome em mente.
É verdade que, naquele dia, a presença de tanques não se deu de forma ostensiva. No entanto, eles estavam nos acampamentos diante dos quartéis do Exército, posicionados em momentos de tensão, sinalizando que a força militar poderia desempenhar papel decisivo na tentativa de golpe. Essa percepção estimulou os manifestantes que se dirigiram à Praça dos Três Poderes, em Brasília, e invadiram e depredaram as sedes da República — Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.
Felizmente, as instituições se mostraram capazes de impedir a morte da nossa democracia. Mas não se pode negar que os golpistas conseguiram produzir um impacto profundo sobre a estrutura política do país — impacto que ainda persiste. É fácil reconhecer o contorno do auto-golpe, quando um líder, tendo chegado ao poder por meios legais, tenta mantê-lo por meios ilegais.
O que se viu foram manobras políticas destinadas a desestabilizar e derrubar um governo democraticamente eleito. Marcos civilizatórios foram rompidos, ao ponto de se ouvir, com naturalidade, que “não houve tentativa de golpe” porque não havia tanques nas ruas em 8 de janeiro de 2023.
A ameaça permanece. O que não sabemos é até onde eles podem chegar. Por isso, é preciso que os brasileiros comprometidos com o sistema democrático — reconquistado após a ditadura militar — mantenham-se permanentemente vigilantes.
Rui Leitão- advogado, jornalista, poeta, escritor

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Um verdadeiro festival de confusão ocorreu na tarde desta quarta-feira,22 na Avenida Artur Monteiro Paiva Praia do Bessa, em João Pessoa.
É muito comum vermos ciclistas na calçada, mas saiba que essa é uma prática proibida. A bicicleta só pode andar nas calçadas em ocasiões especiais, com autorização e indicação dos órgãos de trânsito.