O deputado federal Guilherme Boulos (Psol) foi nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O deputado federal Guilherme Boulos (Psol) foi nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

Depois de uma longa novela, o presidente Lula (PT) oficializou Guilherme Boulos (PSOL) como novo ministro da Secretaria Geral da Presidência.

Ele assume a pasta no lugar de Márcio Macedo (PT), que a partir de agora está liberado para se dedicar à campanha de 2026. Dele e dos correligionários.

Lula precisará desse apoio tanto na campanha como na pressão das ruas para que o Congresso aprove as pautas prioritárias do Planalto. Uma delas é o fim da escala 6 por 1, com alto potencial eleitoral.

Mas, para além disso, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto faz um cálculo político ao se tornar vidraça. Era o que ele queria quando se candidatou à Prefeitura de São Paulo nas duas últimas eleições. Foi longe, mas acabou derrotado. Pesava contra ele o fato de não ter experiência administrativa. Agora terá.

Lula vê em Boulos traços do início de sua trajetória política. Ambos se lançaram na política como ativistas. Lideraram movimentos populares e revoltas. Um à frente do Sindicato dos Metalúrgicos nos anos 1980. Outro, da luta por moradia nos anos 2010. A postura combativa fez com que ganhassem a fama de radicais – uma fama decantada durante os processos de amadurecimento político em que precisavam convencer os eleitores que não mordiam.

Assim como Lula, Boulos também vestiu o figurino “paz e amor” na última campanha.

O deputado ganha, assim, casca para as próximas disputas. Ele é um dos nomes cotados para concorrer ao Senado em 2026 por São Paulo, onde o PT e aliados têm tomado uma lavada nas últimas disputas.

Lula, em busca de um novo mandato, quer uma base parlamentar mais robusta do que a atual. E teme que a extrema direita concretize a ameaça de eleger o maior número de senadores para poder controlar a agenda do governo com uma grande espada na cabeça dos ministros do STF – que podem ser esmagados em processos de impeachment caso a turma tenha maioria na Casa. Não é uma ameaça irreal.

Boulos tem capital político suficiente hoje para enfrentar pesos-pesados do bolsonarismo na disputa. Tem seus oponentes, mas se fixou como líder popular. Não (ainda) em escala nacional.

Para isso terá a seu favor a visibilidade do ministério, que permitirá a ele andar com Lula em eventos públicos e se cacifar como substituto, no futuro, do ex-líder sindical.

Sim, este é o plano que Lula tem para ele.

Em troca, ganha agora uma liderança com pretensões nacionais.

Com Boulos, Lula mostra que tem um plano para 2026. E que 2030 está logo ali.