Na tarde de hoje o noticiário policial do Rio de Janeiro ocupou-se de uma intensa busca da polícia civil, tanto intensa quanto violenta, contra o assassino de um policial, que mobilizou as forças de segurança do Estado e culminou com a morte de cinco pessoas ligadas a grupos narcotraficantes, habitantes da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. A impetuosidade das cenas de guerra urbana e da violência, hoje tão comum no Rio de Janeiro, transportou-me àquele ambiente, na década de 70, quando estive na antiga Capital Federal do país à serviço, como jornalista. A Ladeira dos Tabajaras tem início em Copacabana, ao lado do Metrô, estação da rua Siqueira Campos, subindo em meio de uma favela vertical, até a parte alta do morro, na rua Real Grandeza, no bairro de Botafogo. No meio dos dois barros a favela dos Tabajaras, sobre os morros os morros São João Batista e Saudade, ambos cortados pela ladeira, sempre ocupada por marginais.
Voltando ao assunto da minha presença na Ladeira dos Tabajaras, lembro-me que na parte de cima, onde havia um grupo de edifícios cujo apartamento era ocupado pelos jornalistas Assis Tito e Janduhy Andrade, paraibanos (ambos de saudosa memória). O apartamento de Assis e Janduhy ficava de frente para outro, da mesma rua, onde todas as tardes havia um espetáculo de nudez explícita e desinibida, praticada por um casal, com janelas abertas, exibindo-se para os ocupantes do prédio à frente, onde as pessoas apagavam as luzes e acompanhava, entre cinco e seis horas, toda a movimentação do homem e da mulher, na cama, até os momentos do êxtase.
Quando o casal se preparava para descer, as pessoas do prédio de frente, os espectadores, desciam e seguiam para esse prédio para esperar a descida do casal, que à sua passagem era aplaudido. Eles faziam de conta como se não fossem para eles, as manifestações, entravam num automóvel e partiam tomando destino ignorado. Presenciei, numa das tardes, o espetáculo, ao lado de outro jornalista, Erialdo Pereira, também de saudosa memória, que viajara ao Rio para a mesma cobertura de evento para qual fui escalado, pelo jornal Correio da Paraíba. O convite para ver a cena nos foi feito por Assis Tito e Janduhy Andrade durante o almoço, num restaurante instalado na Avenida Atlântica, Calçadão de Copacabana, ao lado da rua Santa Clara.
www.reporteriedoferreira.com.br/Gilvan de Brito, jornalista, jornalista, poeta e escritor