LIVARDO ALVES – ÍCONE DOS CARNAVAIS PESSOENSES Por Rui Leitao

Publicado no jornal A UNIÃO edição de hoje

LIVARDO ALVES – ÍCONE DOS CARNAVAIS PESSOENSES

Foi um compositor de vários estilos musicais, desde as marchinhas de carnaval, a baiões, forrós, maracatus, e xaxado. Venceu dezenas de festivais na Paraíba e outros Estados, mas se orgulhava da conquista do prêmio Composição de Ouro ABC. Compôs hinos de clubes paraibanos, dentre os quais o Botafogo Futebol Clube de João Pessoa e da AABE – Associação Atlética Banco do Estado. Musicou várias peças teatrais: “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna; “Acima do Bem Querer”, de Luiz Marinho; “Viva Cordão Encarnado/ A chegada de Lampião no Inferno”, de Luiz Mendonça; e “A Cara do Povo do Jeito Que Ela É”, de Paulo Pontes.

Nasceu em 21 de setembro de 1935, no bairro de Jaguaribe, da capital paraibana, onde viveu até os 32 anos, quando se mudou para a Torre. Iniciou suas atividades profissionais na década de 50, no centenário jornal A UNIÃO,tendo atuado, primeiramente, na oficina, chegando a trabalhar como revisor e depois como redator. Em 1959 foi contratado pela Rádio Tabajara para a função de locutor do departamento de rádio-jornalismo.

Como compositor seus parceiros mais conhecidos foram Vital Farias, Gilvan de Brito, Parrá, Orlando Tejo, dentre outros. Artistas consagrados no cenário musical do Nordeste e do Brasil gravaram canções por ele compostas, como Ary Toledo, Abdias e sua Sanfona de Oito Baixos, Flávio José, Cachimbinho, o Grupo Pereira, Orquestra Metalúrgica Filipéia e Zé Ramalho. Seus maiores sucessos foram “É Mãe”, “Eu Vim de Lá Meu Pai”, “O Mundo Encantado do Circo”, “A Marcha da Cueca” que ganhou destaque no Brasil e no exterior, “Forrofunfá”, “Sagas Brasileiras”, “O Meu País”, “A Mulher do Aníbal”, “Brasil Moleque”,“O Canto de Tambiá” e “Doces Ervas”.

Faleceu em 14 de fevereiro de 2002, aos 66 anos de idade. Está imortalizado em estátua de bronze no tamanho natural, sentado em um banco, erigida na Praça Vidal de Negreiros, o Ponto de Cem Réis, próximo ao antigo Paraíba Palace Hotel, onde costumava frequentar. Em 2023, por propositura do vereador Marcos Henriques, a Câmara Municipal de João Pessoa aprovou, por unanimidade, a Lei Livardo Alves, que instituiu o serviço municipal de apoio ao autor e de proteção às obras autorais da Capital.

Um de seus grandes companheiros de jornada artística, Joca do Acordeon, relembrou que o conheceu na década 1970, quando integrava um conjunto jovem da cidade. Segundo o sanfoneiro: “Desde então o paradeiro de Livardo Alves, à noite, era o viaduto do Ponto de Cem Réis. Ele sempre podia ser encontrado por lá”, daí a razão de sua estátua ter sido ali colocada. O jornalista Fernando Moura assim o definiu: “Livardo tinha duas características muito peculiares como compositor: a sofisticação poética e melódica unida a uma linguagem de extremo apelo popular. Algumas canções dele têm uma armação melódica que, equilibrada com esta outra característica, foi o que tornou sua carreira bem sucedida, embora não financeiramente”.

Os carnavais de João Pessoa sentem a sua falta, mas sua estrela continua brilhando através de obra musical que nos legou.

Rui Leitão- Advogado, Jornalista, poeta e escritor