MP pede a condenação de pastor que disse em culto que beijou a filha na boca

O pastor Lucinho Barreto, da Igreja Batista da Lagoinha – Reprodução/YouTube

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu a condenação do pastor Lúcio Barreto Júnior, da Igreja Batista da Lagoinha, conhecido como Lucinho, por incitação à violência de gênero. O processo foi motivado por uma declaração feita durante um culto, em que o pastor afirmou ter beijado a filha na boca. O MP requer o pagamento de R$ 300 mil por danos morais coletivos e solicita uma retratação pública.

O episódio ocorreu em abril deste ano, em um culto voltado para homens. Na ocasião, o pastor afirmou que sua filha é um “mulherão”. “Eu peguei minha filha um dia, dei um beijo nela, falei que amava ela. Ela passava e eu dizia: Nossa, que mulherão. Ai se eu te pego. Um dia ela se distraiu e eu dei um beijo na boca dela. E eu falei assim: Quando eu encontrar seu namorado eu vou falar: Você é o segundo, eu já beijei”, disse ele.

Segundo o promotor de Justiça Ângelo Alexandre Marzano, a fala de Lucinho é um “odioso exemplo para pais e educadores, que enxergam no pregador estereótipo de pai a ser seguido”. “O discurso com apelo à violência, inclusive sexual, viola frontalmente o respeito aos valores éticos e sociais das mulheres e das próprias famílias”, diz um trecho do processo.

O MPMG também pede que o pastor Lucinho e a Igreja Batista da Lagoinha sejam condenados solidariamente, com a indenização destinada a um fundo público em defesa da igualdade de gênero. O órgão solicita uma retratação pública no mesmo templo, com igual duração e número de público do culto em que a declaração foi feita. Além disso, exige que a igreja publique o vídeo da retratação e o mantenha disponível por pelo menos um ano.

A ação do Ministério Público foi proposta após uma representação de Sara Azevedo, candidata a vereadora em Belo Horizonte pelo PSOL, apresentada em 3 de maio deste ano. No Instagram, ela publicou um vídeo falando sobre a ação do MP.

“Essa nossa luta contra a violência de gênero, contra incitação ao ódio e, principalmente, a luta em defesa das mulheres e da igualdade para as mulheres está tendo resultado. E essa condenação precisa vir, para garantir não só a indenização que está sendo pedida, mas principalmente mostrar que Belo Horizonte não é território desse pessoal que quer fazer violência gênero”, disse ela.

O portal entrou em contato com o pastor Lucinho e com a Igreja Batista da Lagoinha. O espaço segue aberto para manifestações.

 

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