Entenda as mudanças nas emendas parlamentares após acordo entre STF, Congresso e Governo

Entendimento foi divulgado após encontro nesta terça-feira (19), e mantém modalidades existentes, apesar de introduzir mudanças; saiba quais

Por

iG Último Segundo

|20/08/2024 21:29

Atualizada às 20/08/2024 21:40

Reunião trouxe mudanças para diferentes procedimentos relacionados aos recursos de prefeituras e governos estaduais
Agência Brasil

Reunião trouxe mudanças para diferentes procedimentos relacionados aos recursos de prefeituras e governos estaduais

Nesta terça-feira (19), representantes dos três poderes se reuniram para revisar o sistema de emendas parlamentares, no qual deputados e senadores alocam recursos públicos para suas regiões eleitorais.

O entendimento alcançado, conforme divulgado em documento após o encontro, mantém as modalidades existentes, mas introduz mudanças nos procedimentos para a alocação das verbas a prefeituras e governos estaduais.  Entenda melhor:

Emendas Individuais

Antes:  atualmente, os 513 deputados e 81 senadores podem destinar até R$ 25 bilhões do orçamento para obras e serviços em suas bases eleitorais. Metade do montante deve ser alocado para a área da saúde, com obrigatoriedade de pagamento pelo governo.

Depois:  agora, com o acordo, as emendas individuais continuam como estão, com a exceção de situações técnicas que possam impedir sua execução, como em casos de embargo em obras.

Emendas Pix

Antes: os parlamentares poderiam direcionar parte do valor das emendas individuais diretamente para contas de prefeituras e estados, sem a necessidade de aprovação do governo.

Em 2023, foram alocados R$ 8,2 bilhões. Os recursos podem ser utilizados conforme o prefeito desejar, com a fiscalização ficando a cargo dos órgãos de controle locais.

Depois:  o novo acordo, então, prevê que os parlamentares terão que especificar previamente como os recursos serão aplicados. Além disso, o dinheiro deverá ser priorizado para a conclusão de obras inacabadas. O Tribunal de Contas da União (TCU) será responsável pela fiscalização dessas verbas.

Emendas de bancadas

Antes:  parlamentares de um mesmo estado colaboram para decidir a destinação dos recursos. Em 2024, foi autorizado o uso de até R$ 8,5 bilhões para o governo federal – assim como as emendas individuais, esses valores também são obrigatoriamente pagos.

Depois:  com o novo acordo, a destinação dos recursos será restrita a projetos estruturantes definidos por cada bancada. Uma regulamentação será elaborada entre o Executivo e o Legislativo para definir os critérios a serem utilizados.

Emendas de comissão:

Antes:  a alocação dos recursos é feita pelas comissões permanentes da Câmara e do Senado. Com o fim do orçamento secreto, os R$ 15,5 bilhões previstos para este ano passaram a ser usados para destinar verbas sem identificação dos autores. O governo não tem obrigação de pagar as emendas.

Depois:  o acordo mantém as emendas de comissão, mas sob determinadas restrições. Os recursos deverão ser aplicados somente em projetos de “interesse nacional ou regional”, a serem definidos em comum acordo com o governo.

A questão da identificação dos parlamentares autores das emendas ainda não foi abordada no acordo, e assim, a regulamentação sobre quais projetos poderão receber essas emendas será discutida entre Legislativo e Executivo nos próximos dez dias.

Valores para as emendas

Antes:  a PEC da Transição, aprovada no final de 2022, aumentou o valor das emendas para 3% da receita do governo (2% para emendas individuais e 1% para emendas de bancada). A esses valores somam-se os recursos de emendas de comissão, sujeitos a negociação com o governo. Uma parte do valor foi vetada pelo presidente Lula, mas o veto foi revertido pelo Congresso.

Depois:  estipula-se com o acordo que o governo e o Congresso reavaliem a vinculação dos valores das emendas, buscando uma nova fórmula para evitar que os valores cresçam mais do que o aumento total das despesas governamentais, atualmente controladas pelo arcabouço fiscal. A definição da nova regra para os valores anuais das emendas ainda será debatida.




Radialista Elias Cavalcanti morre aos 83 anos em João Pessoa

Morreu na noite dessa terça-feira (20) Elias Cavalcanti, morador histórico do bairro de Mandacaru, em João Pessoa.

O velório acontece na Central de Velórios São João Batista e o sepultamento será no final da manhã desta quarta-feira (21) no Cemitério Boa Sentença.

Seu Elias, como era conhecido, teve na sua trajetória influência na política local e marcou gerações através do serviço de som que conduzia na transmissão de rádio de poste, com o Sistema ECSom de Comunicação, trabalhou na Rádio Tabajara , era radialista

Elias Cavalcanti deixa a esposa, dona Ivonete, filhos e netos.




INÁCIO DA CATINGUEIRA – O POETA ESCRAVO; Rui Leitao

Publicado no jornal A UNIÃO edição de ontem

INÁCIO DA CATINGUEIRA – O POETA ESCRAVO

Filho de pai desconhecido, o escravo Inácio não tinha sobrenome. Ganhou fama com esse nome, por ter nascido no município de Catingueira, no sertão da Paraíba, em 31 de julho de 1845. Era cantador e repentista, apesar de analfabeto. Considerado, inclusive, um dos fundadores da literatura negra brasileira, a partir da sua poesia oral. Não se tem notícia se chegou a ser alforriado. Era um negro de cabelos corridos, usava um pequeno cavanhaque e um bigodinho, o que fazia com que muitos dissessem que ele era filho de um homem branco que morava na região. Seu canto era acompanhado por um pandeiro, enfeitado com um laço de fita, guizos de prata de dois mil réis e tampo de couro cru.

Existe uma farta literatura em que o consagra como o maior de todos os cantadores do Nordeste. Mas quem, na verdade, resgatou a sua história foi o rapper e cantor Emicida, na canção “Inácio da Catingueira”, em 2018, onde explora o tema do preconceito e racismo presentes na sociedade brasileira. Na letra da música, ele diz: “Eles vão fazer de tudo para que você reaja/Se você responder a um palavrão com outro palavrão/Eles só vão ouvir o seu/Ouse responder a um soco com outro/Eles vão dizer ó lá, o neguinho perdeu a cabeça/Eu disse que ele não servia para isso/O inimigo e seus lacaios vêm com tudo, joga sujo/E você não pode simplesmente reagir com a mesma baixeza”. Destaca, então, a existência de Inácio da Catingueira e a relação entre o rap e o repente. Emicida procurou enfatizar as provocações que Inácio da Catingueira teria sofrido por seus opositores na cantoria, onde era tentado fazer com que perdesse a paciência e se mostrasse um negro desrespeitoso e agressivo.

Em 1874, ocorreu em Patos o episódio que ficou conhecido como “a peleja histórica”, quando Inácio da Catingueira enfrentou aquele que era apontado como um dos maiores repentistas da época, Romano da Mãe d`Àgua ou Romano Caluete, como também era chamado. Seu contendor procurava se apresentar como um homem branco e intelectualmente superior. Numa das versões desse “duelo de titãs”, teria ocorrido o seguinte embate oral: “Negro, me trate melhor/Que estamos em meio de gente/Queira Deus você não saia/Da sala com couro quente”. E foi assim rebatido por Inácio da Catingueira: “Meu branco, dou-lhe um conselho/Espero o senhor tomar/Se tire desse sentido/Se arrede desse pensar/Juro com todos os dedos/Que um homem só não me dá”. Há quem diga que essa peleja teria durado oito dias. Inácio da Catingueira enfrentou, não só o cansaço, mas o risco de enfrentar as represálias de Romano da Mãe d`Água, um escravista, ou do seu público, sem se intimidar, tendo a seu favor apenas os versos e a afirmação de sua identidade.

Faleceu aos trinta e oito anos de idade, vítima de uma pneumonia. Ao invés de ser sepultado na fazenda, como de praxe faziam com os escravos, seu corpo repousa em uma praça, no centro da cidade em que nasceu, tendo uma estátua no local em sua homenagem. Graciliano Ramos assim se referiu a Inácio da Catingueira: Durante a cantoria, ele derrotava verbalmente o inimigo com “ironia”, com uma “deliciosa malícia negra”. Inácio da Catingueira era herdeiro de uma tradição dos negros contadores de historias, os bantos, que tanto influenciou o ritmo e poesia brasileira.

www.reporteriedoferreira.com.br    Rui Leitão-advogado,jornalista,poeta ,escritor




Dia do Maçom é comemorado na Câmara de João Pessoa

Da Redação www.reporteriedoferreira.com.br   com Ascom
Publicado em 20 de agosto de 2024 às 21:20

Foto: Ascom

A Câmara Municipal de João Pessoa prestou homenagem aos maçons paraibanos nesta terça-feira (20).

A ação é alusiva ao Dia do Maçom e foi proposta pelo presidente da Casa, Dinho Dowsley (PSD).

A solenidade reuniu membros de várias Lojas Maçônicas da Paraíba e foi proposta pelo presidente da Casa, vereador Dinho (PSD).

“É uma homenagem merecida, para um grupo conhecido por ações sociais e iniciativas que visam o desenvolvimento do nosso Estado em todos os seus aspectos”, ressaltou Dinho. O evento contou com a participação, também, do prefeito Cícero Lucena (PP).

No evento, o presidente da PAEL (Poderosa Assembleia Estadual Legislativa), da Grande Oriente do Brasil na Paraíba (GOB-PB), Nadir Valengo, falou sobre a importância do Poder Legislativo realizar uma solenidade comemorativa ao

dia do maçom

Dia do Maçom.

“É muito importante participar de uma sessão que reconhece os serviços da Maçonaria no universo, sempre voltados para beneficiar, colocando a solidariedade em primeiro lugar. Os maçons, de uma maneira em geral, visam o aperfeiçoamento, e realizamos trabalhos com a comunidade, sobretudo com crianças e mães carentes, prestando a solidariedade na sua essência”, afirmou.

Almir de Araújo Oliveira parabenizou todos os irmãos maçons presente na sessão.

“Hoje comemoramos o Dia do Maçom, data controversa quanto à sua origem. Nós fazemos parte de uma instituição filosófica, filantrópica, educativa, de estudos e pesquisas, e a nossa responsabilidade é muito grande. Desejo que este resto de ano seja auspicioso e que possamos, observando nossos princípios maçônicos, contribuir não só com o engrandecimento da Maçonaria, bem como com o futuro da nossa pátria”, acrescentou.

O grão mestre do GOB PB, Silvino Corsino, afirmou que a Maçonaria é família, harmonia e paz, mas também compromisso e responsabilidade.

“A maior missão da Maçonaria é servir à sociedade e à cada município em que está instalada uma Loja Maçônica”, destacou.

“Estamos aqui celebrando. Não estamos prestando contas, estamos relembrando o que é a Maçonaria, para que serve e porque estamos aqui. Vamos celebrar porque estamos no caminho certo, realizando as mesmas missões, de forma correta, reta, justa e perfeita. É isso que a Maçonaria é”, concluiu Leandro Vitor de Souza, mestre maçom da Loja João Rosário Dória.

Participaram ainda da sessão especial os maçons Leônidas Lima Bezerra; Alex Laurentino, entre outros.

Solenidade homenagem dia do maçom na câmara municipal de João Pessoa

 




Conselho de medicina americano revoga licença de médicos que defendiam ivermectina contra Covid

Pierre Kory e Paul Ellis Marik foram acusados de desinformação pela Abim, entidade semelhante ao Conselho Federal de Medicina (CFM) no Brasil

messenger sharing button
Reprodução
Bolsonaro

Dois médicos norte-americanos tiveram a certificação revogada pelo American Board of Internal Medicine (Abim), uma entidade semelhante ao Conselho Federal de Medicina (CFM) no Brasil, por serem apontados como lideranças de uma organização que promove a ivermectina como tratamento contra a COVID-19.

Pierre Kory, MD, não é mais certificado em medicina intensiva, doenças pulmonares e medicina interna, segundo o site da ABIM. Paul Ellis Marik, MD, também não é mais certificado em medicina intensiva ou medicina interna. Marik é o diretor científico e Kory  presidente emérito da Front Line COVID-19 Critical Care Alliance (FLCCC), um grupo fundado pela dupla em março de 2020.

A entidade ganhou notoriedade durante o auge da pandemia por defender a ivermectina como tratamento para a COVID-19. Atualmente, a FLCCC defende regimes de suplementos para tratar “lesões causadas por vacinas” e oferece tratamentos para a doença de Lyme –  infecção bacteriana transmitida por carrapatos de diversas espécies, capaz de provocar lesões na pele, nas articulações, no coração e no sistema nervoso central.

Estudos que pretendiam mostrar benefício do ivermectina foram posteriormente associados a erros, e descobriu-se que alguns se baseavam em pesquisas potencialmente fraudulentas. A ABIM não quis comentar quando questionada pelo Medscape Medical News, entidade global que divulga notícias médicas, sobre sua ação.

No site, o termo “revogado” indica a “perda de certificação devido a ação disciplinar para a qual a ABIM determinou que a conduta subjacente à sanção não garante um caminho definido para restauração da certificação no momento da sanção disciplinar”.

Em um comunicado enviado ao site Medscape Medical News, Kory e Marik disseram “que esta decisão representa uma mudança perigosa nos princípios fundamentais do discurso médico e do debate científico que historicamente têm sido a base das associações de educação médica”.

A FLCCC afirmou no comunicado que, juntamente com Kory e Marik, estão “avaliando opções para contestar essas decisões”.

AÇÃO DISCIPLINAR

Kory e Marik explicaram que foram notificados em maio de 2022 de que enfrentavam uma possível ação disciplinar da Abim. Um comitê da Abim recomendou a revogação em julho de 2023, dizendo que os dois homens estavam divulgando “informações médicas falsas ou imprecisas”, segundo a FLCCC. Kory e Marik perderam um recurso.

Em declaração de 2023, Kory e Marik chamaram a ação da Abim de “ataque à liberdade de expressão”.

“Esta não é uma questão de liberdade de expressão”, disseram Arthur Caplan, PhD, os doutores William F. e Virginia Connolly Mitty – professores de bioética no Departamento de Saúde Populacional da NYU Grossman School of Medicine, Nova York. “Você tem direito à liberdade de expressão, mas não tem o direito de exercer a profissão fora dos limites do padrão de atendimento”, comentaram. “Isso significa que a profissão está rejeitando aqueles “que estão envolvidos em coisas que prejudicam os pacientes ou que atrasam a obtenção de tratamentos aceitos”, disse Caplan.

Wendy Parmet, JD, distinguished University Professor of Law da Northeastern University School of Public Policy and Urban Affairs, Boston, disse que a desinformação espalhada pelos médicos é especialmente prejudicial porque vem com um ar de credibilidade.

“Você quer deixar espaço suficiente para discurso e discussão dentro da profissão e não quer que o conselho imponha uma ortodoxia estreita e rígida”, disse Wendy. Mas nos casos em que as pessoas estão “vendendo informações que estão muito fora do consenso” ou estão “lucrando com isso, a profissão não tomar nenhuma ação, isso é, penso eu, prejudicial também para a confiança na profissão”, acrescentou.

Ela não ficou surpresa que Kory e Marik lutassem para manter a certificação. “A certificação do conselho é algo importante e que vale muito a pena ter”, disse ela. “Perdê-lo não é trivial.”

Kory, que é licenciado na Califórnia, Nova York e Wisconsin, “não exige a certificação para sua prática independente, mas está avaliando os próximos passos com advogados”, de acordo com o comunicado da FLCCC. Marik, cuja licença médica na Virgínia expirou em 2022, “não está mais tratando pacientes e dedicou seu tempo e esforços à Aliança FLCCC”, disse o comunicado.

Com informações do Estado de Minas 




Municípios da Paraíba recebem mais de R$5 milhões em royalties da Agência Nacional de Petróleo

O maior montante foi pago ao município de São Miguel de Taipu e é relativa à produção de maio

(Foto: Saulo Cruz/MME)

Nove municípios da Paraíba receberam da Agência Nacional de Petróleo (ANP), neste mês de agosto, R$5.195.327,18 a título de royalties relativos à partilha da produção de maio, para os contratos de concessão e de cessão onerosa. O maior montante foi pago ao município de São Miguel de Taipu, que recebeu R$603.084,60, de acordo com levantamento encaminhado pela Agência ao Pauta Real.

O valor repassado diretamente aos estados foi de R$802.150.218,66, enquanto os municípios receberam R$994.797.348,53. Em termos de número de beneficiários, os repasses foram feitos a 908 municípios e 11 estados.

Na Paraíba foram contemplados os municípios de Alhandra (R$528.859,57); Bayeux (R$4 597.058,62); Caldas Brandão (R$ 594.062,56); Ingá (R$ 591.892,84); Jacaraú (R$592.554,56), Mamanguape (R$578.408,01); Pedras de Fogo (R$555.567,74); Santa Rita (R$553.838,68) e São Miguel de Taipu (R$603.084,60).
A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) explicou que não há data estabelecida para o pagamento dos valores referentes aos royalties. Isso porque, de acordo com a legislação aplicável, o repasse deve ser feito até o último dia do segundo mês subsequente ao fato gerador, conforme a Lei 7990/89.

A ANP é responsável por calcular, apurar e distribuir os royalties aos entes beneficiários (União, Estados e Municípios). O cálculo e a distribuição são feitos de acordo com os diversos critérios estabelecidos na Lei 7.990/1989, no Decreto 1/1991 (distribuição da parcela de 5% dos Royalties), na Lei 9.478/1997 e no Decreto 2.705/1998 (distribuição da parcela acima de 5% dos Royalties).

Link



No Dia do Maçom, conheça a relação do movimento no Nordeste

Movimento Maçônico no Nordeste é uma força cultural e social com raízes profundas na história da região. Ao longo dos séculos, a Maçonaria desempenhou um papel significativo na formação política e intelectual do Nordeste, influenciando líderes, movimentos sociais e até mesmo a construção de cidades.

História e Influência da Maconaria no Nordeste

A Maçonaria chegou ao Brasil no início do século XIX, trazendo consigo ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. No Nordeste, essa corrente de pensamento encontrou terreno fértil, especialmente em cidades como Salvador, Recife e Fortaleza, onde intelectuais e líderes políticos se uniram às lojas maçônicas em busca de reformas sociais e políticas. Muitas figuras importantes da história nordestina, como Joaquim Nabuco e Castro Alves, foram membros da Maçonaria, usando sua influência para promover a abolição da escravidão e o republicanismo.

Contribuições Sociais

O Movimento Maçônico no Nordeste também se destacou por suas contribuições sociais. As lojas maçônicas frequentemente se envolveram em obras de caridade, construção de escolas e hospitais, além de apoiar causas sociais. A criação de bibliotecas e a promoção da educação foram algumas das formas pelas quais a Maçonaria buscou contribuir para o desenvolvimento da região.

Atualidade

Atualmente, o Movimento Maçônico continua ativo no Nordeste, com diversas lojas espalhadas pelos estados. Essas organizações mantêm viva a tradição de promover o conhecimento, a filantropia e o desenvolvimento pessoal de seus membros. Além disso, continuam a influenciar discussões políticas e sociais, embora de forma mais discreta do que no passado.

Eventos e Encontros

Encontros regionais e nacionais continuam a ser uma parte importante da vida maçônica no Nordeste. Esses eventos são oportunidades para troca de ideias, fortalecimento de laços entre as lojas e promoção de projetos sociais. Recentemente, temas como sustentabilidade, direitos humanos e educação têm sido foco das discussões maçônicas na região.

Quais as Grandes Lojas no Nordeste

No Nordeste, a Maçonaria é composta por várias lojas tradicionais, muitas das quais têm uma rica história e desempenharam papéis importantes na cultura, na política e no desenvolvimento social da região. Aqui estão algumas das principais lojas maçônicas do Nordeste:

1. Grande Oriente da Bahia (GOB-BA)

  • Localização: Salvador, Bahia.
  • História: Fundado em 1912, o Grande Oriente da Bahia é uma das mais antigas e influentes obediências maçônicas da região. A Maçonaria na Bahia teve um papel crucial no período colonial e imperial, especialmente na luta pela independência do Brasil e na abolição da escravatura.
  • Importância: O GOB-BA é uma referência histórica e cultural, sendo uma das obediências maçônicas que mais se destacou no contexto político e social do estado.

2. Grande Oriente de Pernambuco (GOB-PE)

  • Localização: Recife, Pernambuco.
  • História: Pernambuco tem uma longa tradição maçônica, com a primeira loja fundada em 1821. O GOB-PE teve grande influência na Revolução Pernambucana de 1817 e nas lutas abolicionistas e republicanas.
  • Importância: Pernambuco é um dos estados onde a Maçonaria teve maior impacto, moldando movimentos políticos e sociais ao longo do século XIX.

3. Grande Oriente do Ceará (GOB-CE)

  • Localização: Fortaleza, Ceará.
  • História: Estabelecido oficialmente em 1927, o GOB-CE reúne diversas lojas maçônicas do Ceará, que historicamente participaram de debates sobre a reforma agrária, a educação pública e a política regional.
  • Importância: A Maçonaria no Ceará teve grande envolvimento em movimentos políticos e culturais, especialmente no período da Primeira República.

4. Grande Loja Maçônica do Estado do Maranhão (GLME-MA)

  • Localização: São Luís, Maranhão.
  • História: Fundada em 1928, a GLME-MA se destaca pela sua participação na formação política do estado e por sua influência na promoção de causas sociais e educacionais.
  • Importância: O Maranhão tem uma tradição maçônica forte, com lojas ativas no combate à escravidão e na defesa dos direitos humanos.

5. Grande Loja Maçônica do Estado de Sergipe (GLME-SE)

  • Localização: Aracaju, Sergipe.
  • História: A GLME-SE foi fundada em 1932 e tem desempenhado um papel importante na vida social e política de Sergipe, especialmente em questões de educação e filantropia.
  • Importância: A Maçonaria em Sergipe é conhecida por seu envolvimento em movimentos sociais e pela sua contribuição para a formação da identidade cultural do estado.

6. Grande Oriente do Rio Grande do Norte (GOB-RN)

  • Localização: Natal, Rio Grande do Norte.
  • História: O GOB-RN, fundado oficialmente em 1933, reúne diversas lojas com uma longa tradição de envolvimento em movimentos sociais e na política do estado.
  • Importância: O Rio Grande do Norte teve participação significativa em movimentos nacionais, com as lojas maçônicas desempenhando papéis de destaque.

7. Grande Oriente do Estado de Alagoas (GOB-AL)

  • Localização: Maceió, Alagoas.
  • História: A Maçonaria alagoana é reconhecida por sua contribuição para o desenvolvimento cultural e político do estado, com lojas que datam do século XIX.
  • Importância: Alagoas foi um dos centros maçônicos que contribuíram para as lutas abolicionistas e republicanas.

Essas lojas e suas respectivas obediências têm desempenhado papéis centrais na história e no desenvolvimento do Nordeste, influenciando desde movimentos políticos até iniciativas culturais e educacionais.

Desafios e Futuro

Como qualquer movimento social, a Maçonaria no Nordeste enfrenta desafios. A modernização e a globalização trazem novas questões que as lojas precisam enfrentar, como a necessidade de atrair membros mais jovens e adaptar suas práticas às demandas do século XXI. No entanto, o compromisso com os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade continua a guiar o movimento.

O Movimento Maçônico no Nordeste permanece como um pilar de tradição e mudança, desempenhando um papel crucial na formação e desenvolvimento da sociedade nordestina, e segue relevante na busca por uma sociedade mais justa e iluminada.

Portal Ne9

 




Poderes entram em consenso e mantém emendas Pix, mas com critérios de transparência

Almoço institucional discutiu o impasse em relação ao pagamento de emendas parlamentares e ficou definido que mecanismo precisará ter regras

Por

|iG Último Segundo

|20/08/2024 15:34

Rodrigo Pacheco (PSD-MG, esq.) ao lado de Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (dir.)
Agência Brasil

Rodrigo Pacheco (PSD-MG, esq.) ao lado de Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (dir.)

Ministros do Supremo Tribunal Federal ( STF ) se reuniram com os presidentes da Câmara , Arthur Lira (PP-AL), e do Senado , Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de ministros do governo, nesta terça-feira (20), durante um almoço institucional para discutir o impasse em relação ao pagamento das emendas parlamentares . O mecanismo será mantido, mas com regras que respeitem “critérios de transparência, rastreabilidade e correção”.

Segundo o Supremo, o encontro definiu que as chamadas “emendas PIX” seguirão ocorrendo, mas deverá ter execução obrigatória e com identificação prévia do objetivo da destinação do recurso, tendo como prioridades obras inacabadas e com prestação de contas ao TCU.

Emendas individuais continuarão, seguindo o critério da impositividade. O Congresso e o Executivo possuem 10 dias para estabelecerem essas regras.

Já as emendas de bancada serão colocadas em projetos “estruturantes” em cada estado, tendo definição das bancadas, ou seja, sem a individualidade de um deputado ou senador.

Por fim, as emendas de comissões temáticas do Senado e da Câmara precisarão ser destinadas a projetos de interesse nacional, estadual ou regional.

O objetivo da reunião, segundo ministros do STF, era encontrar uma solução constitucional e consensual para a questão, que gerou desentendimentos na última semana. O plenário do STF confirmou por unanimidade uma decisão do ministro Flávio Dino, suspendendo emendas impositivas e estabelecendo restrições para as chamadas “Emendas Pix” — transferências diretas para estados e municípios sem transparência e sem necessidade de projeto.

Dino também solicitou que o Executivo e o Legislativo estabelecessem regras para aumentar a transparência e rastreabilidade das emendas. Nesse contexto, Lira enviou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) uma proposta que limita decisões individuais de ministros do STF.

A reunião contou com a presença de ministros do STF, líderes do Legislativo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Antes do encontro, Arthur Lira se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, em seguida, com Rodrigo Pacheco. Pacheco também se encontrou com líderes do governo no Senado, numa tentativa de alinhar discursos.

O que torna as emendas objeto de disputa?

As emendas parlamentares vão além do simples repasse de verbas; elas são instrumentos de poder político. Controlá-las significa ter a capacidade de exercer influência e moldar alianças, especialmente em um cenário de eleições iminentes, como as municipais em outubro e as presidências da Câmara e do Senado em fevereiro.

A ausência de critérios claros para a distribuição dessas emendas intensifica a luta pelo controle, pois a falta de transparência cria um ambiente onde a proximidade com líderes partidários e dirigentes das Casas Legislativas se torna fundamental. Esses líderes, ao gerir a distribuição das verbas, acabam por reforçar suas próprias bases de poder e influência política, ampliando seu domínio sobre as decisões estratégicas do Congresso.

A dinâmica explica por que os parlamentares relutam em ceder esse poder. Em um contexto onde cada emenda pode representar um trunfo eleitoral ou uma moeda de troca política, garantir o acesso a essas verbas é crucial para qualquer parlamentar que aspire a fortalecer sua posição e assegurar vantagens nas eleições futuras.




Homens são assassinados a tiros em bar no Sertão paraibano

Durante a noite deste domingo (18) dois homens foram assassinados em um bar no município de Teixeira, no Sertão paraibano. O crime é atribuído a um homem que chegou ao local em uma moto e efetuou vários disparos contra as vítimas.

Robson Aires, de 36 anos, conhecido por “Cobra”, morreu no local. Já Erivan Batista Leandro, 41, ainda chegou a ser socorrido pelo SAMU para o hospital de Teixeira, mas não resistiu e faleceu.

De acordo com a polícia, umas das vítimas, o Robson Aires, respondia judicialmente por crimes.

O duplo homicídio segue sendo investigado, mas por enquanto nenhum suspeito foi preso.

MaisPB




De Catolé do Rocha à presidência do STJ, um perfil do paraibano Herman Benjamin

A distância entre a pequena cidade paraibana de Catolé do Rocha e Brasília é de pouco mais de dois mil quilômetros, mas o caminho percorrido pelo ministro Herman Benjamin entre a sua terra natal e a capital federal – onde está a sede do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – foi muito mais longo: em cada país, em cada cidade desse percurso, surgiu um marco na carreira daquele que, na quinta-feira (22), assumirá o cargo de presidente do STJ para os próximos dois anos.

Na sua Catolé do Rocha, em João Pessoa e em Recife, ele concluiu os estudos de primeiro e segundo graus. Com 17 anos, fez vestibular na capital fluminense, formando-se em direito em 1980 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nos Estados Unidos, fez mestrado (LLM) na Universidade de Illinois e, de volta ao Brasil, tornou-se doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A jornada de Benjamin tem outro marco importante em São Paulo, onde foi membro do Ministério Público de 1982 a 2006, quando tomou posse no STJ. No mundo acadêmico, além da sua atuação no Brasil, ele coleciona passagens pelos Estados Unidos (professor visitante das Universidades do Texas e de Illinois) e por vários outros países em todos os continentes como palestrante em Direito Ambiental e Direito do Consumidor.

Caminhos levam a lugares, mas também a pessoas. E as pessoas que cruzaram o caminho do ministro o descrevem não apenas como o conhecido especialista em meio ambiente e direito do consumidor, mas também como alguém humano, bem-humorado e preocupado com as causas sociais. Pessoas como a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o fotógrafo Sebastião Salgado e o filósofo Leonardo Boff, ao lado de outras personalidades, ajudam a explicar, nesta reportagem especial, quem é o ministro que chega à Presidência do STJ.

Uma das maiores autoridades mundiais em direito ambiental

A ligação entre Herman Benjamin e o ex-Ministro de Relações Exteriores e atual embaixador extraordinário para a Mudança do Clima, Luiz Alberto Figueiredo, começou por volta de 2002, quando ambos atuavam no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama): Benjamin como procurador de Justiça, Figueiredo como representante do Ministério das Relações Exteriores.

Já naquele momento, o diplomata via no jovem membro do Ministério Público alguém com profundo conhecimento ambiental e que “exercia a liderança pelas ideias”. A relação inicialmente profissional – contou o embaixador – foi solidificada ao longo dos anos, transformando-se em forte amizade.

“O ministro Herman Benjamin é, hoje, uma das grandes autoridades mundiais na área do direito ambiental. É reconhecido internacionalmente como uma das grandes mentes pensantes nesse tema”, disse Figueiredo. Para ele, a atuação do ministro como presidente do STJ será marcada pela defesa dos direitos coletivos (como o direito ao meio ambiente sadio) e pela preocupação com as questões sociais. “É uma pessoa que alia uma inteligência brilhante com um bom-humor contagiante”, completou.

As fotos e os registros da luta ambiental

Na vasta obra do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, cada traço das imagens em preto e branco revela a preocupação do artista com o meio ambiente e com os grupos desfavorecidos – como as classes trabalhadoras, os refugiados e os povos indígenas.

Sua ligação com o ambientalismo, porém, vai muito além do ponto de vista fotográfico: ao lado de sua esposa, Lélia Wanick, Sebastião Salgado participa de diversas organizações (ele é, por exemplo, embaixador da boa vontade do Unicef) e criou, em 1998, o Instituto Terra, responsável por uma grande iniciativa de revitalização de áreas desmatadas na região Sudeste.

Segundo Salgado, uma visão de mundo em comum e o compartilhamento das mesmas preocupações sociais e ambientais foram os elementos que o aproximaram do ministro Herman Benjamin. Na opinião do fotógrafo, o ministro é fundamental na luta pelo meio ambiente e está sempre atento aos problemas dos povos originários. “Herman é uma pessoa de qualidades humanas e éticas fora do comum. As maiores preocupações dele, sem dúvida, são as ambientais, humanas e sociais”, declarou.

Salgado contou que o ministro — acompanhado de sua mãe e sobrinhos — foi conhecer pessoalmente o trabalho do Instituto Terra e participou de iniciativas geridas pela entidade. A ligação entre eles também já rendeu momentos importantes para o STJ, como a realização do simpósio internacional Povos Indígenas: Natureza e Justiça, realizado no tribunal em abril do ano passado. No mesmo evento, o STJ recebeu uma exposição fotográfica homônima de Salgado, cujas obras foram doadas para o acervo da corte.

“O STJ não é só de Brasília: ele alcança o Brasil inteiro. Para mim, participar de um evento como esse é participar de um sistema que envolve toda a Justiça brasileira. Da mesma forma, a atuação do ministro Herman como presidente do tribunal não vai se restringir a Brasília, pois terá repercussão positiva no país como um todo”, resumiu.

Um especialista no direito dos povos indígenas

Entre a sua origem em uma tribo nômade de Mato Grosso, sem contato regular com a sociedade urbana, e o seu reconhecimento internacional a partir dos anos 1980, o cacique Raoni Metyktire teve uma história marcada pela luta em defesa do meio ambiente e dos direitos indígenas.

Com cerca de 92 anos – não se sabe ao certo a data de seu nascimento –, Raoni tem entre seus feitos a articulação que garantiu uma gama de direitos aos povos originários na Constituição de 1988, a participação em processos de demarcação de terras na Amazônia e a arrecadação de fundos para a proteção da região.

Essa vocação é o que une o percurso de Raoni – o cacique que luta pela floresta na cidade – ao de Herman Benjamin – o ministro do Sertão nordestino e da cidade que exalta a floresta. Próximos pelas visões de mundo, os dois já estiveram juntos em algumas oportunidades, como no evento O Chamado do Raoni, que reuniu 54 etnias no Parque Nacional do Xingu, no ano passado.

Raoni disse ter recebido com alegria a notícia de que Benjamin se tornará presidente do STJ, porque o considera um amigo da natureza e dos povos indígenas. Segundo o cacique, se houvesse uma faixa presidencial no STJ, ele gostaria de colocá-la no ministro, como sinal da esperança de que as autoridades continuem a trabalhar pelos povos da floresta.

Ministro foi um dos redatores do Código do Consumidor

Quando conheceu o ministro Herman Benjamin, no final dos anos 1980, a especialista em direito do consumidor e diretora da Faculdade de Direito da UFRS, Cláudia Lima Marques – que viria a ser orientadora do ministro em seu doutorado e parceira dele em vários livros e artigos –, lembra que o direito do consumidor era “apenas um sonho” no Brasil, com debates mais frutíferos na Europa (onde ela estudava) e nos Estados Unidos (onde o ministro era professor).

Esse panorama, contou a professora – que preside a International Association of Consumer Law, da qual o ministro foi vice-presidente –, começou a mudar a partir da Constituição de 1988, quando um grupo liderado pela professora Ada Pellegrini Grinover e integrado por Herman Benjamin foi incumbido de desenhar o projeto que se tornaria o Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Naquele momento, Cláudia Marques percebeu a capacidade do jurista para conduzir o processo de criação de leis. “É um membro do Judiciário com grande capacidade de articulação com o parlamento”, avaliou. Ela também destacou a atuação de Benjamin como idealizador e fundador do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon) e da Revista de Direito do Consumidor (da editora Thomson Reuters), para que os debates científicos sobre o tema se mantivessem vivos e atualizados.

Por fim, a professora ressaltou o papel do ministro no avanço da jurisprudência sobre esse campo do direito. Para ela, uma decisão emblemática dessa contribuição é a do REsp 586.316, relativa à necessidade de informação sobre a presença de glúten nos alimentos, para proteção das pessoas celíacas.

Ternura pessoal, rigor na aplicação da lei

Assim como falar em Herman Benjamin é pensar em meio ambiente, direitos do consumidor, questões indígenas, acesso à justiça e proteção jurídica dos vulneráveis, falar em Leonardo Boff remete à teologia da libertação, à defesa dos mais pobres e aos estudos sobre ecologia.

Debatendo um desses assuntos – a ecologia – é que Benjamin e Boff se conheceram, durante um seminário realizado em Águas de Lindoia (SP). As relações se estreitaram quando o filósofo e teólogo conheceu o trabalho do ministro no STJ e participou com ele das discussões no Senado que culminaram na Carta da Terra, documento que propõe as bases da construção de uma sociedade mais justa, pacífica e sustentável.

Leonardo Boff afirmou que a posse de Herman Benjamin na presidência do STJ o deixa “plenamente seguro” quanto ao rigor na aplicação da lei e também em relação a temas como os direitos das comunidades indígenas e os problemas do meio ambiente, “especialmente nesta nova fase da Terra, sob o danoso aquecimento global”.

O seringal e o sertão

Se a vida do próximo presidente do STJ começou no sertão paraibano, a origem da ministra Marina Silva está cravada no seringal do Acre: distantes por um Brasil inteiro, ambos viveram, em contextos diferentes, as lutas que anos depois os tornariam duas referências internacionais na preservação do meio ambiente.

Para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, enquanto a agenda ambiental é permeada por mentalidades que consideram natural “desmatar e queimar vastas extensões de biodiversidade para produzir uma única espécie vegetal”, Herman Benjamin se colocou como uma pessoa com percepção profunda das questões de seu tempo e sempre atuou em prol da conservação e do bem-estar das gerações atuais e futuras.

Nessa conjuntura, Marina Silva citou o trabalho do jurista para evitar retrocessos no Código Florestal e para aprovar marcos legais como a Lei de Resíduos Sólidos, a Política Nacional do Meio Ambiente e a Lei de Crimes Ambientais.

A ministra também destacou que Benjamin foi fundamental para a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); e que, para celebrar a instalação de um sistema representativo no Conama, ela não teve dúvidas em convidá-lo para proferir a palestra magna na primeira reunião do conselho.

“Sua escolha para a presidência do STJ, além de merecida, nos dá o conforto de poder esperar uma condução daquela corte comprometida com abordagens jurídicas consistentes e modernas em nosso país continental e desafiante”, afirmou.

Questões ambientais de hoje já eram discutidas por Benjamin há 40 anos

Foi no final dos anos 1980, em meio às discussões de um projeto de lei sobre direitos difusos, que o professor Oscar Vilhena Vieira, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV), conheceu Herman Benjamin. Segundo o professor, é impressionante notar como algumas preocupações que hoje dominam o debate sobre direito ambiental no mundo já eram antecipadas pelo jovem Benjamin há quase 40 anos.

Segundo Vilhena, o ministro consegue ser inovador na forma como pensa o direito e também é um operador institucional talentoso, capaz de reformar internamente as instituições que aplicam o direito. “Isso não é trivial no mundo jurídico, ainda mais com a sua capacidade de interlocução nacional e internacional no campo do meio ambiente”, ressaltou.

Quando Benjamin passou a fazer parte do STJ, Oscar Vilhena comenta que sua trajetória o transformou no “juiz brasileiro mais relevante do ponto de vista das discussões ambientais”, especialmente após o mundo ingressar em um período de emergência climática. “Essas questões se tornaram centrais, e ele virou o magistrado central dessas questões”, apontou.

Para o diretor da FGV, também foi marcante a passagem do magistrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde Benjamin exerceu os cargos de ministro efetivo e de corregedor-geral.

Vilhena também enalteceu a preocupação do ministro com a qualificação dos juízes brasileiros, especialmente quando ele comandou a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), onde atuou – com o auxílio do diretor da FGV – para criar cursos de mestrado e qualificar os concursos para ingresso na magistratura.

Foi em sua atuação da Enfam que a professora da USP Maria Tereza Sadek conheceu o ministro, após ser convidada para lecionar em um dos cursos promovidos pela instituição.

“O ministro Herman Benjamin sempre foi muito preocupado com as coisas, tenho profunda admiração por ele. É um especialista de referência em direito ambiental, sempre pautando questões muito relevantes”, afirmou.

Para Maria Tereza, a referência não é só no Judiciário, mas também no mundo acadêmico. “Em todos os lugares, ele sempre fez a diferença e, certamente, fará a diferença no comando do STJ”, concluiu.

Atuação de destaque no Ministério Público

Por mais de duas décadas, colegas do Ministério Público testemunharam de perto a atuação no MP. Para o atual Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, o ministro ajudou a formatar uma doutrina consistente e uma linha de atuação efetiva no MPSP.

“Para nós de São Paulo é um orgulho muito grande ter o Herman Benjamin como ministro e agora presidente do STJ. Ele é uma referência como homem público e como jurista”, afirmou.

O procurador Luiz Antonio Marrey relembra um momento de convivência institucional com o ministro no MPSP. Preocupado com a degradação da Serra do Mar, uma das maiores áreas contíguas de Mata Atlântica no país, o então procurador Herman Benjamin organizou uma visita do presidente do Supremo Tribunal Federal à época, ministro Sepúlveda Pertence, para averiguar as ameaças que a área sofria.

“Benjamin revolucionou o Ministério Público na área ambiental, lançando ideias pioneiras como as promotorias por bacia hidrográficas ou ecossistemas, organizou e motivou os promotores e promotoras de Justiça e participou de maneira efetiva da discussão e das melhores soluções nessa área, com repercussão nacional e internacional”, comentou Luiz Marrey.

Um alento para o Brasil

Nascida em Porto Alegre, a ministra aposentada e ex-presidente do STF Rosa Weber observou nas recentes enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul um exemplo do potencial danoso dos desastres climáticos.

Na sua visão, tragédias como aquela incentivam a reflexão sobre o papel do poder público diante dos problemas ambientais. No contexto desse debate, Weber considera “um alento para o Brasil” que o ministro Benjamin chegue à presidência do STJ, pois, segundo ela, o magistrado conduzirá o tribunal com olhar especial para temas que envolvem o meio ambiente, como a garantia dos direitos dos povos originários e a “manutenção da Amazônia como pulmão do mundo”.

“Além de querido amigo, o ministro Herman Benjamin é exemplo para a magistratura nacional por seu comportamento ético, sua honradez e absoluta correção e cuidado no trato da coisa pública”, enfatizou a ministra aposentada.

A função memorativa do direito de propriedade

Com as credenciais de sua atuação como delegada permanente do Brasil junto à Unesco, a Embaixadora Paula Alves de Souza destacou a contribuição do ministro Benjamin para a preservação do patrimônio cultural brasileiro. Ela mencionou ter participado de vários seminários e reuniões da Unesco ao lado do ministro, e nesses eventos ele chamava atenção não apenas pelo conhecimento jurídico e acadêmico, mas pela convicção sobre a importância desse patrimônio.

Confirmando a habilidade nesses temas, Paula Alves de Souza comentou que foi Herman Benjamin quem criou a expressão “função memorativa do direito de propriedade”, relacionada à função social da propriedade na circunstância de identificação e conservação dos patrimônios culturais – o termo é citado pelo ministro em precedentes como o REsp 1.359.534 e o REsp 1.791.098.

“Trata-se de designação de vanguarda, ao descrever como uma das funções da propriedade de bens de valor cultural a de ser portadora de referência à identidade, à memória e à manutenção da lembrança de signos do passado, em benefício das presentes e futuras gerações”, explicou a diplomata.

Ela disse que, com a contribuição de Benjamin, o STJ e a jurisprudência brasileira anteciparam a recente declaração da Unesco de que a cultura é bem público global e, por isso, os direitos culturais precisam ser levados em conta nas políticas públicas e nos ordenamentos jurídicos nacionais.

Identidade latino-americana no Direito e Judiciário

A multiplicidade de interesses e contribuições do ministro Herman Benjamin em diferentes áreas do Direito é algo que chama a atenção do ministro e ex-presidente da Corte Suprema de Justiça da Argentina Ricardo Lorenzetti, um dos mais aclamados juristas latino-americanos.

Ambos ascenderam ao protagonismo no Judiciário de seus países na mesma época: Herman Benjamin se tornou ministro do STJ em 2006, e, no ano seguinte, Ricardo Lorenzetti assumiu a presidência da suprema corte na Argentina.

Lorenzetti conheceu Herman Benjamin em atividades acadêmicas na Universidade de Buenos Aires, onde é professor, em meados da década de 1990. Em razão dos ideais partilhados, tornaram-se amigos. “Ele foi e é o grande sonhador de utopias que nos tornam melhores, que nos permitem ter sentido na vida e na atividade judicial”, afirmou Lorenzetti citando entre os sonhos a criação do Instituto Judicial Global para o Meio Ambiente.

O magistrado argentino afirma que Herman ajudou a implementar uma identidade judicial latino-americana. “Parece inconcebível que existam tantos talentos dentro de uma pessoa, mas esse é Antonio”, comentou.

De acordo com o ministro Ricardo Lorenzetti, a posse de Herman Benjamin na presidência do STJ alegra não só o Judiciário brasileiro, mas toda a comunidade internacional, especialmente os vizinhos da Corte Suprema de Justiça da Argentina.

Liderança adequada em momento de desafios ambientais

A professora de Direito Christina Voigt, da Universidade de Oslo, na Noruega, destacou o momento atual de significativas transformações climáticas no mundo e a importância de ter um jurista referência em matéria de direito ambiental assumindo um tribunal do porte do STJ.

“Ele é a pessoa certa no momento certo. Há tantos problemas ambientais chegando aos tribunais em vários países, inclusive no Brasil, e tantos deles chegando até cortes superiores como o STJ. Ter alguém como o ministro Herman Benjamin na liderança do tribunal é um privilégio”, afirmou.

Atual presidente da Comissão Mundial de Direito Ambiental, Christina Voigt conta que conheceu o ministro em um evento sobre meio ambiente e clima promovido pelas Nações Unidas na Alemanha. Ali percebeu que Herman Benjamin compartilhava a mesma paixão sobre o assunto.

“Posso dizer, com a mão no coração, que não conheço ninguém com a mesma paixão, dedicação, visão e perspicácia quando se trata de direito ambiental. Ele aborda todo o campo do direito ambiental, seja no tema oceano, ar, florestas ou em qualquer outro”, relatou a professora.

De presidente para presidente

Muito mais do que a proximidade pela sucessão no comando do STJ, a relação entre a atual presidente do tribunal, ministra Maria Thereza de Assis Moura, e o ministro Herman Benjamin transborda da corte para a vida. Chegaram a Brasília vindos de São Paulo – onde a ministra nasceu e os dois se desenvolveram na vida profissional – e tomaram posse no STJ com apenas um mês de diferença. No STJ e na comunidade jurídica, é fato conhecido que os dois se consideram melhores amigos.

Para Maria Thereza, a convivência com Herman Benjamin permitiu conhecer em um nível muito mais profundo o especialista em direito ambiental e do consumidor, dando a ela a oportunidade de extrair do jurista outras características, como sensibilidade, parceria e humanidade.

“Para muitos, o ministro Herman Benjamin, autoridade em direito ambiental e referência jurídica no país e fora dele; para mim, o meu amigo Herman, de humor refinado, dedicado às causas sociais, ao bem-estar de todos ao seu redor. Mesmo com todos os afazeres da vida jurídica e acadêmica, Herman é dedicadíssimo à família. Um excelente filho, irmão e tio para os seus sobrinhos”, comentou.

Segundo a ministra, a união dessas características é que traz a certeza de que a presidência do STJ estará em boas mãos nos próximos dois anos. “Além de ser sempre preocupado com o impacto das decisões na vida de quem delas precisa, o reconhecimento internacional dele possibilitará uma gestão sem precedentes na projeção do STJ mundo afora. Para mim, é uma honra transmitir o cargo ao ministro e meu amigo Herman e, a partir de agora, vê-lo conduzir o STJ a voos ainda mais altos”, celebrou.

STJ